Kardec e a fantástica entrevista.
Caro leitor, você já percebeu que muitos desencontros ocorrem porque houve falha na comunicação?
Frases ditas com rapidez, palavras mal colocadas, receitas que parecem labirinto e textos recheados de charadas, resultam em uma comunicação deficiente, e que pode ocasionar prejuízos enormes, não raro, gerando confusões, e até mesmo colocando vidas em perigo.
Certa vez, presenciei dolorosa situação:
Um farmacêutico entendeu equivocadamente o receituário médico, acabou por vender o remédio errado, o resultado foi dramático: o óbito da criança!
Exemplo de falha na comunicação que redundou em prejuízo incalculável.
Lembro-me também de escritor, dono de vigoroso vocabulário, em seus artigos fazia questão de utilizar palavras complicadas e fora de moda. Ninguém o compreendia, mas ele deleitava-se com sua vasta cultura. Apelidaram-no de charada deslocada. Charada porque ninguém entendia nada do que ele dizia ou escrevia, e deslocada porque como ninguém decifrava sua linguagem, ele estava sempre deslocado de tudo e todos, alheio aos acontecimentos, perdido em seu universo paralelo.
Não obstante a cultura, faltava-lhe a arte da comunicação eficaz. E comunicação eficaz requer simplicidade para que a mensagem chegue sem ruídos, clara e cristalina até seu destino.
E quando falamos em comunicação eficaz, impossível não citar a notável figura de Allan Kardec.
Homem de vasto conhecimento, professor com inúmeros livros publicados antes mesmo da codificação espírita, colocava sua cultura e seus dotes de sabedoria em prol do “bem transmitir as idéias”.
E por ter a característica de exímio comunicador foi designado pela espiritualidade que dirige os destinos de nosso planeta para ser o organizador daquela que seria uma das mais extraordinárias entrevistas da história humana. E através de sua habilidade jornalística veio à lume “O Livro dos Espíritos”, uma fantástica entrevista com o além, devastando o continente espiritual, mostrando em linguagem acessível, quem são, onde estão e o que fazem os Espíritos.
E mais importante: Kardec foi um repórter ético e comprometido com a verdade, porquanto publicava somente a realidade dos fatos, tomando o devido cuidado de checar a autenticidade das notícias.
Muitos jornalistas, e também não jornalistas, mas pessoas comprometidas com a divulgação de informações, poderiam se espelhar na responsabilidade de Kardec. Há circulando pelo mundo afora notícias sem fundamento, que nada edificam, e pior, espalham mentira, confundido pessoas e conturbando ambientes.
São notícias sensacionalistas com o único intuito de atender objetivos comerciais, e quando isso ocorre, quando o objetivo comercial é colocado à frente da ética e da verdade, vemos uma proliferação de confusões, onde a realidade perde espaço para a fantasia. Devemos, pois, nos atentar para o que falamos, para as informações que passamos adiante, precisamos assumir a responsabilidade perante a própria consciência de expandir somente notícias e informações que irão agregar valor, edificar, construir...
Grande legado de Kardec, a comunicação eficaz, simples e comprometida com a verdade. Acessível e inteligível.
Portanto, ai está um dos segredos da expansão do Espiritismo: a boa comunicação de Kardec, seu comprometimento com a verdade e sua responsabilidade em divulgar somente a realidade das coisas com simplicidade magnífica.
Quem se apodera das obras da codificação da doutrina espírita encontra uma linguagem rica, vasta, singular, e sobretudo objetiva.
O codificador conseguia unir uma comunicação inteligente e elegante com a simplicidade necessária para atender a todos os gostos e culturas. Espíritos lúcidos falam muito com poucas e simples palavras, atingem o coração, sem deixar de oferecer subsídio ao cérebro.
E ter uma boa comunicação é o que todos devemos buscar, afinal, nessa interação, nessa constante troca que empreendemos com o mundo e o semelhante, imperioso entender e se fazer entendido, assim como Kardec fazia. Portanto, para uma comunicação eficaz é fundamental tomar ciência de que as pessoas são diferentes umas das outras, e, portanto, não pensam como nós. Pode ser que digamos A e o outro entenda B, por isso, importante:
· Falar pausadamente e repetir quantas vezes for necessário para que aja a compreensão da mensagem.
· Primar pela simplicidade ao escrever, enxugando gorduras que podem causar mal entendido.
· Cultivar o hábito de ler colabora para a transmissão das idéias com maior clareza.
· Cuidar para não perder o foco do assunto, tornando a idéia difícil de ser entendida.
· Prestar total atenção no interlocutor.
A boa comunicação é imprescindível em todas as circunstâncias, por isso vale a pena investir nessa arte, a fim de melhor nos relacionarmos com o mundo, a vida, as pessoas e nós mesmos.
Pensemos nisso.