Inspiração livre de regras
Escrever uma poesia é poder usufruir a livre manifestação do pensamento. É exercitar a capacidade individual de expor idéias. É criar. E toda criação literária tem como princípio a liberdade de exprimir em versos a inspiração. E inspiração não é um produto que obedece a regras externas. Inspiração é uma fonte única e intransferível que cada pessoa tem dentro de si. Portanto, toda e qualquer tentativa de mordaça ou regramento da criação – sobretudo a poética – deve ser rechaçada sem nenhum constrangimento, piedade ou complexo de culpa.
O estabelecimento de regras para elaboração de poemas, poesias e todos os demais tipos de textos enriquece, em muito, a arte da escrita. Conhecer essas regras e ter livre trânsito por elas dá a oportunidade para que cada autor tenha opções para escolher o estilo que pretende impor à sua obra. O interessante é que, sobre as regras, o autor pode acrescentar ou simplesmente afrontá-las, sem que, com isso, ele sofra qualquer tipo censura. Elas podem até vir, mas serão opiniões externas que pouco ou nada contribuem no processo de criação.
Há quem entenda como uma afronta o ensino e imposição de regras na produção literária, visto que a inspiração é individual e só quem a possui pode estabelecer as regras que deseja aplicar em sua criação. Contudo, é importante conhecer regras para, a partir daí, sair à busca de algo novo ou de uma forma que atenda aos impulsos criativos e inovadores que há dentro de cada pessoa. Poesia é como um garimpo: quando menos se espera e dos lugares mais improváveis, eis que surge uma pedra preciosa a dar brilho aos olhos e à alma, livre das amarras do espaço/tempo.
Carlos Alberto Fiore. Publicado em 2007, no Jornal do CPP – Centro do Professorado Paulista – Regional de Limeira SP.