EU ADMIRO A FÉ DOS ATEUS!!!!

Cresce o número daqueles que já não creem mais em Deus. Ou mais precisamente em nada que não esteja relacionado à matéria, ou seja, a algo visível, palpável e provado (de preferência em laboratórios). Se analisarmos a historia da humanidade iremos, perceber que o ser humano deste os seus primórdios sempre creu em alguma divindade. Ainda que se possa dizer que o homem criou Deus ou deuses para seu bel prazer ou refúgio (como dizia Baruch Spinoza), não há como negar: sempre se creu em algo para além da matéria. Na antiga Grécia, por exemplo, havia uma preocupação com a cosmologia, ou seja, com o estudo da origem das coisas e do mundo. Buscava-se com isso entender a ligação do homem com os deuses. No período helenista onde a cultura grega foi fortemente influenciada por outras culturas, a crença no transcendental também era muito forte. Em tempos medievais o cristianismo foi o grande carro chefe na questão espiritual. Já na modernidade o racionalismo universal propagado pelos filósofos iluministas que veio combater às trevas da religião, a crença em Deus (ou em deuses) ainda perdurava com um ou outro descrente. Foi só no começo da era contemporânea com o avanço da tecnologia e da ciência que a descrença no sobrenatural ganhou força com o que denominou chamar de: ateísmo. “Deus está morto”, já dizia Friedrich Nietzsche. Aliás, que Deus se ele nunca existiu? Diriam muitos ateus. Algo que não existe não pode morrer. Certo? Segundo o ateísmo sim. Fato é que o ceticismo no sobrenatural tem arrastado inúmeros adeptos mundo a fora. Pessoas que outrora se diziam homens e mulheres de fé, hoje, não só não creem como zombam de tudo que esteja relacionado à fé (em especial, a cristã). Um dos motivos dentre outros que tem afastado pessoas da sintonia com o sagrado tem sido o horror praticado pelas religiões. Como um cristão, não posso negar os horrores que religiosos cristãos praticaram ao longo dos séculos supostamente em nome de Deus. As inquisições, as disputas por poder, indulgências, mais recentemente a pedofilia e todo tipo de fraudulência e ganância religiosas são alguns dos obstáculos entre fé e ceticismo. Isso sem falar do terror atual cometido por terroristas extremistas islâmicos que em nome da religião islâmica matam e destroem sem dó e sem piedade qualquer um que cruze seus caminhos. E com isso, questionamentos inevitáveis do tipo: Se Deus é bom por que permite o mal, são questões que estão em pauta na mente de inúmeros ateus. Das duas a uma: Ele é bom e não é poderoso. Ou é poderoso e não é bom. Um nó na garganta dos religiosos. É verdade. Mesmo eu sendo um religioso não consigo entender por que crianças, velhos, mulheres e outros morrem diariamente de forma cruel. Crianças sem alimentos e desnutridas, aumentam o índice de mortalidade infantil. Dizer que Deus tem propósitos nisso já não acalma meu coração. Que ele esta no controle de tudo também não. Enfim, justificativas teológicas me cansam. No entanto, o mal embora seja emblemático não é para mim fonte de empecilho para não se crê em uma divindade (no meu caso, no Deus judaico cristão). Vejamos: vamos então excluir tudo que seja transcendental do mundo e vamos imaginar este mundo sem Deus ou deuses e perguntemos? De onde vem à maldade humana? Por que países que aboliram a religião, como a antiga Russia, Coreia e outros, ao invés de melhorarem só pioraram a vida de seus cidadãos? O que faz uma pessoa entrar em uma boate gay e matar inúmeras outras sem mais e sem menos? O que faz lideres como Hitler e Stalin que excluíram de seus países a religião, ou seja, países ateus, matarem milhares de seres humanos de forma tão cruel e desumana? Se o mal é a negação da existência de Deus como costumam afirmar os ateus, como explicar a presença do bem tão forte no mundo também? O ateísta poderia dizer: Vem da natureza, do cosmos, da razão universal embutida em todos os seres humanos (jus naturalismo) ou do Big Bang. Tá, mas quem criou a natureza, o cosmos, a razão humana e o Big Bang? Percebe que por trás de qualquer negação da existência de algo sobrenatural, sempre há embutido nesta negativa um conjunto de crenças alternativas que se não de forma declarada e explicita, não deixa de ser um tipo de fé também? Se for verdade que estamos abandonados a mercê da sorte e do acaso, ou que a vida é só isso aqui e agora por qual motivo devemos amar, perdoar e se preocupar, por exemplo, com crianças e refugiados sírios que morrem diariamente vítimas de guerras? Por que deveríamos nos preocupar com isso? Por que ser fiel ao cônjuge, amigos, filhos e conhecidos? Por que não continuamos com a escravidão e a exploração sexual infantil? De onde vem toda essa nossa ética e moral? Eu creio que vem de Deus. Mas, se ele de fato não existe, qual a razão de se revoltar com tudo isso? O ateu mais pragmático poderia dizer que devemos ser bons, amando, ajudando e solidarizando uns com outros, porque isso faz a sociedade funcionar. Seria a lei natural da vida. Ok. Mas, por que a sociedade precisa e tem que funcionar? E, se as pessoas dissessem que não querem que ela funcione. Quem ousaria recriminar tais pessoas? Fazendo uma “analogia” bem simplista e rasa, o fato de não termos conhecido o pai de Adolf Hitler será que nos levaria a crê que este pai nunca existiu porque se de fato tivesse existido seu filho não teria cometido tais atrocidades? Acho que não. Creio que com Deus, também aconteça o mesmo. Enfim, o tema gera muita polêmica e longe de eu provar Deus. Mas, uma coisa é fato: Caso Deus não exista os que nele creem não estão perdendo nada além do tempo perdido crendo em uma mitologia ou delírio humano. E, assim, morreu e acabou. Agora, se há um criador que ama e responsabiliza a raça humana por seus atos, os que não creem estão perdendo tanto nesta quanto na outra vida.

Portanto, diante da beleza do mundo. Do cântico de um lindo pássaro. Do companheirismo de um cão amigo. Da doçura de um golfinho. Da ferocidade de um leão. Da bravura do mar com seus infindáveis mistérios e do sol que não ultrapassa o chão. Do amor de um pai para com o filho e de um filho para com um pai. Da gestação e do nascimento de uma criança. Da solidariedade de um desconhecido para com outro adoecido. Das canções de Mozart, Beethoven e tantos outros. Diante de tudo isso e muito mais, eu concluo: Os ateus tem toda a minha admiração e respeito, porque para crer que o mundo é um acaso ou que surgiu do nada e não possui nenhum proposito para além do aqui e agora (um niilismo radical), é preciso ter muita fé. Por isso, meu caro ateu, eu dou os meus legítimos e sinceros parabéns a você (sem ironias).....

Danilo D
Enviado por Danilo D em 09/09/2016
Reeditado em 24/11/2016
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