A festa dos livros

A Semana do Escritor veio ocupar esse espaço, preenchendo a lacuna deixada pelas políticas públicas e pelo próprio mercado editorial

Iniciada sem grandes pretensões em julho de 2005, a Semana do Escritor de Sorocaba alcançou, em apenas dois anos, o status de evento literário mais importante da cidade e região, tornando-se referência sobre Sorocaba (altamente positiva, diga-se de passagem) em sites especializados do Brasil e até mesmo do Exterior.

O sucesso do evento deve-se em muito à simplicidade da fórmula adotada por seu idealizador, o editor sorocabano Douglas Lara. Em vez de buscar patrocínios oficiais ou privados, Lara preferiu propor o rateio dos custos entre os participantes, fazendo deles co-realizadores.

Ao mesmo tempo, convenceu a direção da Fundec (Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba) a ceder sua sede para a realização do evento, obtendo um apoio decisivo da diretoria encabeçada pelo empresário Alexandre Latuf.

A proposta deu certo, e, já na primeira edição, a Semana do Escritor mostrou a que veio, com uma programação intensa de lançamentos, autógrafos, apresentações artísticas e exposição de livros. Programação que, em 2007, alcança uma dimensão ainda maior, graças ao apoio proporcionado pelo Gabinete de Leitura Sorocabano.

Na verdade, o caminho para a Semana do Escritor começou a ser aberto em 2002, quando a Imprensa Oficial do Estado, a Câmara Brasileira do Livro e a Associação Nacional de Livrarias realizaram, no pavilhão da Cianê, uma etapa do Circuito Paulista do Livro.

Durante dez dias, a feira de livros recebeu mais de cem mil visitantes, evidenciando o potencial desse mercado em Sorocaba. Mas o Circuito Paulista do Livro foi desativado já no ano seguinte, e a bienal do livro de Sorocaba acabou não indo além de sua primeira edição.

A Semana do Escritor veio ocupar esse espaço, preenchendo a lacuna deixada pelas políticas públicas e pelo próprio mercado editorial. Com um público heterogêneo, formado por crianças e adultos de diferentes perfis e classes sociais, a Semana mostrou-se um espaço excelente não apenas para a difusão de obras literárias, mas também, e principalmente, para que os autores e os leitores pudessem se encontrar e interagir.

Na feira de livros e nos encontros com autores, o público tem a chance de conhecer um painel da moderna produção literária brasileira e mundial, com ênfase para as edições independentes, que se ressentem da ausência de uma visibilidade mais ampla junto ao público consumidor.

Esse contato é especialmente necessário em Sorocaba, cidade em que os lançamentos de livros tornaram-se corriqueiros a partir de 2000, com o advento da Lei de Incentivo à Cultura (Linc). Se, por um lado, a lei permitiu que diversos trabalhos fossem a prelo, por outro ainda não foi possível criar uma estrutura de divulgação e distribuição para torná-los acessíveis, restando aos próprios autores a tarefa de fazê-lo, quase sempre de maneira amadora. Muitas obras permanecem, dessa forma, fora do alcance do grande público, simplesmente porque não existem projetos e espaços que façam a ponte entre quem escreve e quem gosta de ler.

Ao inaugurar-se a Semana do Escritor, hoje, às 19h, na sede da Fundec (rua Brigadeiro Tobias, 73, Centro), esse ponto de contato será retomado, ainda que por poucos dias (o evento termina no domingo). É, porém, o suficiente para despertar a cidade para sua riqueza cultural, e também para mostrar que grandes eventos são possíveis, ainda que sem muitos recursos.

A Semana do Escritor é um exemplo de realização criativa e corajosa, que não dispensa os apoios oficiais, mas também não depende exclusivamente deles. Por tudo isso, e pela oportunidade única de um mergulho no universo das letras locais, merece a atenção dos sorocabanos.

Jornal Cruzeiro do Sul

http://www.jcsol.com.br/2007/07/24/24A306.php

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Douglas Lara
Enviado por Douglas Lara em 24/07/2007
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