O TEMPO
Prólogo
O tempo passa depressa demais. Isso torna a vida material demasiada curta. Quero fugir dessa fome voraz, dessa tecnologia louca que nem sempre funciona a contento, embora contribua para fazer o tempo correr célere, tão depressa a ponto de me fazer perder a referência
das horas boas na infância vivenciadas.
Detesto essas dicotomias nostálgicas: Tempo sem tempo. Tempo difícil. Tempo passado. Tempo sem paz. As vezes penso que perco meu precioso e pouco tempo escrevendo sobre algo incompreensível, fugaz. Por essa razão quero viver muitos segundos num só tempo, mesmo sem compreender do que esse tempo é capaz.
TENTANDO EXPLICAR O TEMPO
Passa depressa o tempo. Não para, segue firme em sua trajetória solene. Sem soberba ergue sua muralha de fogo com o propósito de impedir sua transposição antes do tempo certo. Vez por outra volta, inflexível, em lembranças, em cores plúmbeas, sonhos fugazes, como uma saudade sofrida a dizer sibilante: “Voltei para lembrar que existo”.
O tempo nos mostra sua força imensurável, que jamais dependerá do controle humano. Inexorável é o tempo senhor dos reis e plebeus, dos ricos e dos pobres, dos empregados e patrões, dos cultos e dos broncos.
Esse tempo indomável a todos iguala. Nada e tampouco ninguém se lhe escapa da autoridade. De forma mais simples pessoas dizem: "o tempo corre", "este ano passou depressa" ou mesmo: "esta seca, sofrimento ou provação não acaba jamais". Pobres criaturas. Esquecem que tudo passa!
Uma definição científica mais precisa faz-se, certamente necessária, e com ela se verá, entre outras, que o tempo, em sua acepção científica, não flui. O tempo simplesmente é o jeito que a natureza divina encontrou para nos mostrar sua soberana verdade: se tudo acontecesse de uma vez só, ao mesmo tempo, haveria uma grande confusão atemporal.
CONCLUSÃO
Albert Einstein dizia e escrevia com muita propriedade:
"Tempo é uma ilusão. A distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão.".
Fazendo um uso doido de minha ignorância creio que quando soubermos a resposta a essas perguntas saberemos definir o tempo:Os cientistas estudam, pesquisam, descobrem fórmulas miraculosas para as curas das diversas enfermidades. Os sábios homens até conseguem descobrir novos sistemas solares com planetas, provavelmente, em condições de abrigar vidas.
Contudo essas cabeças pensantes, de notáveis conhecimentos, não conseguem responder as questões básicas: Quem surgiu primeiro? O ovo ou a galinha? O que é o tempo? É o homem que muda com o tempo ou é o tempo que muda pelas ações do homem?
Não tenho, ainda, essas respostas, provavelmente jamais as terei, mas, faz tempo que deixei de ter pena de mim, por estar sem tempo para pensar em divagações triviais. Atualmente vivo cada momento, sem tempo, intensamente, como se fosse o único segundo de meu tempo predeterminado. Vivo caindo e me levantando, errando e acertando. Tudo de acordo com as minhas limitações humanas, educação e formação cultural transmitidas dos meus pais também limitados.
Agindo desse modo, despreocupado, sem querer saber quem foram os pais da mulher que se casou com Caim e teria residido em Node, a leste do Éden, segundo a Bíblia (Gênesis, 4-16), poderei experimentar a louca euforia de sentir alegria por também estar livre e você estar sem mim, de não ter tempo para mim, de pelo menos por um breve instante querer olhar-me nos olhos, dar-me um afetuoso abraço e perguntar, correndo, sem tempo: "Como está você?".