PLATÃO E ARISTÓTELES
Francisco de Paula Melo Aguiar
Preliminarmente é importante compreender a ontologia (ontos = ser; e logos = estudo, discurso) como sendo o estudo do ser e consiste justamente na parte da Filosofia que estuda a natureza do ser, a existência e a realidade à luz da teoria do conhecimento de Platão e Aristóteles.
Assim sendo, vamos conhecer primeiro, cada um dos filósofos envolvidos no presente trabalho. Quem é Platão? Quem é Aristóteles? Quais as críticas que Aristóteles faz a respeito da teoria dos universais de Platão?
O termo universal é adjetivo de dois gêneros, algo comum, abstrato, concreto, relativo e ou pertencente ao universo inteiro, bem como é algo que diz respeito e/ou é aplicável a todas as coisas. Assim sendo, diante das teorias, isso pode representar algo comum, como por exemplo: animal e homem. Diante disso, tudo que é universal vai continuar sendo assim em qualquer tempo, lugar e ou espaço. Aquilo que tem forma e ou idéia é o eidos e/ou universal na visão filosófica de Platão. O mesmo termo universal é denominado de katholon e/ou geral por Aristóteles. A essência e/ou semelhança comum das coisas que agrupamos usando o mesmo signo lingüístico (BLACKBUM, 1977). Assim sendo podemos mencionar que:
O problema dos universais diz respeito à determinação do fundamento e do valor dos conceitos e termos - por exemplo 'animal' e 'homem' - universais aplicáveis a uma multiplicidade de indivíduos. Mas em geral, trata-se de um problema que diz respeito à determinação da relação entre as idéias ou categorias mentais, expressas em termos linguísticos, e as realidades extramentais, ou, em última análise, é o problema da relação entre as vocês e as res, entre as palavras e as coisas, entre o pensamento e o ser. (ANTISERI; REALE, 1990, p.519).
Existem teorias sobre os universais, de modo que podemos destacar as seguintes: 1ª) o que chamamos de universal é o ente para os teóricos realistas e que tem como predicado para vários outros e/ou de modo particular, todos os demais entes, assim chamados, porque na realidade ele existe em sentido objetivo, seja como uma realidade em si, transcendente inclusive em relação ao particular (o caso dos universais ante rem, defendido por Platão), bem como um entre imanente, algo encontrado e ou presente em todas as coisas individuais (o caso da universidade in re, defendida por Aristóteles); 2ª) para os teóricos conceitualista e ou conceitualismo, o universal é apenas aquele conteúdo e ou conceito inteligível e ou compreensível na mente humana e/ou é a representação do intelecto e que assim sendo deriva das coisas e com tais coisas guarda algum tipo de semelhança ( é a universalia post rem).
Por outro lado, tendo como base o ponto de vista gramática e lógico, diante das repercussões envolvendo os problemas teológicos e metafísicos, ainda podemos mencionar a terceira teoria, denominada de nominalista, onde o universal é apenas um nome, a simples emissão fonética, por exemplo, um flatus vocis. É apenas o som que sai da boca de alguém que fala e/ou conversa.
Diante do presente contexto, existem várias perspectivas referentes a maneira e ou forma sobre como ter em mente a percepção de uma propriedade geral, algo exemplar e ou particular. A problemática dos universais sempre foi debatido pelos mais importantes filósofos medievais, dentre os quais podemos citamos: Guilherme de Ockham, Boécio e Porfírio (BLACKBUM, 1977).
Então quem foi Platão? Platão é o filósofo e matemático grego, do chamado período clássico da Grécia Antiga, cujo nome significa: “amplo”, nascido em Atenas em 428/427 a.C e faleceu em 348/347 a.C na mesma cidade. Autor de diversos diálogos filosóficos, além de fundador da Academia em Atenas, considerada a primeira instituição de ensino superior do chamado mundo ocidental. Foi aluno de Sócrates e seu discípulo e/ou pupilo Aristóteles. E assim sendo, ajudou a construir as bases e ou alicerces da filosofia natural, da ciência e bem assim da filosofia ocidental (PLATO, 2002). Há quem diga que o seu verdadeiro nome é Arístocles (LAÉRCIO, sd).
Enfatizamos ainda que Platão foi racionalista, realista, idealista e dualista, cujas idéias inspiraram mais tarde tais filosofias (SHARMA, 1991,PP. 163-164).
Ao estudarmos o que chamamos de conhecimento universal via a fundamentação e ou orientação ontológica, vamos encontrar Platão em sua ontologia do conhecimento dividido em duas partes: 1ª) – O mundo sensível, como sendo aquele onde está a maioria das pessoas, aprisionadas ao mundo iluminado, onde as pessoas apenas avistam as imagens manipuladas por outras pessoas, envolvendo sua forma e sua dimensão; 2ª) - O mundo inteligível e/ou mundo das idéias e/ou o mundo dos filósofos, é aquele onde o ser e ou a pessoa liberta-se da caverna e tem a liberdade para lançar o próprio olhar em direção do mundo iluminado sem algemas e/ou qualquer tipo de dependência.
Aristóteles nasceu em Estagira em 384 a.Ce faleceu em Atenas, em 322 a.C., é filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande, em 343 a.C., de modo que em 335 a.C., Alexandre assume o trono da Macedônia e Aristóteles volta a morar em Atenas, quando funda o Liceu. Escreveu sobre vários assuntos dentre os quais: a física, a metafísica, as leis da poesia e do drama, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, a biologia e também sobre a zoologia. É importante mencionar de que Aristóteles, juntamente com Platão e Sócrates (professor de Platão), é considerado um dos fundadores da filosofia ocidental.
É importante mencionar que a grande obra de Aristóteles chama-se o “Organon”.
Em Aristóteles vamos encontra as quatro causas que implicam a existência de algo: 1ª) a causa material: de que é feita e ou daquilo que a coisa é feita. Exemplo.: o ferro, a madeira, o barro, etc.; a causa foral: é a coisa em como.Exemplo: uma faca de ferro; um revolver de outro; um livro de papel, etc.;3ª) a causa eficiente: é aquilo que dá origem e ou origina a coisa feita. Exemplo.: as mãos de um ferreiro; 4ª) a cauã final, aqui compreendida como sendo a função para qual a coisa foi feita. Exemplo: um faca para corta carne; o carro para conduzir passageiros.
O termo ontologia é substantivo feminino, que segundo o aristotelismo, é a parte da filosofia quem estuda as propriedades mais gerais do ser, apartada da infinidade de determinações, haja vista que ao qualificá-lo em particular, ocultam a natureza plena e integral do referido ser. Por outro lado, a ontologia tendo como base o heideggerianismo, assim considerado como a reflexão a respeito do sentido abrangente do ser, como aquilo que torna possível as múltiplas existências, portanto, vem daí a oposição à tradição metafísica que em sua orientação teológica, teria transformado o ser em geral num mero entre com atributos divinos.
A teoria do conhecimento é igualmente conhecida como epistemologia, assim ela é o ramo da filosofia que tem por objetivo buscar a origem, a natureza e bem assim o valor e os limites do conhecimento, é a realização em tese da faculdade de conhecer algo. Ressaltamos de que a epistemologia é o estudo sistemático do conhecimento científico, motivo pelo qual é conhecida e ou chamado de filosofia da ciência, portanto, a teoria do conhecimento é mais ampla, desse modo, não é exato afirmar que teoria do conhecimento e epistemologia é a mesma coisa.
Então a teoria do conhecimento é a ciência responsável a tentar estudar para entender o processo de conhecer para entender e ou compreender a realidade, mediante formulas e ou maneiras fundamentais em termos de discernimento científico. O argumento verdadeiro, baseado na teoria do conhecimento é diferente de uma afirmação e ou opinião sem base e ou estrutura científica do que é certo e ou é errado. Na Grécia Antiga todo conhecimento estava atrelado em geral com o principio da verdade. Assim sendo, dar uma opinião é apenas um palpite de verdade, porém, o enunciado não é verdadeiro.
Na antiguidade, o objeto deveria ser imutável para ter a possibilidade de ser verdadeiro. Entenda-se que um objeto imutável é justamente o objeto no qual o seu estado normal não pode ser modificado após sua criação. É daí que vem a idéia de ser imutável, portanto é considerado um ser universal. Deste modo o ser particular vive em movimento que provoca direta e indiretamente mudanças, portanto, não tem validade universal.
Ante o exposto, vamos encontrar Platão e Aristóteles, ambos com suas teorias do conhecimento do ser imutável, portanto, universal.
Na visão ontológica de Platão conforme as obras de sua autoria: Fédon e Timeu. Na obra denominada Fédon, as idéias e os seres existentes, ainda que por analogia, é uma tentativa de explicação do mundo por ele vivenciado. Por outro lado, na obra Timeu, vamos encontrar o que Platão diz e/ou fala sobre e/ou a respeito do mundo sensível e os seres existentes em sua visão de mundo.
Assim sendo, Platão desenvolve sua ontologia fundamentada na divisão de dos dois mundos opostos e coexistentes: o sensível ( é a existência e presença dos seres particulares e/ou concretos) e o inteligível (é formado pelos universais, pelas idéias e ou formas).
O uso de mitos por Platão criados é a melhor maneira que ele achou algumas vezes para expor suas próprias idéias. Podemos também dizer que a própria ontologia platônica é explicada através de seus mitos. Assim sendo, Platão desenvolve algo que tem característica teológica, levando-se em consideração que ele atribui tudo ao “deus” denominado de “demiurgo”, enquanto criador dos seres concretos. Diante de tal afirmação, a existência do ser sensível é uma criação de “demiurgo”, assim considerado como sendo um “deus” artesão. E até porque Platão é enfático ao afirmar que “demiurgo” é realmente o criado dos seres sensíveis, advindos dos seres inteligíveis e/ou seja, todos os seres sensíveis são meras cópias dos seres inteligíveis.
E quem é o “demiurgo” criado por Platão? Podemos dizer que o termo “demiurgo” significa o que trabalha para o público, artífice e operário manual. Algo relacionado aos “demios” significando “do povo”, assim como em demos, povo, e ourgos, significando “trabalhador”, assim como em “ergon”, significando trabalho. Vamos também encontrar “demiurgo” como “criador do mundo” e “o primeiro magistrado dos estado do Peloponeso” (NEVES, 2012, p.124).
E Platão entende que as ideias, enquanto criação são seres eternos, tendo em vista a apreensão somente através da mente humana, bem diferente dos sensíveis que estão direta e indiretamente em constantes mudanças e que através dos sentidos são apreendidos.
Diante do exposto, para se entender cada tipo de ser, existe uma metodologia e ou método específico. Por entanto não vamos discutir os métodos de conhecimento até então existentes.
É importante a exposição mais detalhada dos dois mundos e ou realidades existentes, ainda que por analogia na visão de Platão dos seres neles existentes.
O corpo de conceitos filosóficos criado por Platão na Grécia Antiga é chamado e ou conhecimento com o nome de teoria das idéias e ou teoria das formas. Vale salientar de que tal teoria platônica assevera com todas as letras que a realidade mais fundamental é composta e ou constituída de idéias e/ou formas abstratas, portanto, mais substanciais. Ainda segundo ele tais ideias e ou formas são os únicos objetos e ou coisas passíveis de oferecer o verdadeiro conhecimento. Na tentativa de resolver o problema dos universais (enquanto conceito metafísico), através de vários diálogos, teve origem assim à referida teoria.
É o mundo das ideias e ou mundo inteligível que serve de modelo e ou de paradigma para a própria criação do mundo sensível. O mundo sensível deve ser compreendido como sendo o tipo de imagem do mundo das próprias ideias concebidas e ou criadas. A totalidade e ou universo da ideias nada mais nada menos que a realidade autônoma e que o acesso a tal mundo acontece através da alma.
Na visão de Plantão a criação do ser sensível, foi criada por “demiurgo” com visibilidade e ou intenção de alcançar o ser eterno.
Ante o exposto, vamos encontrar os seres inteligíveis com a propriedade de seres imutáveis, tendo em vista que continuam sendo sempre os mesmos seres em qualquer lugar do mundo, claro sem alteração por analogia a visão socrática.
O que nos leva a crer que as ideias são realmente transcendentes, haja que estão e ou existem no mundo separado do ser sensível e ou vivem em outro mundo, e ou seja o mundo que chamamos de inteligível.
Pensar assim é dizer que tais seres são abstratos, tendo em vista que são imperceptíveis pelos sentidos, uma vez que é através do pensamento é que temos tal compreensão.
Todos os seres inteligíveis são absolutos, haja vista que não precisam de outros e ou de nada de qualquer espécie e ou forma para existirem, tem existência própria em si mesmo e/ou seja por si e em si, e vamos encontrar tal afirmação na passagem do Fédon, quando Sócrates dialoga com Símias. Vem daí a confirmação da existência do justo, do belo e do bem em si e que na realidade todos não são visíveis.
Os atributos e ou características do ser inteligível é algo parecido como sendo opositores dos seres sensíveis é o que podemos observar ainda que por analogia.
A partir dos elementos: fogo, terra, água e ar, temos a composição do mundo sensível. Diante de tais elementos temos a criação do corpo do mundo sensível e ou dos seres sensíveis, que tem como uma das características principais o fato de estar sempre em constante movimento. Assim sendo, Platão desenvolveu dois argumentos para explicar tal mudança, a saber: um argumento ele atribui a alma (referente ao movimento do cosmo, explicando ainda que acontece tal mudança porque o mundo é antes de tudo um ser vivo e tem alma, que tem o movimento em forma circular, como por exemplos: ao olharmos o céu ou universo e avistamos a circularidade do sol, dos astros, da lua, etc. e que tal alma do mundo, tem como finalidade produzir o movimento que diz respeito a tempo e daí vem os dias, as noites, os meses e os anos), como causa; e o outro argumento ele atribui a causa mecânica, relacionada diretamente ao mundo sensível, é aí onde Platão usa os sólidos perfeitos para explicar tal movimento, usando figuras geométricas, por exemplo: usou o tetraedro para corresponder ao fogo; idem, usou o octaedro para corresponder ao ar; idem, o icosaedro para corresponder a água; e finalmente usou o cubo para corresponder a terra.
Diante de tais figuras o mundo se choca constantemente, haja vista que todas as figuras estão sempre em movimento.
Diante de tais argumentos, pelo fato de não existir uniformidade dos elementos sólidos, vem assim causar o movimento mecânico dos mesmos, tendo em vista que os sólidos vivem tentando ficar sempre em equilíbrio, embora que as formas individuais de cada figura não permitem que se encontrem. Disso não temos dúvida de que em tentando ficar em equilíbrio, surge o constante movimento da terra, água, ar e fogo.
Todos os seres sensíveis e existentes no mundo são: gerados, corpóreos e visíveis aos nossos olhos. Quando mencionamos de que tais seres são gerados é porque eles derivam de algo e ou outro ser já existente. E até porque quando afirmamos que eles são concretos é porque são visíveis e tangíveis, levando-se em consideração o fato de serem percebidos por nossos sentidos: tato e visão. É justamente isso que faz Platão dizer que todo ser sensível tem a característica de ser concreto e visível ao mesmo tempo.
Mas o filósofo Platão não fica só por aí, quando ele vai explicar como é realizada a gerações envolvendo os seres sensíveis, ele aumenta o espaço. Desse modo agora temos três entidades diferentes: 1ª) aquilo se gera (as coisas sensíveis); 2ª) aquilo no qual se gera (em termos de espaço); 3ª) aquilo por semelhança e/ou por analogia com o qual e ou do qual nasce aquilo e/ou a semelhança e aquilo à semelhança do qual nasce aquilo e/ou se geram as ideias.
O espaço é usado por Platão como sendo o local e/ou recepção ambiental de geração dos seres sensíveis.
Por analogia, Platão diz que o inteligível e ou a forma seria o pai; enquanto o receptáulo e/ou espaço, ambiente de geração do ser sensível é a mãe, e conclui dizendo que o ser gerado é o filho.
Os seres e ou coisas sensíveis (tem determinados atributos) e os seres inteligíveis tem relação de participação do sensível no inteligível, como por exemplo: a beleza que é produzida envolvendo a união com algo que é belo inteligível. Vem daí a ideia do que é belo e por assim dizer, transforma e ou torna as coisas com capacidades sensíveis e belas.
Diante de tais fatos, podemos compreender o pensamento de Platão como sendo aquele que descreve ideias como paradigmas e ou modelos e ou arquétipos perfeitos e eternos, e por outro lado, os as coisas e ou seres sensíveis são meras cópias imperfeitas das coisas que existem no mundo inteligível.
Enfim, a partir de tais ideias, dimiurgo criou os seres sensíveis, motivo pelo qual Platão em sua visão de mundo tem a concepção sobre o universal anterior ao particular, é o ante rem, a partir da Idade Média lhe é atribuída tal tipologia.
Aquilo que chamamos de o universal na concepção ontológica de Platão, entendemos como sendo: ser real existente e ou criado no mundo das ideias. E assim sendo, tem as seguintes características: ser eterno, imutável, transcendental, abstrato, absoluto e por fim tem que ser invisível. E até porque ele se constitui como modelo e ou paradigma para a criação e/ou origem dos seres concretos.
Aquilo que chamamos de teoria do conhecimento na visão de Platão é o caminho percorrido, em termos de verdade que se busca e se contempla.
Aristóteles desenvolve ontologicamente a teoria da substância, onde a realidade é formada por dois tipos de entidades: o ser e os acidentes e/ou as propriedades. O que vale dizer que o ser enquanto entidade existe em si mesmo, todavia os acidentes necessitam e ou precisam de algo para poder existir. Diante de tal afirmação quem quiser descrever a realidade, necessariamente tem que usar tais entidades em seu discurso.
E como Aristóteles usa a ontologia em suas obras: Categorias e Metafísica?
Inicialmente, em as “Categorias”, ele usa os tipos considerados mais gerais dentre os seres existentes na terra. Para tanto ele combina dois critérios para classificar tais seres: 1º) “existir num sujeito”; 2º) “ser dito de um sujeito”. E continua descrevendo quatro tipos de seres: duas substancias; uma particular e uma universal; duas qualidades, sendo uma particular e uma universal.
De modo que Aristóteles ao fazer o desenvolvimento e a relação existente entre os tipos de coisas do mundo, pressupõe que existe sim, um entre básico que é o substrato. Tal suporte e ou alicerce vai servi para se compreender a existência das demais coisas questionadas: 1º) são ditas de algo; 2º) estão em algo; 3º) são ditas e estão em algo, tudo ao mesmo tempo. E são classificadas: particulares e universais. Entendemos como algo particular como sendo algo individual e como algo universal, aquilo que é comum a todas as coisas.
Assim sendo, podemos dizer que existem quatro entes e ou tipos: substância primeira, substância segunda, qualidade particular – “qualis” e qualidade universal “ qualitas”. Informamos também que Aristóteles define as qualidades como não-substâncias. Diante disso, existem as substâncias singulares e comuns e existem as substancias não-substâncias singulares e comuns, na visão aristotélica.
Em linhas gerais Aristóteles em se referindo ao caso do universal em relação a segunda substancia, ele é apenas um conceituador de categorias.
Nos seus estudos sobre a Metafísica, Aristóteles é o oposto de quando criou as Categorias. Agora ele faz uma nova análise ontológica sobre a substância primeira em termos de aprofundamento. Ele nova concepção sobre a substância primeira.
Agora nos estudos da Metafísica, Aristóteles passa a chamar a substância primeira de sujeito e ou de substrato.
Aristóteles entende que a substância não é predicado e pode ser separada. Assim entendemos que o substrato é tudo aquilo que é predicado de todas as outras coisas, desde que não seja o predicado de nenhuma outra coisa. E até porque substrato é o como aquilo de que se predica tudo mais, mas que não é predicado de nenhuma outra coisa (ARISTÓTELES, 1969,p. 149).
A Metafísica, cujo termo tem origem no grego antigo “metà”, que significa depois de, além de tudo, e “physis”, significa natureza e ou física. Assim a metafísica é uma dentre as demais disciplinas fundamental da filosofia, que trata da tentativa de descrever os fundamentos, a estrutura basilar, as condições, as leis, os princípios e ou as causas, a procura de sentido e finalidade da realidade do todo e ou dos seres em geral. Por outro lado, a ontologia é um ramo central da metafísica. Assim sendo, cabe a ontologia investigar as categorias básicas de cada ser e bem assim como tais categorias se relacionam entre si. Portanto, tudo que é comum as coisas é Metafísica para Aristóteles.
A diferença existente entre opinião e ciência é possível em Aristóteles, graça a distinção existente entre conhecimento adquirido via a experiência e o conhecimento científico propriamente dito.
As experiências sensíveis tratam do que chamamos de opinião, difere de conhecimento verdadeiro que o saber cientifico adquirido via a ciência. Assim sendo a experiência conhece o particular e o universal só é possível através da ciência e ou conhecimento científico.
Dentre as principais diferenças existentes entre o conhecer pela experiência e o conhecer pela ciência é o justamente o que chamamos de conhecimento pela percepção sensível e/ou conhecimento empírico. A ciência usa necessariamente o raciocínio, o que vale dizer que a ciência é algo muito além do saber empírico.
O conhecimento experimental na visão de Aristóteles é uma mera constatação do fato em si, e por outro lado, o conhecimento científico é a busca para saber o porquê do fato. Todo conhecimento do universal é uma expressão cientifica e/ou relacionada a ciência propriamente dita.
O universal é aplicado por Aristóteles na teoria do conhecimento por ele criada e tem duas distintas áreas de conhecimento: 1ª) a metafísica; 2ª) a lógica. Enfim a lógica pode ser divida em dedução e indução, ambos são paradigmas e métodos pedagógicos e científicos.
Pelo método indutivo, o conhecimento e realizado via a experiência do particular para o geral, enquanto que pelos universais tem origem na ciência, buscando assim o a conhecer o universal, inclusive nos particulares.
De outra forma o conhecimento dedutivo é a cognição mais inteligível e próxima daquilo que chamamos de algo sensível. Os primeiros princípios da dedução devem está focadas nas premissas originais e ou os primeiros princípios. Entenda-se aqui que quando não existe premissa anterior a ela deve ser usado como conceito do que chamamos de primeiro principio. Podemos mencionar que o conhecer pelo processo dedutivo tem origem de algo já conhecido. Fazer uma dedução de uma coisa é parte do geral para o particular, é assim o conhecimento chamado de demonstração por Aristóteles. Entenda por demonstração o silogismo e ou suposição, como sendo um argumento cientifico que contém a afirmação conclusiva e derivada das premissas.
É possível termos uma interpretação real do conhecimento através do presente estudo sobre as teorias dos filósofos Platão e Aristóteles, sendo portanto, possível e ou ter uma visão de mundo como a natureza é em si. Percebemos que o conhecimento está focado no sujeito, em termos de estruturas cognitivas e os objetos do conhecimento, na visão platônica. Em síntese Platão em sua ontologia afirma que o universal é idéia abstrata e que está no mundo inteligível, portanto, separado do que chamamos de sensível. Assim sendo é preciso conhecer o universal através do método dialético. Por outro lado, podemos observar o universal nos seres sensíveis na visão de mundo de Aristóteles.
.......................
REFERÊNCIAS
ABBAGNANANO, História da Filosofia. 3.ed. Lisboa: Editora Presença. 1984.
ANTISERI, DARIO; REALE, Giovanni. História da Filosofia. Vol. 1. Editora Paulus, 1990.
ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução de Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969.
BLACKBUM, Simon. Dicionário de Filosofia. Gradiva, 1997. ISBN: 9789726625322.
CASTRO, Susana de. A teoria aristotélica da substância. 1ª edição. Rio de Janeiro. Editora Contraponto-PUC, 2008.
_____________. Ontologia. Filosofia. Passo-a-Passo 83. Rio de Janeiro, Editora Zahar, 2008.
GOMES: Morgana. Platão. São Paulo: Minuano.
KAHN, C.H. Plato and the Socratic Dialogue. P. 186 – sd.
LAÉRCIO, Diógenes; SEDLEY, David. Plat´s Cratylus. Cambridge University Press, 2003.
LAÉRCIO, Diógenes. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Livro III, Vida de Platão,V, sd.
MONDIN, Batista. Curso de Filosofia. Vol. I. São Paulo: Paulus, 2007.
NEVES, Orlando. Dicionário da origem das palavras. Leya [S.I.] 2012. p.124. ISBN 978-989-555-646-5.
PLATO –Encyclopaedia Britannica. 2002. (em Inglês).
PLATÃO. A República. Tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. 13ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2012.
_____. A República livro VII. Apresentação e comentários de Bernard Piettre; tradução de Elza Moreira Marcelina- 2ª edição. Brasília: Editora: Universidade de Brasília, 1996.
PLATÃO, Fédon. Edição bilíngue, tradução Carlos Alberto Nunes. Ed.:ufpa, Belém, 2011.
PLATÃO, Timeu. Introdução de José Trindade dos Santos. Tradução de Maria José figueiredo. Coleção: Pensamento e Filosofia. Lisboa, Ed.: instituto Piaget, 2004.
REALE, Giovanni; ANTISERE, Dario. História da Filosofia: Antiguidade e idade média. São Paulo: Paulus, 2005.
SHARMA, R.N. Plato: Na Interdisciplinary Perspective Atlantic Publishers & Distri (S.I.]. 1991, pp. 163-164.