Números impressionantes
Por Rodrigo Capella*
Ao contrário do que se comenta em muitos eventos literários, o mercado editorial brasileiro vem crescendo ano a ano, com um faturamento de, por exemplo, 10 % maior em 2006 do que no ano anterior, segundo dados divulgados pela Câmara Brasileira do Livro e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros. Esse número é impulsionado principalmente pelas fusões e aquisições, além dos lançamentos de novas unidades de negócios dentro das editoras. A Ediouro comprou a Nova Fronteira e está prestes a fazer o mesmo com os selos da Siciliano – leia-se Caramelo, Futura e Arx. Já a Objetiva lançou o selo Alfaguara e prepara a apresentação de mais dois selos: um especializado em auto-ajuda e um de bolso.
O crescimento desse setor é resultado também de uma certa profissionalização, de um aumento da concorrência e de muito investimento financeiro, é claro. A Planeta conseguiu tirar autores consagrados de outras editoras e reforçou seu time, que conta com nomes do porte de Paulo Coelho. A Rocco vendeu 2,5 milhões de exemplares da série Harry Portter e promete uma tiragem de 400 mil exemplares para o sétimo e, teoricamente, último livro do bruxo.
Um outro dado interessante: em 2006 o mercado editorial vendeu quase 5% a mais de livros em comparação com o ano anterior. Mas, ainda é pouco. As três maiores ediotoras – Record, Ediouro e Companhia das Letras – publicam menos de 1.500 livros ao ano. E há editoras que lançam apenas seis, completando o seu catálogo anual com reedições. Nesse espaço, embora grandioso, sobram números impressionantes e faltam, cada vez mais, novos leitores.
(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Autor de vários livros, entre eles “Poesia não vende”. Informações: www.rodrigocapella.com.br