Parlamento do Pica Pau - O Falatório - Passando a amizade por um funil !

Passando a Amizade por um funil !

Foram discutidos no Parlamento do Pica Pau, no habitual período antes da ordem do dia, os constantes atropelos e más interpretações que têm sido feitas relativamente aos conceitos de amizade e boa convivência, versus compadrio e relacionamentos mais íntimos entre os deputados e deputadas e entre a população de Pica Pau, em geral .

Segundo a intervenção da Princesa Borboleta, uma simples resposta simpática e cordial que foi feita por escrito numa sessão do Parlamento, levou a que se tivessem gerado rumores de relacionamento íntimo entre o Deputado e a Princesa. Não é que se existisse, tivesse algo de anormal, mas a falta de contexto e a sistemática forma de passar as amizades a amores, e com isso levantar ondas de suspeição inclusivé sobre a intenção de determinadas leis votadas, é um exagero.

Outro facto recente foi proporcionado pela Presidente da Comissão de Tabuadas do Reino, a Doutora Três Vezes Nove Vinte e Sete, que conseguiu propôr o nome de todas as Deputadas do Reino, como propostas de um suposto relacionamento do Presidente do Parlamento. Dado que é homem tem de ter relacionamento, e se não se conhece nenhum , inventa-se ! Como as mensagens que o Presidente faz às observações das Deputadas são de amizade e simpatia, foram transformadas ou entendidas como mensagens de namoro.

Também o Deputado Três Palmos, que como oposição ao governo, adora estas problemáticas e ainda as incendeia nos seus discursos, acabou por referir que se iria inteirar junto da Fada AKAM, de um suposto relacionamento entre dois deputados. A existir esse relacionamento, segundo o Deputado Três Palmos, isso era a evidência que a cabeça do deputado em questão anda na Lua, pelo que não estará em condições de representar condignamente os cidadãos de Pica Pau.

O Agente 042, na sua intervenção referiu que já efectuou alguns estudos sobre a questão, e que em investigação feita no dicionário da língua portuguesa, lê-se: Amizade-s.f. afeição por uma pessoa; simpatia; dedicação; atracção.

Como a explicação é um pouco abstrata foi consultado o Dicionário Prático de Filosofia das edições LPP ( Literatura de Pica Pau ), numa daquelas pilhas que há nos hipermercados a preço de ocasião. ‘Prático e Filosofia’, pareceram-lhe na altura, conceitos de compatibilidade duvidosa, mas mesmo assim, como o preço era razoável e por vezes é preciso fingir que percebemos alguma coisa de filosofia ( nunca se sabe quem é que de repente aparece para jantar), comprou o livro.

Deu por bem empregue a consulta do livro, onde se lê que Aristóteles definiu o conceito de amizade como uma relação selectiva, rara e elaborada, caracterizada pela benevolência recíproca, em que "o outro é amado gratuitamente e não pelos benefícios que posso tirar dessa amizade".

Também se pode averiguar esse conceito em função da idade das pessoas. Segundo o mesmo livro, temos um conceito de amizade em cada idade. Sendo um dos mais importantes valores do ser humano, a amizade é um conceito que muda com o tempo.

Vamos verificar o representa em cada fase da vida:

- até 1 ano: o outro não existe.

- 1 a 2 anos: a mãe é a grande amiga.

- 3 anos: surge o primeiro amigo, aquele com quem se brinca junto.

- 4 a 5 anos: amigo é bom para fazer brincadeiras. Transmite coragem e torna-se cúmplice.

- 5 a 6 anos: surgem as "panelinhas" na escola, divididas por sexo.

- 7 a 8 anos: nasce o melhor amigo. Com ele, a criança aprende a ser leal, fiel e sofre se for traída .

- 9 a 13 anos: o amigo é o maior confidente. Os meninos são mais unidos. As meninas são críticas e cobradoras.

- 13 a 20 anos: o amigo é modelo e companheiro. Nessa fase surgem os primeiros amigos do sexo oposto.

- 20 a 40 anos: as amizades são tipificadas. Há os colegas de trabalho, os casais amigos, os pais dos amigos dos filhos. Amizades antigas podem perder-se com o casamento ou a vida profissional.

- 40 a 60 anos: as amizades tornam-se eternas e os amigos estão disponíveis mesmo que não se vejam todo o tempo.

- mais de 60 anos: o amigo é o companheiro com quem se recordam as aventuras e os que já se foram.

Espera-se que fique mais esclarecida a questão da Amizade, e que sendo algo de bom o Amor e o Namoro, não se confundam as questões, nem se leve para a praça pública o que é íntimo de duas pessoas.

A amizade pode um dia dar em Amor, mas também pode e deve existir na forma genuína, sem que nunca se deva incentivar qualquer compadrio ou acto menos lícito, baseado na amizade; porque então não é amizade; é oportunismo.

Assinado e carimbado

O Escrivão Real

O Quadrado da Hipotnusa

6/8/2007

Nenúfar
Enviado por Nenúfar em 06/08/2007
Código do texto: T595676
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