Produtos "Líquidos" (Alusão a Zygmunt Bauman) - Análise de Marketing Macroambiental

Estudando sobre marketing, eu por diversas vezes fico tentando entender a razão pela qual as maiores referências no tema não são brasileiras, visto que a criatividade é uma qualidade inerente ao brasileiro.

Eu acredito que os habitantes dessas terras tupiniquins, tiveram que desenvolver a criatividade como um mecanismo de sobrevivência inata, pois diariamente precisam se superar por viver em um país politicamente caótico e repleto de dificuldades, consequência de um cenário político extremamente conturbado, ineficiente, sujo, devasso e promíscuo com o perdão das redundâncias.

Irei sustentar o meu ponto de vista, fundamentando sob a orientação de marketing voltada para o próprio marketing.

A orientação a qual antes me referi diz que:

"Para atingir os objetivos organizacionais, a empresa precisa determinar as necessidades e desejos do mercado em que atua, proporcionando valor e satisfação aos clientes de forma melhor e mais efetiva que seus concorrentes".

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, tem um texto que aborda vivermos em tempos líquidos, onde nada é feito para durar.

Embora esse texto tenha sido feito com o intuito de retratar os relacionamentos amorosos em tempos contemporâneos e vindouros, eu pedirei licença ao brilhante escritor polonês e irei descontextualizar, ampliando a reflexão proposta por ele.

O que eu tenho notado é que os produtos nacionais, bem como os relacionamentos citados por Zygmunt, também são líquidos, infelizmente por um aspecto que eu avalio ser cultural.

Na mentalidade brasileira, você deve fazer um produto pífio ou medíocre, para que o consumidor lhe provenha dinheiro não só no momento da compra, mas também em manutenção que é uma consequência da falta de qualidade dos produtos oferecidos, reflexo de uma diretriz errônea de marketing, voltada para a produção que é incapaz sob qualquer aspecto de fidelizar o cliente.

O cliente pode até comprar somente da sua empresa, mas certamente porque a condição financeira dele não permite ou simplesmente por desconhecer os concorrentes, logo se por ventura o cliente sanar esses empecilhos dantes mencionados, todos os "esforços", ou melhor a ausência deles, acarretará em uma perda do mesmo.

As empresas que seguem essa orientação creem que:

"Por qual motivo irei fazer um produto duradouro, fazendo com que meu cliente não me procure mais por um determinado tempo, leia-se me prover mais dinheiro, sendo que eu tenho contas a pagar e necessito desse(s) cliente (s)?"

Se as empresas que seguem essas diretrizes me pedissem uma sugestão de garoto propaganda para estrelar as suas campanhas publicitárias com foco em fidelização, eu certamente sugeriria o Tom Cruise, pois fidelizar o cliente dessa maneira é sem dúvida uma Missão Impossível.

Para elucidar o artigo, irei citar fabricantes de veículos, utilizando-as como exemplo.

O que pensam algumas fabricantes?

Vamos vender um carro ruim pro consumidor e durante as revisões vamos arrancando mais e mais dinheiro.

Outras em contrapartida, agregam valor, vendem veículos bons e que tendem a gerar menos problemas e gastos.

Conquanto ambas as empresas tenham contas a pagar, as que vendem produtos com qualidade, avaliam que quando o consumidor for comprar carro uma próxima vez ou fazer uma indicação, elas terão preferência, pois a qualidade do produto é capaz de substituir ações de marketing fidelizando o cliente.

Vale aqui pontuar que segundo estatísticas da USP (Universidade de São Paulo) um cliente que fala bem de um produto ou serviço, para outros 3, já os falam mal, falam para outros 11, isso antes das redes sociais que tem um poder de propagação muito mais poderoso e rápido.

Empresas que nascem querendo o dinheiro como o principal da relação com o consumidor, estão direcionadas ao fracasso, caminhando a passos largos em direção ao precipício de forma irreversível. Já as empresas que tem como intuito satisfazer o cliente, essas irão ganhar mais e mais dinheiro.

A sútil diferença é que ambos clientes consomem e te proporcionam dinheiro, entretanto clientes satisfeitos o fazem repetidamente.

Gui Machado e Zygmunt Bauman
Enviado por Gui Machado em 13/02/2017
Reeditado em 15/02/2017
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