Álbum de Campo Grande (1939)


     Em outubro de 1939, os moradores de Campo Grande, no sul do Mato Grosso, presenciaram o lançamento do Álbum de Campo Grande, organizado pelo jornalista Benedito Leitão e impresso nas oficinas gráficas do jornal “O Progressista”, órgão do Partido Progressista do Mato Grosso, fundado em 1933, de acordo com as anotações históricas do escritor José Barbosa Rodrigues. Composta por 150 páginas ilustradas com anúncios comerciais, essa publicação tinha o objetivo de divulgar o município de Campo Grande, polo do desenvolvimento econômico do sul do Estado. De imediato, o lançamento do Álbum teve uma ampla repercussão no Estado. Logo em seguida, o escritor José de Mesquita publicou um artigo no jornal, A Cruz, edição de 4 de fevereiro de 1940, apresentando o lançamento da publicação campo-grandense.

     O referido escritor ressaltou que depois da publicação do Anuário de Corumbá, para orgulho da Cidade Branca, o Álbum de Campo Grande acaba de ser lançado para divulgar os fatos mais relevantes da cidade líder da região sul. Cumpre destacar um aspecto fundamental da referida publicação que apresentou vários artigos de interesse histórico, cultural e educacional. Esse é o caso do trabalho assinado pelo médico Peri Alves de Campos, intitulado Do primeiro rancho à locomotiva 44, que sintetiza detalhes da trajetória do fundador de Campo Grande, José Antônio Pereira, desde 1872 até 1914, quando chegou à vila a locomotiva número 44, por ironia o mesmo número do calibre a arma de fogo tão usada naqueles tempos de violência mais explícita.

     Nesse panorama geral do município de Campo Grande consta o progresso da Fazenda Mateira, de propriedade do empresário Antônio Abdo, natural da Síria, que chegou ao sul do Mato Grosso em 1908. Anteriormente, morou dois anos no município mineiro de Santa Rita de Cássia e com apenas 21 anos de idade resolveu tentar fortuna nos campos da Vacaria, onde seria reconhecido como rei do café do Mato do Mato. A Fazenda Mateira foi anunciada como a maior organização agrícola do Estado do Mato Grosso, com 140 mil pés de café em produção. Nos anos seguinte, a tentativa de diversificar a base agrícola do município, com a introdução da cafeicultura, revelou ser uma opção não indicada, diante da vocação para a predominâncias da pecuária.

     Mais conhecida até então como berço da pecuária extensiva, Campo Grande começava a despertar como cidade aprazível e cultural, onde se podia ter uma vida confortável, ouvir rádio, ir ao cinema, matricular filhos em bons colégios e frequentar alguns hotéis, bares elegantes e luxuosos. Nesse sentido, a publicação surpreendeu quem tinha uma ideia equivocada como se a cidade fosse ainda uma vila rural. Para complementar, o professor Severino de Queiroz publicou, no Álbum de 1939, um artigo sobre o avanço da instrução escolar em Campo Grande, com a expansão dos estabelecimentos de ensino primário, secundário e profissional.