PROFISSIONALISMO

Já discorremos sobre os profissionais da palavra, falando sobre aqueles que usam conhecimentos adquiridos para discursos inflamados, com o fim de convencer os seus ouvintes, ainda que nem sempre estejam certos no que falam, e até falem presumidamente e hipocritamente, criando argumentos cheios de palavras pretensiosas. E vamos agora falar sobre profissionalismo.

Bem, o conceito de profissionalismo chegou as raias do absurdo. Pois, profissional significa aquele que é entendido ou habilidoso em certo ofício que tem como profissão. Assim, existe o profissional de vendas, o profissional de comunicações, o profissional médico, etc. Entretanto, fala-se hoje na prostituta profissional, ou na profissional do sexo, falando-se daquela que se vende, vende o seu corpo para satisfazer os amantes de prazeres, oficializando-se, assim, a prostituição.

É de impressionar que, nada obstante as autoridades dizerem combater essa prática, pois que a lei diz ser contravenção, ou transgressão, ainda assim, não são poucos que se valem desse expediente para satisfazer as suas fantasias, até mesmo autoridades. E a prova de que isso ocorre em larga escala está no fato de que tanto mulheres como varões também se valem disso como meio de angariar renda. Também se fala do assassino profissional e do pistoleiro profissional. Com a diferença que, o primeiro, mata de qualquer maneira, seja com faca, armas de fogo, estrangulamento, etc., enquanto que o segundo vale-se de armas de fogo para a prática dessa forma de crime. Eles são chamados de profissionais, devido matarem aqueles que lhes são indicados, mediante o pagamento de certa importância ajustada previamente.

E existe os profissionais bisbilhoteiros, ou espiões, alguns usados pelos governos para descobrir segredos de outros países e nações, tanto na esfera política e militar, como no estratégico, industrial, etc. Alguns vivem a bisbilhotar a privacidade dos outros, grampeando telefones, fazendo escuta com aparelhos através de paredes, e usando também outros meios, como satélites e binóculos. Uns para usarem como instrumento de laços para os seus semelhantes, outros por mesquinhos sentimentos. E todos se valem também de artifícios os mais diversos, vasculhando até o lixo dos seus semelhantes, a fim de buscarem aquilo que possa satisfazer os seus perversos desígnios.

E que dizer dos profissionais da caneta, assassinos altamente profissionais que surrupiam aquilo que se destinava a mitigar a fome e o sofrimento dos menos favorecidos. É o caso de políticos e governos que desviam verbas das finalidades como saúde e merenda escolar, e se locupletam com essas verbas, emitindo documentos falsos para comprovar os gastos ilícitos que fazem.

O crime organizado também tem sido de tal modo profissionalizado, que hoje é tido como um negócio, devido a sua especialização e forma operacional. Assim, os meliantes são chamados de profissionais do crime organizado, seja tráfico de drogas, seja roubo de cargas, seja assaltos, seqüestros, enfim.

No ano que passou o mundo lamentou o afundamento de um submarino soviético, com o qual também submergiram mais de cem oficiais da marinha daquele país. O mundo lamentou porque não se deu conta de que aqueles homens eram profissionais da morte, altamente especializados em armas atômicas de alto poder de destruição. E estavam se exercitando na profissão que escolheram, de assassinos. Apenas uma bomba das que carregavam seria capaz de destruir completamente uma cidade com milhares de pessoas. Eles eram soldados de elite, como dizem. O que significa dizer que eram especialistas na arte de matar com técnicas cientificas que usa a bomba atômica como método para o extermínio de seres humanos. O que eles faziam na escuridão do fundo do mar? Estavam como ratos que fazem das fossas e esgotos os seus esconderijos e caminhos, e estavam buscando armar ciladas para os cidadãos de países com os quais tinham diferenças políticas e/ou com os quais mantinham rivalidade. Antes eles do que nós. Dos males o menor. Melhor a morte de uma centena que a morte de milhares. Eles eram profissionais bem remunerados por seu governo para praticarem genocídio. Já foram tarde.

O mundo que os lamentou está como eles, jaze no maligno. Está cego, e não se deu conta do risco que eles ofereciam para nós, os que vivemos neste lado do globo. A ocorrência teve um resultado prático de frear a corrida assassina do governo daquele país. Eles já não oferecem risco nem mais metem medo. Ainda que as bombas que com eles submergiram ameacem contaminar de alguma forma o meio ambiente, melhor assim. Lá onde estão, sepultadas a uma centena de metros de profundidade, estão fora das mãos dos profissionais, que tem ainda outras à mão para ameaçarem o mundo que os lamentou.