ALTERIDADE

“É preciso entender que divergências devem ser encaradas como uma boa forma de avaliar situações corriqueiras. Elas suscitam pensamentos que podem conduzir a soluções ainda não pensadas.”

Em uma “relação de sociabilidade” existe uma enorme diferença entre “os indivíduos”. Juntos, eles formam o “conjunto de indivíduos” e “cada indivíduo”. “O conjunto de indivíduos” e “cada indivíduo” dependem do “outro”, para que assim se possa formar “um ao outro”. Para se constituir uma individualidade, é necessário um coletivo, já que “eu” existo apenas a partir da visão do “outro.” Isso permite compreender o mundo a partir de um olhar “crítico” e não mais apenas de um olhar “comum”. Um olhar “crítico” é o ponto inicial da compreensão de que a existência depende de “um e do outro”, partindo, portanto, do conceito do diferente quanto a mim mesmo. Alteridade é um estado, é a qualidade daquilo que é outro, é antônimo de identidade, não é único. A dinâmica nas relações sociais promove a efetivação da vida em sociedade. Como existe uma relação entre o elemento pensante (eu) e o elemento pensado (o não eu), logo, alteridade significa olhar nossos semelhantes a partir de nós mesmos, enxergando as diferenças, que é na verdade a essência humana da evolução (o que não ocorre na Natureza), provocando assim a interdependência. A diferença é o combustível das tensões e conflitos sociais, gerando com isso a certeza de que ela é a base da vida social. Imagine se tudo fosse igual. Imagine se fôssemos iguais, se vivêssemos todos os dias da mesma forma.

Com o passar do tempo e aos poucos, passamos a nos olhar e a nos notar. E passamos a perceber que muitas atitudes e gestos, muitas reações e posturas nada têm em comum com nossos semelhantes. Passamos, então, a ser críticos de nós mesmos. Pelo menos é assim que deveríamos agir, pois passamos a perceber que é necessário enfrentar mudanças, já que não somos os únicos e muito menos o modelo definitivo ou correto. Aliás, o que é definitivo e correto? Resposta difícil. Afinal, não há até hoje uma resposta definitiva! Interdependência é fator gerador de compreensão da alteridade, haja vista que é necessária a relação entre o “eu e o coletivo”. Não há de se falar em único, não há de se falar em unidade apenas. Sei que aquele que iniciou este texto já não é mais o mesmo, até porque estamos nos relacionando por meio dele, estamos mantendo contato por meio dele. E você, caro (a) leitor (a), também já deixou de ser o (a) mesmo (a). Pode até ser que você venha a não compreender isso de imediato, porque é um tanto complexo. Mas essa é a virtude das diferenças. Essa é a vantagem de sermos diferentes. Já não sou mais o mesmo de algumas linhas atrás e já não serei mais o mesmo no final desta obra. Sei que você também já não é mais o (a) mesmo (a), e isso é muito bom. O ideal é viver intensamente as diferenças com um olhar “diferente”, com coragem de manter contato todos os dias de nossas curtas vidas. Assim, vamos nos modificar. E, a cada pequena modificação que promovermos em nós mesmos, estaremos aos poucos promovendo as modificações que nossa sociedade tão exclusivista necessita. Quero deixar registrado que não quero tratar da alteridade no campo do Direito. Até porque a alteridade para os diversos ramos do Direito tem definições bem distintas. Por ainda ser um estudante, não tenho autoridade para tratar da alteridade no campo do Direito. Mas espero poder estar compartilhando com vocês um pouco dos meus pensamentos sobre a alteridade, pois, como já disse, ousei escrever um pouco sobre o tema, já que tem ele sido muito importante para a “descoberta de mim mesmo”. Tenho a absoluta certeza de que o tema também irá contribuir para o crescimento pessoal de cada um de vocês, uma vez que a alteridade vem ao encontro dos anseios relacionados ao autoconhecimento e a integração social que é tão importante em nossas vidas.

Peço, então, que pensem na alteridade como uma forma de “filosofar a própria vida”, já que ela é uma das formas de integração e conhecimento de si mesmo.

Somos seres humanos e, por sermos humanos, temos o privilégio de poder conhecer e desenvolver o princípio básico da alteridade. Porque sociabilizar é o princípio, e crescer aprendendo com nossas diferenças é o objetivo maior.

Geraldo Cossalter
Enviado por Geraldo Cossalter em 06/05/2017
Código do texto: T5991153
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.