Trinta e cinco anos...!
Dizem que é depois dos 35 que a mulher começa a viver o ápice de sua feminilidade; e é quando o homem, de fato, sai da fase pueril para enfim, curtir a adolescência...
Eu firmo que depois de 35 anos, a beleza é resultado da simpatia, da elegância, do pensamento, não mais do corpo e dos traços físicos. A beleza se torna um estado de espírito, um brilho nos olhos, o temperamento. A sensualidade vai decorrer mais da sensibilidade do que da aparência...
Puxa vida, esses trinta e cinco anos, como linha limítrofe entre esse imaginário e o real, parece ser tão complicado, não é?
Eu sonhava em chegar aos 35 bem resolvido, com carreira definida; uns trocados no bolso e um passaporte cheio de estampas dos lugares onde passei; e quase bem assim, cheguei...
Cheguei aos 35 com uma série de conquistas, uma fileira de derrotas, um renque de aprendizados; e uma fila de lembranças que precisavam se alinhar para poderem abrandar meu coração sedento do meu passado...
Lá atrás, quando de minha passagem curta por Salvador; eu morei num grande Castelo Branco; e tive a honra de passar por uma estação de aprendizado que me ensinou muito mais do que álgebra e literatura; essa tal estação de aprendizado por onde sutilmente passei, me elevou a ciência do amar, obviamente afundando na geografia do ser amado...
Conheci gente de todo tipo, mas a grande maioria era assim, do meu tipo mesmo; do tipo gente; do tipo gente que sorri e não esquece de uma face risonha...
Mas eu tive que partir para ganhar outros orbes, e viver outras nuances de uma vida, talvez estranha à maioria, mas prazerosa para mim...
Atravessei muitos mares, construí muitas pontes e confesso que até derrubei algumas, mas nunca ficou de fora de minha memória os bons dias com meus adoráveis mestres e meus diletos colegas daquele Castelo Branco de outrora...
Bastou eu afirmar que voltei, 35 anos depois; e parte daquela turma veio ao meu encontro...
Finalmente posso viver um pouco mais feliz, porque 35 anos depois, voltei a ser como sempre fui: criança!
Obrigado a todos vocês, mas em especial a Flávio, Áurea, Dilnay, Roberto e Arlene, que estiveram comigo naquela noite memorável...!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires