Belchior! EU SOU COMO VOCÊ!
Hoje o rapaz latino americano saiu para tomar um refrigerante e comer um cachorro-quente na viagem sem volta do seu coração valente, que teve pressa de viver; e que sempre pediu para a vida nunca lhe violentar...
Ele pediu a ajuda de Deus, falou da vida, mas não pisou devagar; e seu coração, valente e frágil, como um vidro ou um beijo de novela, sucumbiu a solidão, aos sons do universo e a pressa de viver, exatamente o que bem viveu tão bem...
-Agora eu fico aqui, melancólico, olhando para sua fotografia 3X4, ouvindo suas músicas; e sem compreender essa minha solidão e o meu jeito de deixar de lado a certeza de que um dia voltaremos a nos encontrar...
A vida é assim mesmo! Arriscamos tudo de novo com paixão. Andamos caminho errado pela simples alegria de poder ser e existir, sem a pompa de parecer ser; e também sem querer correr mais perigo do que habitualmente já corremos...
70 é estar velho? É, quando somos estéreis de pensamentos revolucionários, infecundos de atos que causem sorrisos e boas lembranças; e assim sendo, morreu jovem nesse caminho da vida cheio de curvas, talvez, como ele próprio profetizou; apunhalado pelas traições de muitos amores...
Engraçado é imaginar que ontem Belchior teve que se apresentar a alguém, que o examinou seus documentos; e depois sorrindo, o mandou para o salão onde estavam tantas pessoas, talvez lendo Pessoa; e para encerrar ele dizendo: - Mesmo vivendo assim, não me esqueci de amar...!
Vai com Deus Belchior...
A minha história é talvez igualzinha a tua; desnorteado, desapontado, apaixonado e violento...
Eu sou como você!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires