O QUE FAZER PARA MELHORAR O MUNDO?
O QUE FAZER PARA MELHORAR O MUNDO?
“Seja a mudança que você quer ver no mundo”
(Mahatma Gandhi).
A partir desta frase, comecei a pensar sobre o que se pode fazer para que o mundo fique melhor. Eu, particularmente, acredito que não é preciso grandes ações, pois em geral é nos pequenos atos do cotidiano que podemos dar nossa contribuição para que o mundo fique melhor.
Há alguns anos atrás estava no Teatro Municipal para assistir a um concerto e ao abrir o programa que me foi entregue ao entrar, observei um anúncio de violinos que me chamou muita atenção. Nele havia uma frase que não mais consegui esquecer. Ela dizia “a busca da harmonia deve começar de dentro.”
Pois bem, então, se minha busca é um mundo mais harmonioso e se pretendo fazer qualquer coisa para melhorar o mundo, preciso começar melhorando a mim mesma e fazer reverberar à minha volta este ser que, espero, vai ficando cada vez mais consciente, compassivo, amoroso, ético, responsável, enfim, melhor...
E, certamente, preciso acreditar, ter fé. Preciso acreditar e ter fé que posso sim contribuir para a mudança de pequenas grandes coisas e começar a me engajar naquilo em que acredito e não apenas reclamar e continuar passivo diante de todas as questões que me incomodam.
Preciso lembrar sempre de respeitar o meu próximo como gosto de ser respeitada, em todas as circunstâncias. Preciso livrar-me dos preconceitos. Preciso ter a sabedoria de ver que aquilo que planto hoje, vou colher amanhã.
Preciso cuidar e respeitar a mãe-terra, que me acolhe com tanta generosidade e beleza.
Preciso dar mais atenção às pessoas, aprender a ouvi-las e, na medida do possível, ajudá-las. O mundo carece de pessoas que saibam ouvir e observo que, apesar de vivermos na era da comunicação, as pessoas andam muito sós.
Com freqüência me acontece de pessoas em geral mais velhas (ou igual a mim???) me fazerem perguntas em lugares públicos como, por exemplo, nos supermercados. As mais comuns são pedindo para eu ver o preço de algum produto que a pessoa não consegue enxergar. Eu, então, abro a minha bolsa e pego meus óculos, já que eu também não enxergo letras pequeninas sem óculos, e dou a informação. Acredito que na realidade o que se quer é o contato pois, a partir da minha resposta, vem logo a pergunta se eu conheço o produto, se sei como preparar, etc.
Acredito ser sempre importante repassar conhecimento. De nada vale o saber – seja lá em que nível – se não for para partilhar. Todo o meu saber de nada valerá se for para carregar comigo para o túmulo. Lembro de uma linda frase de Cora Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”
Acredito muito no que costumo chamar de “ensinamentos de boca”, que são aqueles pequenos conhecimentos que podemos estar sempre passando adiante, com a intenção de fazer a vida do outro mais fácil e produtiva e que vão aos pouquinhos ajudando, transformando, tudo melhorando. Acredito que se a gente tem uma maneira de fazer qualquer coisa de uma forma mais simples ou mais rápida e ainda assim tão eficiente quanto e que possa ser de ajuda a seu próximo, deve oferecer esta informação. E, da mesma forma, encorajar quem a recebe de passar também adiante esse novo conhecimento. Desta forma estaremos agindo em cadeia e possibilitando que as pequenas instruções sobre como fazer, como usar, como construir, enfim, como melhorar qualquer coisa no dia-a-dia possam fazer com que a vida de muitas pessoas se torne menos complicada e permita que se tenha mais tempo livre para saborear a vida ou para o ócio criativo.
E que possamos aprender a fazer a diferença com pequenas grandes coisas: dar um bom-dia com um sorriso, oferecer ajuda, ainda que pequena, a quem precisa, presentear inesperadamente com uma flor, um toque, um abraço, um bombom de chocolate, ou seja, surpreender o próximo com um pequeno gesto de carinho e fazer com que seu coração pulse de contentamento.
Eu, particularmente, tenho me proposto como aprendizado conseguir ver melhor o meu semelhante. Tarefa muito importante, porém nada simples. Apesar de meu desejo e esforço, muitas vezes me percebo voltada para o meu próprio umbigo. Aí me assusto e volto a ficar atenta...
Ecila Huste - Outubro 2011