Coragem e Recompensa: O que há na outra ponta do medo?
Em nossas vidas, o tempo todo nos deparamos com situações onde precisamos agir e escolher um dentre diversos caminhos, os quais certamente nos levam a resultados diferentes. Com certeza, você, assim como eu, pensa muito nas consequências e ganhos de cada um desses caminhos, isso é absolutamente comum. O que não pode ser tratado como comum é a tortura emocional que essas escolhas podem nos causar. Não falo da escolha em si, mas sim daquele momento em que nos imaginamos em frente a um poste, com duas ou mais placas de direção e não temos certeza sobre qual seguir. Os pequenos momentos de decisão que moldam o nosso futuro.
O Medo
Recentemente pude assistir um vídeo no Facebook, onde o ator Will Smith contava sua experiência sobre um salto de paraquedas que realizara. Ele narra como foram as horas que antecederam o salto, sobre todo o medo que sentiu, imaginando como seria cair de 4200 metros. Após toda a angustia ele explica como pôde viver "a experiência mais incrível de sua vida" e completa dizendo o quanto o medo antecede nossas melhores experiências. Também que "do outro lado do seu maior pavor estão as melhores coisas da vida". É comum sentirmos esse medo; A ideia da mudança, do novo, nos assusta demais e isso se deve às raízes que firmamos em nossas situações atuais. Raízes, chamadas por alguns de zona de conforto. Era confortável para o Will ficar em terra então por que subir tão alto e se jogar? Para sentir "a experiência mais incrível de sua vida". Ele se viu na frente daquelas placas, sabia o que poderia ganhar ou perder ao escolher A ou B, por isso teve medo, mas também teve coragem de arriscar e graças a essa coragem não se conteve em euforia ao contar o quanto a experiência foi boa.
Aos incansáveis buscadores da perfeição eu digo: Vocês vão errar! Independentemente do caminho que escolherem, terão acertos e erros. Isso é mais do que comum, é natural! É natural também acreditar que um dos caminhos é o certo e o outro é errado, mas o problema disso é que não existem tais conceitos: Toda escolha lhe trará algum benefício e também lhe trará perdas. O que precisamos tomar como base para tais escolhas é o equilíbrio sobre o bom e o ruim, e transformar esse equilíbrio em qualidade de vida. Explico com uma história pessoal:
Em 2014 eu estava no final da faculdade, já estagiando numa boa empresa em Sorocaba, interior de São Paulo, quando recebi uma ligação de uma outra companhia, essa multinacional, que me daria a oportunidade de, entre outros benefícios, trabalhar no exterior e agregar experiência de vida. Me vi naquela situação de novo, escolher uma opção, ter de agir, tomar uma atitude. Senti medo de fazer a escolha errada, porém, resolvi agradecer a proposta e continuar onde eu estava. Pelos dois anos seguintes, toda vez que uma experiência ruim acontecia comigo dentro da empresa em que escolhi trabalhar eu me perguntava como seria se eu tivesse optado por mudar. Porém, tudo de excelente que aconteceu comigo por eu ter feito aquela escolha talvez não acontecesse se eu tivesse saído. Ou seja, deixei de enfrentar algumas dificuldades no outro emprego, mas enfrentei outras onde permaneci. Também colhi muitos frutos que não colheria se tivesse escolhido partir, assim como não colhi outros que colheria por lá. Nem só se perde e nem só se ganha, é sempre um misto dos dois.
Pergunte-se
A forma mais prática de crescer em sua vida, independente da área, é indagar-se. Realizar as perguntas necessárias a si mesmo e respondê-las com sinceridade. Mas atenção, não basta perguntar, tem que fazê-lo com qualidade e fazer com qualidade é forçar-se a refletir. Uma pessoa que vive reclamando de seu trabalho, por exemplo, certamente não se questiona sobre sua felicidade profissional. Outro exemplo são pessoas que reclamam do próprio corpo e a forma que ele possui. Essas pessoas questionam-se sobre seus métodos para mudar essa situação? Com toda certeza, a resposta é não!
Os anos subsequentes ao momento que aprendemos a falar são os que mais adquirimos conhecimento, não coincidentemente é o período em que aprendemos a perguntar o porquê das coisas. Perguntar "por que" é uma das mais poderosas ferramentas para engatilhar o conhecimento. É uma confissão, interna ou externa de que não dominamos certo assunto. Se não dominamos podemos seguir dois caminhos: Perguntar "por que" ou continuar ignorante – mais uma vez é uma questão de escolha. Muitas pessoas preferem continuar ignorantes em determinados assuntos a enfrentar a verdade. Elas encontram-se em seu direito, mas sofrerão as consequências por isso e quando o fizerem, se questionarão o porquê daquela consequência. Tal pergunta ficará sem resposta novamente, gerando outra consequência e uma reação em cadeia até que se torne insuportável a ponto de gerar uma resposta convincente e poderosa. Essa resposta fará a pessoa tomar uma atitude e mudar de vida. É inevitável. Se é inevitável, então por que não responder suas perguntas ainda hoje e evitar uma série de sofrimentos colaterais? (Essa é uma dessas perguntas poderosas. Você pode respondê-la?).
Seja um Camaleão
Boas ou ruins, todas as coisas expiram. Nenhuma dor dura pra sempre; Nenhuma glória é eterna. Saiba adaptar-se e sempre extrair o maior bem das coisas mais duras da vida. Saiba olhar pela janela num dia chuvoso e agradecer por o sol não estar queimando sua pele. Saiba também olhar pela mesma janela, num dia de sol e agradecer pela luz que lhe é trazida. Não precisa de tanto esforço para escolher o viés onde as coisas são boas, basta fazer essa escolha.
Mais importante do que desejar com todas as forças uma vida onde tudo seja sempre maravilhoso é saber lidar quando isso não acontecer. O filósofo francês Jean Paul Sartre disse em certa ocasião que "não importa o que a vida fez com você… importa o que você fez com o que a vida fez com você". Ele falava sobre resiliência, ou seja, a capacidade de voltar a forma original ou adaptar-se após sofrer alguma influência ruim. Tanto o profissional, quanto o pai de família ou o estudante precisam ter resiliência. Se agarrar a um objetivo maior e não deixar que os problemas do dia-a-dia o atrapalhem em concluí-lo. É a capacidade de manter-se firme que separará o joio do trigo social.
Outro filósofo, esse brasileiro, chamado Clóvis de Barros filho diz que: "A felicidade é um instante de vida que gostaríamos que durasse um pouco mais". Aproveite ao máximo os momentos que gostaria que durassem um pouco mais. Viva-os intensamente. Quando eles estiverem escassos, questione-se o porquê disso e faça-os voltar a sua realidade. Lembre-se: Tenha coragem de mudar após as respostas às perguntas virem à tona. O medo surgirá, mas na outra ponta do medo estarão as coisas mais incríveis de sua vida.