INSENSIBILIDADE
Ultimamente tenho me percebido insensível para algumas "causas". Situações que inspiram falas dramáticas como "oh, e agora, o que vai ser de mim?"; ou aquelas do tipo "isso não é justo, eu não merecia!", em que a pessoa se vitimiza, já não me comovem.
Na verdade, ao ouvir determinadas coisas, antes de me envolver no clima negativo da "vítima", de forma meio investigativa, e intrometida, procuro saber o que motivou sua chegada a tal ponto: o que fez pra evitar; que tipo de esforço fez pra ser melhor; que metas traçou; que sonhos se permitiu realizar... E, principalmente, que decisões tomou na vida.
Ultimamente tenho sido fria. Situações que para alguns representam o fim do mundo não me impressionam mais. E sabe por quê? Entendi que o "fim" abre espaço para o novo. Às vezes o conforto pode representar a desgraça. Porque se está bom, preferimos deixar como está. E parado ninguém evolui.
Aprendi, há pouco tempo, que sempre é possível melhorar. Sempre! E que mudar é preciso. E sofrer com as mudanças também. Isso é crescer!
Por isso as chorumelas não me tocam.
Eu tenho me esforçado, talvez não o suficiente, para ser melhor, e tenho minhas falhas, muitas, mas não vou desistir. Eu sei que é possível, e é um exercício diário essa coisa de ser melhor, por isso faço meu esforço.
Não quero cair no círculo da mediocridade, da gente que reclama, chora e se julga injustiçada. Deixei de reclamar de muita coisa. Vivo das minhas escolhas. Se não foram as ideais, pago o preço, esta conta é minha. Ninguém tem que ouvir meus lamentos, nem Deus, que não me disse o que fazer nem por onde ir, mas me deixou fazer escolhas.
Temo pela insensibilidade, logo eu, a mais sensível das criaturas, rs. E me assusto com essa criatura que me torno a cada dia, porque vejo muita atitude que tive no passado como algo imperdoável. E aí eu me pergunto: aprendi algo útil nesta vida? Essa insensibilidade é pertinente?