O Efeito Sininho
"Quando o primeiro bebê riu pela primeira vez, sua risada se quebrou em milhares de pedacinhos que saíram por aí saltitando, e foi assim que surgiram as fadas." - James Matthew Barrie
Na obra mais famosa de J.M. Barrie, a fada Sininho está prestes a morrer quando o Peter Pan passa a interagir com a plateia suplicando que todos batessem palmas pois só assim a fadinha poderia voltar à vida.
Na primeira apresentação da sua obra, Barrie estrategicamente espalhou crianças de um orfanato de Londres entre os seus espectadores da alta sociedade e nobreza inglesa, e quando o personagem Peter Pan, que na verdade era uma jovem trajada de menino traquino, suplicou para todos baterem palmas, são as crianças que reagem primeiro com aquela cena da fadinha que vai perdendo sua luz, sua vida. Os órfãos, apesar da vida dura e cruel que levam, são os primeiros a se comoverem e acreditarem que ao baterem palmas com todo fervor, com toda aquela esperança que toda criança tem guardada dentro do seu pequenino ser, a Sininho voltaria à vida. Os senhores e senhoras na plateia ficam intimidados com as palmas dos órfãos que estão bem ao seu lado, e quando Peter suplica mais uma vez dizendo, "Se vocês realmente acreditam em fadas, batam palmas! Só assim a Sininho vai voltar à vida!", a plateia toda começa a bater palmas bem alto, e alguns ainda falam baixinho, "Sim! Eu acredito!" E assim a Sininho volta a brilhar e voar.
Eu não canso de assistir à esta cena do filme, 'Finding Neverland' - Em Busca Da Terra Do Nunca - (2004) com Johnny Depp e Kate Winslet . Me faz lembrar de um tempo não tão longe quando eu acreditava em tudo ... e em muitos.
O Efeito Sinhinho - The Tinkerbell Effect - é uma expressão da America do Norte que descreve tudo aquilo que acreditamos existir simplesmente por que a grande maioria das pessoas acredita e pronto. O efeito leva o nome da Sininho justamente por causa da cena na peça quando a fadinha é salva das garras da morte por que a plateia acredita e bate palmas, muitas palmas.
A Reforma da Educação nos EUA
David Paris (1997) usa o Efeito Sininho para explicar a inconsistência na reforma da educação nacional (EUA). Segundo Paris, a reforma pode até ser nacional, mas vai depender muito do empenho e boa vontade das escolas e dos professores para a reforma ser um sucesso, ou não. A reforma vem para causar um impacto no sistema educacional, mas as escolas tendem a fazer suas próprias adaptações nessa reforma. A reforma é complicada por que qualquer mudança acontece de dentro para fora e não do contrário. A mudança não vem só através dos professores e alunos, mas também da administração da escola. Tem que ter sintônia para fluir, funcionar e prosseguir. A reforma acontece de dentro para fora em cada escola, e cada escola tem seus próprios objetivos a serem alcançados por que cada escola tem uma realidade diferente. O que funciona para uma escola não necessariamente vai funcionar com uma outra.
Paris constatou que a reforma da educação realmente funciona nas escolas onde todos os envolvidos botam fé e mão na massa naquilo que estão fazendo. Quando o professor acredita que o seu trabalho é especial, diferenciado e de grande valor, e seus alunos também acreditam no trabalho do seu professor, tudo faz com que a parceria e os laços sejam mais fortes. Uma árvore é plantada e as raízes só tendem a profundar e deixar a árvore mais forte e resistente.
O estudo do Paris não traz nenhuma fórmula para criar uma escola melhor por que não há nenhum método certo para tal. Não existe regra, nem modelo certo que possa garantir uma reforma bem sucedida. O que determina uma boa reforma na educação em cada escola é contar com educadores que acreditam no sistema que o governo escolheu para ser aplicado.
O esforço e a dedicação que cada educador deposita na Reforma da Educação é equivalente às palmas dadas pela plateia na peça do Peter. As palmas são a motivação, o combustível para continuar com a luta para mais melhorias e qualidade no ensino.
Paris acredita que o Efeito Sininho pode trazer muitos benefícios aos educadores e às escolas, porém, existe também o lado negativo, se não houver medidas traçadas a serem seguidas. Um certo overdose de confiança pode vir a comprometer a qualidade do programa e os resultados. É preciso estarmos abertos e prontos para mudarmos junto com as novidades e transformações que surgem com o passar do tempo, por isso não podemos nos apegar demais aos modelos e fazê-los a nossa única crença.
Bem, isto é nos Estados Unidos onde o professor ganha um salário digno e o governo investe continuamente neste profissional. Aqui no Brasil estamos mais para o Efeito Saci. Um efeito bem danado que pula de lá pra cá numa perna só tentando fazer o melhor possível com o pouco que o nosso governo nos oferece.
Paris constatou que a reforma da educação realmente funciona nas escolas onde todos os envolvidos botam fé e mão na massa naquilo que estão fazendo. Quando o professor acredita que o seu trabalho é especial, diferenciado e de grande valor, e seus alunos também acreditam no trabalho do seu professor, tudo faz com que a parceria e os laços sejam mais fortes. Uma árvore é plantada e as raízes só tendem a profundar e deixar a árvore mais forte e resistente.
O estudo do Paris não traz nenhuma fórmula para criar uma escola melhor por que não há nenhum método certo para tal. Não existe regra, nem modelo certo que possa garantir uma reforma bem sucedida. O que determina uma boa reforma na educação em cada escola é contar com educadores que acreditam no sistema que o governo escolheu para ser aplicado.
O esforço e a dedicação que cada educador deposita na Reforma da Educação é equivalente às palmas dadas pela plateia na peça do Peter. As palmas são a motivação, o combustível para continuar com a luta para mais melhorias e qualidade no ensino.
Paris acredita que o Efeito Sininho pode trazer muitos benefícios aos educadores e às escolas, porém, existe também o lado negativo, se não houver medidas traçadas a serem seguidas. Um certo overdose de confiança pode vir a comprometer a qualidade do programa e os resultados. É preciso estarmos abertos e prontos para mudarmos junto com as novidades e transformações que surgem com o passar do tempo, por isso não podemos nos apegar demais aos modelos e fazê-los a nossa única crença.
Bem, isto é nos Estados Unidos onde o professor ganha um salário digno e o governo investe continuamente neste profissional. Aqui no Brasil estamos mais para o Efeito Saci. Um efeito bem danado que pula de lá pra cá numa perna só tentando fazer o melhor possível com o pouco que o nosso governo nos oferece.