Preconceito contra o Nordeste
Sou nordestino, com muito orgulho, e tenho de repudiar a forma da campanha de combate à Cracolândia de São Paulo, segundo consta na revista Veja desta semana. “Compre uma pedra de crack e ganhe uma viagem para o Nordeste.” E o time publicitário criou o slogan “Pedra no cachimbo, você no ônibus para o Nordeste”. E ainda para piorar, alguém indaga sobre por que as passagens seriam para o Nordeste, obtendo a mais grosseira resposta de um assessor do prefeito: “Mas tem morador de rua e craqueiro de outro lugar?”.
Em São Paulo há gente de todas as regiões do país e de outras nacionalidades. Ali é o “Brasil do mundo inteiro”, conforme já tive oportunidade de escrever sobre o tema. Atribuir exclusivamente ao nordestino, não só seria um preconceito, mas também uma pesquisa de quinta categoria do serviço social.
Felizmente, tenho ido a São Paulo, na condição de turista. Não precisei tomar um pau de arara em busca da sobrevivência, que conquistei aqui no meu querido Nordeste. Mas, há de reconhecer que muitos nordestinos ajudaram a construir essa grande metrópole brasileira. Só enxergam os que fracassaram?
Vejam a lista dos nordestinos bem sucedidos não só na capital da garoa, mas em muitas cidades do interior. Hão de constatar que, em cada canto, um bravo nordestino deixou ali a sua marca.
Hoje, tenho o privilégio de dizer que já pisei o solo de todos os estados brasileiros, mais precisamente nas 27 capitais. Curiosamente, em cada lugar por onde passei lá encontrei um nordestino. Em hotéis, restaurantes, táxi, fábricas, indústrias e outros segmentos do progresso econômico, lá está esse “homem forte”, no dizer de Euclides da Cunha.
E se ainda acham pouco, temos nordestinos bem sucedidos em outros países, a exemplo dos Estados Unidos, França, Alemanha, Inglaterra, Japão e noutros continentes. Portanto, que fique bem claro que não é a cracolândia o território dos nordestinos.