Forte do Presépio - Belém - Pará
CONTEXTO HISTÓRICO
Os portugueses tinham como preocupação defender o território descoberto. Em 1615 derrotam e expulsam os franceses do Maranhão.
O objetivo passou a ser a colonização da Amazônia onde, ingleses e holandeses, sabedores do potencial da região amazônica, aproximaram-se de indígenas e negociaram para conhecer a riqueza da terra.
Portugal sentindo-se ameaçado nomeou Francisco Caldeira de Castelo Branco para comandar a expedição de exploração da área assediada pelos estrangeiros.
ORIGEM, LOCALIZAÇÃO E DENOMINAÇÕES
O Forte do Presépio tem origem na segunda década do século XVII, quando da colonização da Amazônia e da fundação de Belém.
Fundada em 1616, a cidade de Belém tem no Forte do Presépio, marco de sua fundação e a sua primeira construção.
Construído primeiramente de madeira e palha, era denominado Forte do Presépio, em alusão a 25 de dezembro de 1615, data de partida da Frota de Castelo Branco do Maranhão.
Localiza-se na ponta do Maúri, na confluência do Rio Guamá com a Baía de Guajará, à margem direita e junto à foz do rio Guamá, na cidade de Belém, no estado brasileiro do Pará. Debruçado sobre o rio, tinha o domínio sobre qualquer embarcação que utilizasse o acesso pela Baía de Guajará e que estivesse ao alcance de seus canhões.
O Forte do Presépio, ao longo da sua história, teve diversos nomes: Forte do Presépio de Belém, Forte do Senhor Santo Cristo, Forte do Castelo do Senhor Santo Cristo e Forte do Castelo. Atualmente é conhecido pelo nome original, escolhido pelos portugueses.
UTILIZAÇÕES E MODIFICAÇÕES ARQUITETÔNICAS
Em 12 de janeiro de 1616, na altura no encontro da Baía do Guajará com a embocadura do Igarapé do Piry da Juçara, Francisco Caldeira Castelo Branco com a ajuda dos índios tupinambás, iniciou a construção do Forte em madeira e com cerca de estacas apontadas e fincadas no chão (paliçada).
No seu interior foram construídos alojamentos para a guarnição e capela, consagrada a Nossa Senhora da Graça, cujas coberturas eram de palha.
O objetivo: conter eventuais agressões dos indígenas e ataques dos corsários ingleses e holandeses. Para tanto, a frágil fortificação foi armada com 12 peças de artilharia.
Em 1619, os índios tupinambás, revoltados com a escravização e violência sofrida pelos conquistadores, desencadearam violento ataque ao povoado. Devido a danificações sofridas, são realizadas obras de restauração.
Mas, os conflitos se estenderam até 1621, conflitos que exigiram outros reparos. Arruinado pelas condições climáticas e para prevenirem-se contra novos ataques, foi realizada a primeira reforma em 1632.
Dessa reforma surgiu nova fortificação em taipa de pilão, em forma quadrada, com um baluarte artilhado com quatro peças, e mais outras quatro peças como reforço, um torreão (torre larga, tipo um terraço) e alojamento para sessenta praças, sendo batizada como Forte Castelo do Senhor Santo Cristo, ou Forte do Santo Cristo.
O forte passou por várias obras em 1712, 1721, 1759 e 1773.
Em 1753, o Forte do Castelo funcionou pela primeira vez como hospital, para atender mais de trezentas pessoas acometidas de um surto epidêmico.
A partir de 1759, passa a funcionar como hospital militar, e a ser conhecido como Hospital do Castelo. Essa função não perdurou muito, pois o governo da província adquiriu o imóvel conhecido como Casa das Onze Janelas, para esse fim.
À época da Independência do Brasil, o forte foi reedificado, para ser desativado no Período Regencial pelo Aviso Ministerial de 24 de dezembro de 1832, que extinguiu os Comandos dos Fortes, Fortins e pontos fortificados, desarmando-os.
Em 1835 os cabanos iniciam a revolução (1835-1840) contra a dominação portuguesa. E essa desativação do Forte facilitou aos cabanos a tomada das instalações, transformando-o em quartel-general.
O Forte ficou quase em ruínas durante a troca de tiros com a esquadra imperial, comandada pelo almirante inglês John Taylor, contratado pela Regência para expulsar os cabanos de Belém e por fim à insurreição.
Em 1850 teve início grande reforma com duração de 18 anos. Após o término da grande reforma em 1868, o Forte contava com novos quartéis para a tropa, casa do comandante, ponte sobre o fosso, portão com muralha de pedras, pelo do lado do Rio Guamá.
Nessa época, o forte dispunha de 52 peças de canhões de diversos calibres. O parapeito envolvia a maior parte do forte, de onde os soldados se posicionavam para observação e combate.
Em 1876, foi desarmado, sendo instalado nele o Arsenal de Guerra, por determinação do Ministério da Guerra, permanecendo em atividade apenas durante um ano.
Em 1878, em virtude da quantidade de flagelados provenientes do nordeste, o forte os acolheu, voltando novamente a ser utilizado para fins hospitalares.
Em 1907, o governo federal autorizou a empresa privada Port of Pará a se instalar no Forte e fazer transformações que lhe fossem convenientes, desde que se comprometesse a devolver reformado e com as muralhas reconstruídas.
No contexto da Segunda Guerra Mundial, serviu de quartel para bateria de Artilharia e na década de 1950, as suas dependências abrigavam diversos serviços da 8ª Região Militar, sediada em Belém.
Em 1962, foi tombado pelo IPHAN, já bastante descaracterizado, transformando-se em atração turística na cidade.
Em 1980, após suas muradas terem sido parcialmente destruídas, a edificação passa por obras de emergência para garantir sua estabilidade.
Em 1983, a primeira Diretoria Regional do SPHAN/pro Memória, sediada em Belém, realiza obras de conservação e restauração de diversos monumentos do patrimônio, inclusive do Forte do Presépio. Sob a responsabilidade do Exército, passou por várias modificações para abrigar a sede social do Círculo Militar de Belém.
A partir de 1997, o Círculo Militar deixou as instalações do forte e se inicia intervenção arquitetônica, transformando-o em espaço cultural com museu. As instalações passaram a ter utilização para apresentação de espetáculos musicais, teatrais, exposições temporárias e atividades sociais.
Em 2002, através do Comando da 8ª. Região Militar, o Governo do Estado do Pará e o Ministério do Exército formalizaram o contrato de alienação das áreas do Forte e do Palacete das Onze Janelas. Então, ficou sob a responsabilidade da Secretaria da Cultura a transformação de ambas as áreas em futuros espaços culturais.
O FORTE DO PRESÉPIO NO PRESENTE (2017)
O Forte do Presépio reata o elo do paraense com sua origem e evidencia, torna visível a cidade de Belém através da memória, dos registros históricos contidos nos circuitos expositivos: o circuito externo, “Sítio Histórico da Fundação de Belém”; e o circuito interno, “Museu do Encontro”
Através desses circuitos expositivos acompanha-se os processos culturais, sociais e militares nos quais o forte e sua área de entorno estão imersos.
O “Sítio Histórico da Fundação de Belém” é composto pela própria edificação, com seus vestígios desvendados em prospecções, e os materiais da artilharia militar do Forte nos diversos períodos da fortaleza.
Além desse sítio histórico, o circuito externo oferece o mirante, próximo à Baía do Guajará, local de contemplação para a população e para os turistas.
O “Museu do Encontro” instalado na na sala Guaimiaba, nome em homenagem ao índio tupinambá Cabelo-de-velha, líder da revolta dos Tupinambás e morto em combate.
O museu apresenta núcleos temáticos sobre: processo de colonização portuguesa na Amazônia; arqueologia amazônica e urbana; e fundação da cidade, bem como o Forte, como núcleo fundador da cidade.
O acervo do “Museu do Encontro” inclui: artefatos de pedras e cerâmicos pré-históricos; e cultura material proveniente das escavações no próprio sítio histórico e seu entorno: fragmentos de cerâmica e porcelana; balas; moedas; etc.; bem como artefatos e representação visual de símbolos e imagens de grupos indígenas, inclusive contemporâneos.
Em toda a área do museu há portais, onde estão afixadas informações, muitas delas sobre a história da fundação de Belém e da colonização da Amazônia.
FONTES
a-arteindigena.tumblr.com;
funceb.org.br;
portalamazonia.com.br;
portaliphan.gov.br;
pt.wikippedia.org.br; e
secult.pa.gov.br.