Alcaçuz.
Conheci o alcaçuz na minha primeira infância, com o nome de regaliz, mas sabendo se tratar da extração do alcaçuz, as barrinhas negras com sabor doce e refrescante da raíz, que deixavam as línguas enegrecidas, com sabor de "quero mais".
Hoje o "bonito nome", vindo do árabe através dos ibéricos, empresta o nome a um triste presídio do norte do Brasil, e a bela plantinha amarelada, de aroma delicioso , ficou esquecida ( por enquanto), pois fechando os olhos , ainda sinto o seu sabor.
Triste é a prisão, como triste é o crime, em escalas distintas, pois apesar da relação entre "crime e castigo"( Dostoiévisky), é fato que o Estado tem o dever de preservar as penas imputadas, pois pelo que sei ninguém foi condenado a "decapitação" , ou linchamento coletivo, a pena maior na correção é , e sempre será a privação da liberdade, assim é a lei em nosso país.
O domínio do crime organizado demonstra mais uma vez o fracasso do sistema , que dá abertura à facções dentro dos presídios, e somente no limite já violado é que se tenta conter o mal já feito, e pior ," na força", sem qualquer plano imediato de inteligência, na base do "abafa", "depois a gente resolve" , honestamente não acredito neste tipo de reparação, mas é melhor que nada .
Como país "emergente" estamos nos saindo um bocado mal , sequer criamos bases sólidas para a sociedade, e a criminalidade não só cresce, como se organiza, que é muito pior. O Sistema é caro, e não funciona, e a conta recai sobre o povo, que continua pagando um prato que nunca comeu.
Um crime é abandonar as famílias a própria sorte, como estamos hoje, e também é um crime tratar parte da sociedade, detida, como lixo, os princípios sociais de uma nação, são igualmente violados, em esferas distintas, o problema é muito complexo, o mal se arranca pela raiz, para impedir que a erva nasça e cresça.
Não sou ninguém para falar, só um cidadão que saboreava o alcaçuz quando tinha sete anos , e que agora a palavra retorna com outro sabor.