A Incompletude Humana
Estive lendo um artigo muito interessante, sobre a incompletude e a solidão humana, de Ana Maria Haddad Baptista, (na Revista Filosofia Ciência e Vida, ano lX nº121) que explica toda essa nossa busca de um complemento fora.
Das quatro páginas que li transponho aqui, bem resumidamente, a minha interpretação:
O nascer e morrer são atos solitários. Nascemos só e morremos só. As duas travessias são árduas. E esta solidão que carregamos é a raiz de tudo, está no nosso subsolo, e pode aflorar a qualquer momento., porque de um modo geral é difícil conviver com a solitude. É difícil ser. E esta condição humana não distingue gênero.
Não percebemos isso na infância, quando se vive o" inanalisåvel". Num tempo sem tempo. Numa presentidade. E certo dia, como diz o artigo, acordamos e percebemos algumas insatisfações. Há o nascimento de alguma coisa desconcertante, é a adolescência que chega e com ela a consciência. E quando adultos temos a sensação de sentir saudade de um paraíso.
Neste artigo a autora cita vários pensadores, dentre eles Octávio Paz (1914- 1998) que diz: "Assim, sentir-nos sós tem um duplo significado: consiste por um lado, em ter consciência de si mesmo; por outro, em desejo de sair de si".
A sensação de incompletude nos faz buscar algo que nos complete de alguma forma, a busca essencial do outro e nessa busca o amor. E citando D.H. Lawrence: "Desejamos sempre ter a ilusão de que o amor está na raiz. Puro engano! O amor reside apenas nos ramos. Na raiz está o eu isolado, que não encontra ninguém com quem se misture e que seria mesmo incapaz de o fazer".