A América Latina e a Civilização Ocidental
Nascer no continente latino americano pode até ser -verificando-se os grandes feitos artísticos, intelectuais e científicos praticados por nativos deste problemático recanto do planeta- uma indicação do caminho para o sucesso ou mesmo à genialidade, destacando homens e mulheres, que relutaram em ficar na obscuridade, e tornaram-se atores importantes no mundo das luzes, do saber. Ou seja, pessoas que poderiam ser iguais em resignação ou em partícipes de uma luta inglória, incorporaram personalidades competentes e atuantes e conseguiram deixar suas marcas brilhantes na história humana; e evidentemente, terem suas obras e suas vidas estudadas e admiradas pelas gerações subsequentes. Assim aconteceu com Antônio Francisco Lisboa- Aleijadinho- e o nosso mestre de Apipucos, Gilberto Freyre, que com suas obras magníficas, levaram as situações, pertinentes a essa realidade brutal e ao mesmo tempo tão comprometida com a estética e rica em diversidade, para o universo acadêmico ,e para as altas rodas de debates sobre a condição humana com suas misérias e riquezas . E houve outras personalidades que contribuíram nas diversas áreas do conhecimento, e formaram a consciência da cultura e das descobertas ,a fim de encontrar soluções para os males que afligem as civilizações de todos os continentes.
Porém, é esta América Latina ,que no plano da realidade política-sócio-econômica-cultural, enfrenta aberrações gigantescas, e que sofre agressões desde a sua descobertas a até os dias atuais, e que sempre clama por socorro, por ajudas, mesmo, quixotescas, e assim, as vezes apresenta-se com ares patéticos, para alcançar o humanismo e a civilidade. No passado recente, predominavam ,os regimes autoritários e violentos, e que possuíam como características de práticas moralizadoras, a tortura e o assassinato; e nesse clima sombrio , uma forte turbulência apavorou esse povo tão acostumado a conviver com os intempéries de uma vida marcada pela desigualdade e injustiças. E foi nesse cenário político perturbador e inquietante que prevaleceu por um bom tempo a instabilidade política neste sofrido continente, e que causou sequelas nas gerações, passadas e presentes.
E no entanto, toda essa tragédia ideológica não foi capaz de alijar o sonho de liberdade do povo latino americano, e que reagiu, lutou para mudar aquela triste realidade, e aos poucos, a democracia foi aparecendo por este lado escondido do mundo; discreta, frágil e assustada, como convém a iniciação ou a re-iniciação desse admirado e combatido regime político: admirado por aqueles que encontram na liberdade e nas ações coletivas, uma forma para se lutar por uma sociedade igualitária , humana e justa; e combatido, por aqueles que por ignorância ou por egoísmo querem manter os seus infames privilégios. E no entanto, se sabe que a democracia é um processo evolutivo permanente, e sendo assim, precisa de tempo para atingir um nível razoável de eficiência, política e administrativa, e obviamente ,apresentar os seus efeitos positivos. Mas, infelizmente, a democracia, em muitas ocasiões, principalmente, no momento atual, é violentada pela perversão e pelo crime.E as ideologias que tantos problemas causaram a esse povo, insistem em ressurgirem. Os aproveitadores e oportunistas se utilizam da democracia para por em prática seus abomináveis fins. E, então, a América Latina parece esta tão distante da civilidade e de um conceito respeitável de humanismo; e é provavelmente por esse estado de coisa, que o historiador norteamericano Samuel P. Huntington, com sua proposta sociológica(Choque de civilizações) para dividir o mundo em civilizações, e que o mundo ocidental seria a Europa , Estados Unidos e Canadá. Portanto , a América Latina, em termo civilizatório, não saberia a que mundo pertencer. No entanto, não nos entreguemos â degradação humana e nem abramos mão da nossa história, das nossas lutas e das nossas conquistas. América Latina! Viva sempre!