O BOROGODÓ DA REFORMA EDUCACIONAL

Francisco de Paula Melo Aguiar

[...] mais importante é o real cumprimento da carga horária mínima em horas e dias letivos, com efetiva presença do aluno e do professor e não apenas no papel (próprio da escola pública com grande absenteísmo de professor e sucessivas greves). (INF.CONFENEN, Set/Out, 2016, p.6).

O Brasil vive momento de reformas e de caça as bruxas: envolvendo tempo integral no setor educacional; operação lavajato a procura de políticos e afilhados corruptos, reforma do sistema previdenciário, reforma do sistema eleitoral, combate a inflação, enfrentamento ao desemprego, combate a violência urbana e rural, etc., etc...

Quando se fala em reforma curricular do sistema educacional, por exemplo, são necessárias considerações mais que preliminares e essenciais, para que o tempo integral em nossas pobres e esquecidas escolas públicas federais, estaduais e municipais, em um futuro bem próximo e pós-reformas curriculares e de tempo integral, não venham pagar o pato... isso porque, se tais reformas forem apenas projeto de governo e não projeto de Estado, tudo vai se acabar antes de começar, porque quando muda de governos: federal, estadual e municipal, tais projetos são igualmente sepultados na vala comum. E disso ninguém tem dúvida. O Brasil é assim desde que Pedro Álvares Cabral chegou aqui...

Vamos analisar o caso, por exemplo, da Finlândia, que tem como capital Helsinque, banhada pelo mar Báltico, cujas águas são pouco salgadas e assim sendo, congela na estação do inverno em mais de dois palmos de gelo, anualmente, época preferida para a pesca do salmão e para a prática do esporte esqui, haja vista que o mar está “congelado”. A Finlândia tem fronteiras com a Rússia e com a Suécia.

Anualmente, no período de 17 e 24 de junho, levando-se em consideração a inclinação do eixo da terra, a Finlândia tem sol durante as vinte e quatro horas ao dia, é o chamado sol da meia noite. Em nenhuma outra parte do mundo tal fenômeno acontece.

A sua historicidade é marcada pelo fato de ter sido dominada durante oitocentos anos pela Suécia e cem anos pela Rússia. Somente depois da revolução russa de 1917, se deu a independência da Finlândia. Portanto, se trata de um país com menos de cem anos de soberania nacional. Uma nação nova constituída por pouco mais de 5.200 milhões de habitantes. Sua capital Helsinque, tem poucos mais de 560 mil almas, portanto, menos do que João Pessoa, Capital da Paraíba.

Então o que é que tem a haver a Finlândia com a reforma de currículo escolar de Educação Básica no Brasil? Tem sim muita coisa a haver, porque a boa nova da filosofia pensante da reforma em andamento no Congresso Nacional é a adoção do tempo integral, pois “se verdadeira a crença de que tempo integral melhora a educação e o ensino, a Finlândia seria o último dos países no “ranking” internacional de avaliação dos alunos. No entanto, o contrário ocorre para desmentir as duas assertivas”, pois, “o tempo integral encarece o custo, exige mais professores e diminui o número de atendimento, principalmente na escola pública: em vez da possibilidade de atender em três turnos, se reduziria a um. Com muito esforço, no máximo a dois”, quando na verdade o problema complexo da educação brasileira envolve dinheiro, professores compromissados com a causa educacional porque ensinar não é educar, ambas são duas filosofias antagônicas que se complementam diante do fenômeno da socialização institucional e familiar e até porque o “mais importante é o real cumprimento da carga horária mínima em horas e dias letivos, com efetiva presença do aluno e do professor e não apenas no papel (próprio da escola pública com grande absenteísmo de professor e sucessivas greves)”, conforme o Informativo da CONFENEN de setembro/outubro (2016, p. 6). Então o caso da educação nacional não vai ser resolvido apenas com a adoção do regime integral de funcionamento da escola. O assunto é mais complexo, político, filosófico, sociológico, histórico e acima de tudo cultural desde sua origem em 1500. O jeitinho brasileiro de se fazer as coisas e ou as reformas estruturantes tem dado muito o que falar em todo tempo e lugar e tudo fica como antes no Quartel de Abrantes. O discurso é bonito e a prática, nem sabe e ninguém viu... Um professor desmotivado em sala de aula, pode passar os três expedientes que o rendimento e acolhimento dele com o alunado será o mesmo se trabalhasse apenas um expediente... Temos assim dois sistemas educacionais: um para os pobres e outro para os ricos... É o fim da miada e quem paga são seus pupilos...

A educação da Finlândia é administrada no regime de turno único e nem por isso ela deixou de ser a primeira e ou uma das primeiras do mundo do século XXI. Então, isso não é justificativa por si só venha resolver o caso da janela educacional brasileira cheia de borogodó de sua historicidade de que temos vários “brasis” e ou “brazis” em sua essência e ou atrativo pessoal irresistível em termos de afetos e desafetos, de carinho e de maldade nacional, regional e municipal nos setores básicos e ou de políticas públicas em termos de: saúde, educação, segurança, cultura, lazer, etc.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 01/11/2016
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