Que apatia é esta?
Democracia desacreditada, desajustada e perdida. Estamos vivendo uma espécie de crise relacionada à postura, ética, direitos e deveres dos cidadãos brasileiros. Cidadãos que mais lembram o 3º estado ou os “idiotias” rejeitados com veemência na Gloriosa Atenas. Brasileiros que pagam os impostos e sustentam parasitas que nos representam numa dita democracia política. Corrupção, escárnio com as mazelas e a dor dos pagadores de impostos, impunidade, violência, terror e “pobreza dividida”.
A situação é tão lastimável que a população brasileira não consegue reagir ou se levantar. É como se estivéssemos todos com uma canga no pescoço, subservientes aos nossos senhores, esperando talvez a misericórdia divina ou alguma princesa que nos liberte de nossos algozes.
A democracia não é só um ato político provinciano, ou seja, não estamos aqui só para participar do pleito eleitoral e escolher nossos representantes. Temos que ir além, ”formarmos as nossas almas”, para um ato político que englobe toda a História econômica e sócio-cultural de nosso País. Tem que ser um ato amoroso, onde a solidariedade esteja realmente presente para que não haja como dizia Freire “miséria na opulência; candidatos mais preocupados de como irão ganhar o voto do que como irão cumprir sua agenda de promessas, onde a exclusão não seja a palavra de ordem e fique maquiada por planos e projetos assistencialistas, mirabolantes e paternalistas; planos econômicos que tem levado a sociedade a sofrer um “efeito Mateus” cada vez maior; onde a educação virou comercial de televisão e a saúde e segurança um caso de polícia.
Leonardo Boff, em seu livro SABER CUIDAR - ETICA DO HUMANO nos chama a atenção para o verdadeiro significado da palavra “Cuidado”. O cuidado é mais fundamental do que a razão e a vontade: cuidado com a Terra, com a sociedade sustentável, com o corpo, com o espírito, concluindo que o “cuidado” funda uma nova ética, compreensível a todos e capaz de inspirar valores e atitudes fundamentais para a fase planetária da humanidade. A pergunta que não quer se calar é a seguinte: Estaríamos nós brasileiros sabendo cuidar da ética e do humano encontrando soluções para este “gigante de pés de barro”?
Talvez o primeiro passo seja acordarmos desta sonolência ou desta sensação que está tudo bem, tudo na perfeita ordem. O problema é que não está. Estamos configurando e confiando nossas vidas ao velho discurso de que o Brasil é o País das oportunidades. Mas é lógico que é. Mas também é certo, que nada é feito para que estas oportunidades realmente apareçam. É um faz de conta que não vi nada, não sei de nada e não está acontecendo nada. É intriga da oposição, herança maldita, não sei por que aconteceu e agora gestos e frases obscenas, como se fosse tudo um grande circo (não que eu esteja aqui desfazendo da classe circense). A palhaçada chegou a tal ponto que transbordou.
Será que não estamos precisando trocar o picadeiro por uma Ágora para deixarmos de sermos os “idiotias” do Brasil?
Profª Jaqueline de Souza José.