Não Porque Sim
Ao ser perguntado em que opção votaria no referendo, o garçom respondeu-me que votaria no sim. Por quê?, perguntei. Porque sim, respondeu-me o rapaz.
Já o ambulante da praia me disse que devemos dizer não às armas votando no sim; que a maior de todas as armas é a fé. Confusão, não?
A psicóloga me disse que não gosta de violência, mas que iria pensar melhor no assunto porque não poderíamos tirar das pessoas de bem o direito de se defender.
Um padre lá de São Carlos escreveu um artigo no Jornal da Cidade defendendo o não pelos mesmos motivos da psicóloga.
“Isto é coisa de americano”, reclamou um rapaz do escritório. “Eles quebram as fábricas do Brasil, e depois vem vender as armas deles aqui”.
“Quando todas as armas forem de propriedade do governo e dos bandidos, eles decidirão de quem serão as outras propriedades”, escreveu há muito tempo Benjamim Franklin.
Todas as políticas de cerceamento das liberdades são uma violência ignominiosa. Todo indivíduo tem o direito de se defender, proteger sua família e sua propriedade. Se o Estado é incapaz de fazê-lo, ele não pode ser lançado desnudo e indefeso às mãos dos gatunos sempre muito bem armados.
Não podemos nos deixar enganar por sedutoras e inconsistentes reflexões de artistas famosos que pintam na mídia um quadro irreal da situação calamitosa em que nos encontramos.
O referendo é sobre a comercialização de arma e munição, e não sobre o porte. Poderemos portar, sim, as armas importadas de outros países, que certamente estão por detrás deste referendo sem sentido para acabar com a indústria bélica brasileira que começa a incomodar todo o mundo, como a carne, a laranja, o álcool.
Um referendo aqui, uma febre aftosa ali, um bichinho na laranja acolá, e, enquanto isto, o capital internacional vai se beneficiando de juros escorchantes que o povo brasileiro paga aos investidores à custa de falta de escola, hospitais, segurança pública, e, principalmente, de vergonha. Esta é a grande violência a que estamos submetidos e a ela devemos responder um grande Não.
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