ATÉ ONDE PODE CHEGAR UM HOMEM QUE PERDE TUDO, EXCETO A ESSÊNCIA DE SEU CORAÇÃO? (por Alfredo Kottach – ex-competidor do CCLM)

ATÉ ONDE PODE CHEGAR UM HOMEM QUE PERDE TUDO,

EXCETO A ESSÊNCIA DE SEU CORAÇÃO?

(por Alfredo Kottach – ex-competidor do CCLM)

Já pensei ter visto de tudo em minha vida, mas os fatos sempre tratam de provar o quão estamos errados ao considerar que conhecemos um pouco de tudo e que isso (e meramente isso) vai bastar para compreensão de tudo que nos cerca.

Soube do regresso de Marcelo Guido para o Circuito Cultural do Lírio de Madrid. Confesso que também fiquei surpreso, não pela volta em sim, mas pelos motivos que o fizeram reconsiderar sua decisão, tomada em março de 2005 logo após a conquista daquele mundial cultural e de forma invicta.

Conheci Guido em 1999, naquele ano vi o que ele tinha de diferente de todos nós: a obstinação... O Van Lyra tinha prazer em viver cada um daqueles instantes tão estafantes. Sua vontade, a superação de suas mazelas era algo fabuloso. Lembro-me que mesmo com o coração ferido, ele teve a força para chegar à final da Copa Mercosul. Fizemos a final e ele me atropelou. Como consolo veio a bela taça de vice-campeão e a vaga dele pro Mundial Cultural 2000, já que ele já tinha assegurado uma ao vencer na Copa das Nações de Língua Portuguesa.

Guido perdeu muita coisa após se aposentar. Perdeu o brilho da garra, a alma para superar as dificuldades. Burocratizou-se e fez seu mundo se resumir ao seu casamento, aos trabalhos na Diretoria de Esportes e ao seu projeto no RECANTO DAS LETRAS. A felicidade quis lhe fugir. Mas ele foi atrás e a trouxe pra junto de si.

Mas algo mudou, o Leão despertou e agora quer ser o mesmo predador de títulos de outrora. Vai ser difícil, há muitos que hoje o critiquem. Alguns que há menos de cinco anos eram bajuladores inclusive.

Desprezar a potencialidade do atual bicampeão do mundo pode ser o maior dos erros da ótima geração que veio. São Paulo não será apenas palco para que outros venham fazer a festa. Guido poderá surpreender... Poderá mesmo perder, no repente da vida, mas jamais sem lutar até o fim e usar de toda a sua experiência de um bom vinho que melhorou a cada dia, mesmo em repouso.

Odeio apostas e não mais me prendo ao universo dos competidores culturais do CIRCUITO CULTURAL DO LÍRIO DE MADRID, fundado em 1968, pelo espanhol Hernani Lecci Sanches, porém se eu tivesse fichas para apostar, depositaria todas elas nas camisas nº 16. Sejam na cor azul, branca ou negra.

E ficaria tranqüilo aguardando meus dividendos. Boa sorte, Grande Mestre.

Gigante Lírio de Prata... Nosso grande amigo!

Caxias do Sul, Agosto/2007.