Ciúme excessivo pode ser transtorno de personalidade paranoide. Entenda o que é.
Essa pessoa é irracionalmente ciumenta. Tudo é motivo para acusações: você não é confiável! Você está saindo com o vizinho! O seu melhor amigo está apaixonado por você! Você é mentirosa! Quando confrontados com fatos e evidências, descartam-nas e preferem manter sua opinião mal fundamentada acerca das coisas. Confiança é um problema não só nas relações amorosas, mas também nas amizades e até mesmo na família- são pessoas de poucos amigos, podendo trocar de círculo social com certa frequência ou levar uma vida solitária. Acreditam ser enganados, explorados ou prejudicados por quase todos. Por vezes, ficam irritadiços com comentários amistosos, percebendo nuances ofensivas e dissimuladas em conversas corriqueiras.
Nas relações conjugais, costumam isolar o parceiro de seu antigo círculo social. Propensos a acreditar em teorias conspiratórias, não é de se espantar que acreditem que o mundo gire ao seu redor, que estão sendo perseguidos ou que o cônjuge leva uma vida dupla. Questionam com frequência a lealdade de amigos, guardam rancor e podem “ desenterrar” problemas imaginários do passado durante discussões. Excelentes em racionalizar e justificar o próprio comportamento, indivíduos com transtorno de personalidade paranoide dificilmente assumem culpa pelo que fazem e tem comportamento inflexível, estável e duradouro, caracterizando, assim, uma personalidade disfuncional.
Embora quase todos nós valorizemos a sinceridade, paranoides percebem significados nefastos e planos mirabolantes na honestidade de outras pessoas. Qualquer ato de sinceridade é visto como um cavalo de troia, cujo objetivo é sempre digno de desconfiança. Acreditam estar sempre sozinhos à beira de um precipício, temerosos de retornar para o mundo social, mas ao mesmo tempo temendo que alguém os empurre desfiladeiro abaixo. Essa crença faz com que se coloquem no papel de vítima, alimentando ainda mais seus problemas com a raiva. Quando em ambientes sociais, podem ficar permanentemente na defensiva e se tornarem inquietos. Em casos mais graves, essas pessoas podem mostrar desconfiança ao compartilhar um copo de cerveja com alguém num bar, acreditar que a comida foi envenenada ou que seus pertences pessoais estão sumindo ou sendo substituídos por cópias idênticas com intuitos de espionagem. Ao deitar-se em seu leito, não é raro que fiquem ruminado sobre as injustiças que sofreram ou elaborando planos para seguir o cônjuge e pegá-lo em flagrante. Quando outras pessoas riem na rua ou comentam algo em tom de voz baixo, paranoides acreditam estar sofrendo escárnio ou que estão falando de seus fracassos pelas suas costas. Acreditam também que outros no trabalho ou mundo acadêmico estão tentando roubar suas ideias.
Paranoides são inseguros, ansiosos e receiam ser humilhados, características que os tornam controladores, especialmente em relações amorosas. Assim como obsessivo- compulsivos, paranoides podem ter pouco senso de humor.
No tratamento, são indivíduos difíceis, pois apresentam enorme dificuldade de se abrir com psicólogos- eles acreditam que qualquer informação pode ser usada contra eles em determinado momento. Relações com pessoas com este transtorno começam de maneira aprazível e respeitosa, mas logo se transformam num verdadeiro pesadelo. É importante salientar que, mesmo com tratamento psicológico e medicamentoso, esses indivíduos nunca deixarão de exibir traços disfuncionais, como desconfiança irracional, ciúme patológico, rancor duradouro, e hipersensibilidade a críticas, desaprovações ou insultos, na maioria das vezes, imaginários.
Como identificar um paranoide:
1) Ciúme patológico – percebem situações corriqueiras e sem significado como planos para cometer infidelidade;
2) Possessivos;
3) Desconfiados e vigilantes;
4) Senso de humor pobre;
5) Arrogantes: acreditam possuir mais virtudes ou melhor entendimento das coisas;
6) Rancorosos;
7) Hipersensíveis à crítica;
8) Acreditam ser importantes;
9) Reagem de maneira raivosa a desagrados;
10) Não assumem culpa pelo que fazem;
11) Tem crenças irracionais sobre conspiração;
12) Falam de injustiças passadas de maneira raivosa;
13) Interpretam comentários inofensivos de maneira negativa, como se quisessem degradar sua reputação ou lhe inferiorizar;
14) Têm poucos amigos e muita dificuldade em confiar nas pessoas.
15) Usam projeção - projeção é um mecanismo de defesa no qual os atributos pessoais de determinado indivíduo, sejam pensamentos inaceitáveis ou indesejados, sejam emoções de qualquer espécie, são atribuídos a outra(s) pessoa(s).