Sejamos Colibris
Infelizmente o advento das redes sociais, que tanto facilitou o contato entre as pessoas, teve um terrível efeito colateral. A exacerbação do tribalismo. As pessoas estão se fechando, cada vez mais, em grupos que ecoam suas ideias e se isolando daqueles que tenham posições discordantes. Como diria Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”. O tribalismo das redes sociais tem levado a um incremento mundial da burrice, em contraste com o esperado aumento da disseminação do conhecimento que a internet permitiu. O ódio atual entre defensores e detratores do PT é mero reflexo disto.
Sempre houve quem tirasse proveito da disseminação do ódio, a diferença é que isto ganhou uma velocidade inédita. E muitos adeptos. Caberá aos poucos, que não se deixaram afetar pelo tribalismo, a disseminação da tolerância. Será uma tarefa difícil. Nosso instinto reage mais rapidamente ao ódio do que à tolerância, ao medo do que à esperança. Porém, em outra contradição humana, todos admiramos pessoas como Gandhi e Mandela.
Perdemos o Betinho, que tanta falta nos faz neste momento. Não vejo nenhum outro grande orador pacifista em nosso horizonte. Infelizmente. Caberá então àqueles, que ainda acreditarem na possibilidade da convivência pacífica, lembrarem de suas palavras. Ele contava a fábula de um incêndio na floresta, da qual todos fugiam, menos um colibri. Aquela pequena ave tentava apagar o fogo, sozinha, levando uma gota de cada vez em seu bico. E, quando questionada sobre a tolice de sua atitude, ela apenas alegou estar cumprindo sua parte. Na fábula do Betinho o exemplo do colibri fez os outros animais se unirem e apagarem o incêndio. Sejamos colibris. Quem sabe...