A CHATICE DO MOMENTO

Mesmo quando um filme é bom, se for longo demais acaba ficando chato. Hoje quando exibidos na TV, não parece porque geralmente muitas partes são cortadas. Só quem assistiu no cinema, é capaz de perceber esse detalhe.

Para o meu gosto de filme bom e chato por ser longo, cito três exemplos. “... E o Vento Levou”, “2001 - Uma Odisseia no Espaço” e “Os Dez Mandamentos”. Deste último, estou falando do original de 1957, com três horas e quarenta minutos de duração.

Se as peripécias de Scarlett O’Hara, o monólito negro interferindo na civilização humana desde sua Pré-história e o maná caindo do céu acabaram chatos pelo tempo de duração, o que dizer se fosse para assistir o vídeo com o depoimento do ex-presidente Lula, que durou mais de cinco horas na íntegra.

Tem uma particularidade que deixam esses vídeos ainda mais chatos. O quanto a mídia se dedica a martelar sobre eles. A mídia tem um papel perigoso na fabricação de “heróis e bandidos”. Sem esquecer que muitas vezes, a plateia opta torcer pelo bandido.

À exceção das cinco horas com Lula que se tratou de um depoimento, os outros vídeos dos chamados “delatores”, traz para o presente o capítulo da nossa História conhecido por Conjuração Mineira. E não custa fazer uma pergunta que nada tem de premonitória. Não fossem os delatores, Tiradentes seria um herói nacional?

Não interessa aos brasileiros, saber que a ex-presidente Dilma criou um e-mail falso com o nome de Iolanda porque era esse o nome da esposa de Costa e Silva, um general presidente durante a ditadura. Interessa saber o que acontecerá com a “Iolanda” falsa.

É hora de acabar com a chatice das delações e dar um passo adiante. Teremos prisões? Teremos penas duras aplicadas? Todos serão julgados com igualdade? Quanto tempo se passará até que os julgamentos aconteçam?

Na sua coluna desta segunda-feira na Folha de São Paulo, Mônica Bergamo trouxe uma informação importante. Mesmo que Lula seja condenado na segunda instância, o STF poderá evitar que o ex-presidente seja preso de imediato. Esse poderá significa “vai”.

Muitos afirmam que a Operação Lava Jato trouxe o Brasil para um de seus momentos históricos. Discordo totalmente. O momento é de vergonha nacional. E os bons manipulares sabem se aproveitar dessa vergonha construindo carreiras de heróis.

Ontem, delatores e delatados dividiam o dinheiro roubado. Hoje, os delatores são mentirosos, e os delatados continuam exibindo uma honestidade exemplar. Histórico e trágico será ver legiões de candidatos delatados eleitos em 2018. E não duvidem que a “Iolanda”, e seu “criador” estarão entre eles.