Doar Nunca Matou Ninguém
 


Com certeza, tem mais gente fazendo tattoo do que doando sangue em Joinville. ou em qualquer outra cidade brasileira.
É impressionante como vem crescendo o número de 'Tatuarias' nessa terra e com a  febre da 'barba cultivada', muitas barbearias têm até estúdio de tattoo como  atrativo para chamar mais clientes, sem contar as inúmeras marcas de cervejas artesanais, artigos vintage para colecionadores e até boteco com comidinhas tradicionais para macho barbudo e tatuado. 

                  

Fazer tattoo deve ser bacana, da hora, mas quem fizer tatuagem não pode doar sangue por um ano e  quem faz  tattoo, geralmente faz três ou mais (sempre número impar por causa da lenda de que número par traz azar) e aí vai se passando o tempo e nada de doar. Isto não é bacana.

                  

Quem  fizer tattoo e precisa de sangue, recebe assim de boa? Sim! Recebe mesmo sem nunca ter doado uma gota de  sangue  se quer em toda sua vida. Não acho correto, mas é um direito de todos os cidadãos.
Quem fizer 'piercing' não poderá doar sangue por seis meses até um ano. Sabia?
Gestantes e mães que estão amamentando também não podem ser doadoras de sangue.
Existem mais impedimentos para doação de sangue: se já teve Malária, Hepatite após os 11 anos de idade, uso de drogas ilícitas injetáveis, HIV Positivo, etc
Essas pessoas, e muitas outras, vão precisar do Hemocentro/Banco de Sangue um dia. Infelizmente, o estoque de sangue está quase sempre baixo, bem baixo, pelo menos por aqui em Joinville que ainda tem que abastecer outras regiões do estado de Santa Catarina.
                       

Deveria  existir  uma  lei  exigindo  que  todo cidadão  tem  que  doar sangue antes de fazer uma tatuagem ou piercing.
Até um tempinho atrás, doador de sangue só na faixa  dos 18 e 60 anos de idade, mas houve alterações em alguns requísitos devido ao baixo número de doações. Agora, menores de dezesseis podem doar, desde que um termo de autorização assinado por um dos pais seja apresentado, e se tiver 69 também pode doar, mas só se outras doações foram feitas  anteriormente. 
Fui doadora voluntária do Hemocentro do Hospital das Clínicas de São Paulo e quando a data da minha doação aproximava, um funcionário do Hemocentro/Banco de Sangue, o Eduardo, ligava avisando do meu compromisso. Mesmo recebendo atestado, não deixava de trabalhar. Ficava muito orgulhosa do meu feito: uma doação =  quatro vidas salvas. Três doações ao ano = doze vidas salvas. Duas vezes consegui fazer QUATRO doações no mesmo ano, uma meta difícil para mulheres conseguirem, mas muito comum entre os doadores do sexo masculino. Me acho  meio super herói por causa das minhas doações. O mais bacana de tudo é que doei sangue para o meu Pai e ele ficou muito feliz com o meu ato. Meu Pai tinha sua rede de amigos que fazia doação de sangue sempre, mas muitos já não podiam doar por causa da idade, outros faleceram ou se encontravam doentes. Quando entreguei o cartão da doação em suas mãos, o meu Pai chorou.  

             

Doei sangue durante 14 anos no Hemocentro das Clínicas até mudar pra cá, Joinville, onde só deparei com contratempos para continuar com as minhas doações. Em quatro idas ao Hemosc/Banco de Sangue ao lado do Hospital São José, fiquei estressada com o atendimento, o cadastramento ultrapassado, a falta de água mineral e do lanche após doação (a coleta é feita em jejum), além do pouco caso que os funcionários davam às pessoas ali que compareceram para doar sangue, o estacionamento que tive que pagar (no Hemocentro das Clínicas é gratuito para voluntários) e o tempo que perdi aguardando (voluntários não precisam aguardar na fila). Maioria estava lá por que era preciso doar sangue para repor sangue usado em cirurgias de algum parente, amigo ou conhecido. Voluntária mesmo, só eu.
No ato da doação você recebe o Cartão de voluntário/doador de sangue que dá uma certa garantia de que  o portador  vai  bem de saúde, muito obrigado. Interessante para quem é solteiro/a e pratica sexo casual. Pelo menos sabe que o cara ou moça é gente de sangue bom e não vai te passar alguma doença por que doador/voluntário NÃO pode ter DST, nem ter HIV ou ser HIV Positivo, nem ter tido Malária ou Hepatite, etc. É só verificar a data da doação. Seria uma logística interessante para o SUS. 
Nos EUA, a grande maioria dos universitários vende seu sangue para conseguir um bom dinheirinho extra, assim como muitos homens doam sêmen, não para pesquisas ou para quem não pode engravidar, mas pelo fato de conseguir uma grana 'fácil', isto é, se tiverem  um perfil/CV atraente. Muitos estudantes  praticam tanto essas  'doações' de forma comercial que acabam virando empreendedores.         
Pois bem, estamos no verão aqui e agora no Brasil, alta temporada quando os Hemocentros/Bancos de Sangue ficam numa escassez dessa preciosidade vital.

              

Maioria  das pessoas não  gosta de ser voluntário, mas pessoalmente, creio que todo motorista deveria ser obrigado a fazer uma doação de sangue por ano por que está na chuva e vai se molhar, quem vai fazer tattoo  deve  ser obrigado a  doar sangue  antes do ato ser consumado,  assim como toda mulher grávida deveria apresentar um ou dois doadores antes do seu parto pois há possibilidade de precisar de muito, muito sangue em caso de emergência. Cada pai/mãe deveria fazer doação anual para cada filho que tem  e todo dono de  bar deveria incentivar seus fregueses  a serem doadores, por que todos nós somos cidadãos e temos que participar pois nunca  sabemos quando vamos precisar receber sangue.
Nas primeiras horas da segunda feira, 19 de janeiro de 2015, houve pedidos de doação de sangue para o surfista Ricardinho. Os hospitais de Santa Catarina deveriam ter tido um bom estoque, mas era verão, tempo de relax e ficar de boa. Muitos doadores compareceram aos Hemocentros de SC, mas infelizmente, o Ricardinho veio a falecer.  Felizmente, inúmeras  pessoas  se beneficiaram das doações de sangue feitas em  nome do Ricardinho.

          

Houve muitas doações, não pelo fato de ser o Ricardinho, o surfista bam bam da Praia do Guarda do Embaú em Palhoça, amigo do Gabriel Medina e Mineirinho (Adriano de Souza), mas por que o Ricardinho tinha muitos, muitos amigos e era um cara bacana.
O verão está aí e os hospitais ainda estão com seu estoque de sangue em baixa. Aí vem o outono e a preguiça por causa do friozinho e a visita ao Hemocentro vai ficando de lado.  A doação de sangue precisa virar um hábito entre a população de cada cidade. Ou vamos ter que esperar uma grande tragédia acontecer para os doadores comparecerem em massa?
Melhor prevenir do que remediar, não é mesmo?

         




OBS: Encontrei um rascunho meu sobre 'Doação de Sangue' (22 de janeiro de 2013 às 07:44) e resolvi terminar o texto. Deu no Artigo acima.

 
Calada Eu
Enviado por Calada Eu em 24/01/2017
Reeditado em 24/01/2017
Código do texto: T5891306
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