CANTIGAS DE NINAR: TRAÇOS DE UMA IDENTIDADE CULTURAL

É difícil dissociar de cada uma das canções de ninar os componentes da ameaça figuradoras de um consequente medo, do tom afetivo cheio de ternura que nos faz pensar se a canção de ninar, ao estabelecer um clima mágico-afetivo que leve a criança ao mundo (in) seguro do sonho, não terá sido uma das primeiras atividades a marcar o homem, em determinado momento de sua história É bom lembrar que em nossos países os elementos do cotidiano são amedrontadores, a realidade é mais absurda do que os seres fantásticos e mitológicos que povoam as quadrinhas populares. Por isso mesmo canta-se “Dorme/ minha pequena/ não vale a pena despertar”, enquanto o poeta cubano, Nicolás Guillén vai pela contramão e desperta o “negrito, ciruela y pasa”, para que veja, “despierto”, o que acontece, num apelo político/social bem a seu gosto.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 20/10/2016
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