ACEITA UM CAFEZINHO?
Andava com minha mãe, que conhecia todo mundo em São Joaquim, e em todas as casas em que parávamos, a mesma coisa: “espera, vou passar um café!”
Cresci vendo como nas cidades do interior as pessoas, por mais humildes que sejam, não deixam de oferecer aos visitantes uma xícara de café. Se visitássemos dez casas, eram dez cafés que tomávamos. Até porque, dispensar um agrado desses seria descortês de nossa parte.
Em casa, minha mãe preferia comprar os grãos e cuidar, ela mesma, do processo todo de torrar, pilar, peneirar o pó... até preparar o primeiro café, que ela tinha gosto em oferecer à vizinha: “Cumadi, bora tomar o donzelo!” Eu me lembro disso com muita frequência.
Outra boa lembrança que tenho é que ela tomava uns cafezinhos entre as principais refeições, e quando errávamos na medida, disparava sarcasticamente: “traz a toalha!”. Era uma forma de reclamar pela xícara quase cheia. E reclamava também de café fraco, “tá uma garapa!”.
Amo café! E não podia ser diferente, pois, entre tantos benefícios que essa bebida oferece, a mim, em especial, ela traz as memórias de minha mãe.
E o que dizer do café na empresa? Algo que renova! Às vezes ele nos faz despertar, nos reanima, além de promover os bate-papos entre amigos. E, convenhamos, uma paradinha para essa bebida nobre não compromete o rendimento de um profissional. É justamente o contrário!
Também os encontros, rápidos, em meio à correria em que nos perdemos há algum tempo, têm uma construção interessante, com a proposta de “é só o tempo de um café”. Uma estratégia inteligente de convencer aos mais desesperados a pararem, mesmo diante de todos os compromissos e horários a serem cumpridos, porque a vida pede.
Para finalizar, o café é terapêutico: oportunidade de reflexão! Muitas vezes, com uma xícara, degustando lentamente a bebida, me pego com o olhar vagando pelos meus desacertos mundo afora. Até que o café acaba... Os conflitos resistem.