Crítica a nós mesmos
Refletindo sobre a natureza humana, depois de passar por certas experiências nos últimos dias, tive a grata surpresa de firmar ainda mais meus conceitos sobre o mundo. Em meio a um mundo tão caótico e sem nexo, onde homens se matam por territórios e poder - esquecendo o verdadeiro sentido da vida, o que resta àqueles que ainda têm um pouco de consciência senão agarrar-se com unhas e dentes à matriz de todas as coisas, onde tudo foi gerado, útero de universo: o cosmos.
As pessoas são preconceituosas em relação à astrologia e, por tabela (ou ignorância mesmo) esse preconceito alcança também a astronomia. Condenam os astros e sua influência sobre nós, não notam o quão maravilhoso é poder utilizar o céu para nos conduzir. Céu este que nos orienta tanto fisicamente, servindo como bússola, de referência, como espiritualmente, onde nos orienta guiando nossa alma. O impacto disso é tamanho que não devem existir astrólogos ou mesmo astrônomos descrentes.
A Lua há pouco estava transitando por gêmeos e como geminiana que sou, pensei no que isso representa. Comecei a reparar nas pessoas a minha volta, em como elas estavam mais comunicativas e ávidas por contato e estímulo mental, mais bem humoradas, mais leves e também mais inquietas. Isso me faz pensar que as pessoas, 80% delas pelo menos, precisam aprender a se comunicar, a transmitir, a captar e refletir sobre as mensagens que são trocadas, tanto entre elas, como com as energias que nos cercam. A troca de informação é algo essencial para o nosso bem estar. Tanto é, que é provado cientificamente que quem sai mais, circula, conversa, fica doente com menor freqüência, isto porque estas pessoas tão ativas (física e mentalmente) têm menos tempo para adoecer. Uma má comunicação gera além de males físicos, uma infinidade de outros problemas. Relacionamentos podem ser destruídos por uma comunicação inadequada, mas, se ao longo do tempo o casal aprendeu a conversar sobre o que os incomoda ou agrada, esta relação pode ser firmada e consolidada a cada dia. Comunicação é isto, é trocar idéias, mensagens, é colocar para fora de forma estruturada nossos pensamentos.
É preciso ser flexível. Não sou perfeita, e estou longe de ser anjo, mas, sei que posso falar de flexibilidade. Eu vivo a flexibilidade a cada dia, faz parte de mim. Mas o que é flexibilidade afinal? Muitos a confundem com condescendência, permissividade e inconsciência, quando na verdade não é bem por aí. Digamos que a flexibilidade é a arte neutralizar os extremos, somar um ponto de vista a mais, porém sem anular o anterior. É não descartar as idéias passadas e sim transformá-las, somando-as a novas idéias. É procurar a definição exata de algo, coisa que exige que passemos por vários conceitos antes de chegar até a definição final do que queremos. Isto nos leva a pensar, a flexibilidade nos leva a pensar, e a capacidade de pensar é um pré-requisito para ser flexível. É preciso ser capaz de olhar os dois extremos ao mesmo tempo e se situar entre eles. Com isto não quero dizer que devemos ficar encima do muro, não, mas em algum ponto que não seja em nenhum dos extremos. Optar por uma das pontas tende a nos cegar e isso certamente nos impede de pensar, o que é imprescindível para sermos flexíveis. Pensando desenvolvemos a consciência e como conseqüência também a capacidade de análise. E é de análise, ou melhor, de auto-análise que todos precisamos. Auto-observação gera autoconsciência e ser autoconsciente é ser capaz de se ver. Isto não é fácil, não é mesmo?
A autoconsciência, por sua vez, é inimiga da condescendência tanto quanto o é do radicalismo. Ninguém é flexível sem auto-observação. O radical que combate alguma coisa não percebe em si mesmo os defeitos que enxerga no outro. No radicalismo existe a tendência a se ver no outro o que há em nós, e, com isto, não se ver a verdade, que, por ironia, é o que se acha que está vendo. Antes de apontar o dedo para alguém é preciso lembrar que outros três dedos estão apontados para nós mesmos. Isto não quer dizer que sempre o que se vê no outro é o que há em si mesmo, e sim, que cada vez que vemos algo no outro temos de, antes de falarmos qualquer coisa, olharmos para nós mesmos, fazermos uma espécie de revisão. É isto que vai moldar nossa opinião pouco a pouco, não a deixando tão extrema, porque sempre iremos encontrar um ou dois defeitos em nós. Ficamos mais compreensivos com a prática da flexibilidade, esta permite que se pintem detalhes que não havia na paisagem. Passamos a ver o fato. Portanto, ser flexível é complexo, exige mais. Temos de nos desenvolver. A flexibilidade é o grande exercício para o próprio crescimento. O ser flexível é sempre um ser auto-questionante, e, portanto, em constante aperfeiçoamento. É por ser fundamentada no pensamento que a verdadeira flexibilidade nata tem a ver com condescendência. Permitir tudo, esquecer, não são atributos de quem pensa, e sim, de quem está agindo compulsivamente. É preciso refinar a alma para ser flexível, é uma atitude de eterno aprendizado. O ser flexível é um ser sempre aprendendo. Erros aqui, acertos ali, mas, sempre refletindo a respeito de suas experiências, e também aparando arestas, modificando comportamentos. Isto é ser flexível. Não há flexibilidade se não há disposição para a mudança. Porém, ser flexível não é se adaptar ao que não se concorda, ceder porque é mais conveniente. Ser flexível é se propor a pensar e também a dialogar, mas não necessariamente aceitar. A flexibilidade, por natureza, pede uma resposta única a cada fato. Ser flexível também não é mudar de idéia toda hora por causa de circunstâncias. A flexibilidade é decorrente de uma mudança de pensamento, de atitude. O ser flexível muda porque refletiu. Ele usa a sua flexibilidade porque sente que é o melhor para si mesmo, e não porque se sinta obrigado a se adaptar ao externo por causa dele, o que é bem diferente. O ser flexível está em crescimento interior, e não preocupado com a adaptação ao externo, que pode ocorrer ou não, ser desejável ou não, a partir do que se aprenda com um determinado fato. Portanto, meus amigos, ser flexível é uma tarefa realmente dura, mas compensadora. Sejamos inteligentes então, comecemos a refletir mais e agir de acordo com nossas reflexões. Sejamos flexíveis!
Vocês podem estar se perguntando o que o Cosmos (que eu citei no princípio) tem a ver com flexibilidade? Eu, então, respondo com outra pergunta... O que seria mais complacente e flexível que o Cosmos (nossa energia mãe) a ponto de nos guiar sempre pelo caminho certo enquanto nos faz acreditar que é Ele quem dança conforme a música que nós seres humanos tocamos? Dando-nos assim a impressão de que nós comandamos essa nave chamada Terra. Além de flexíveis, então, concluo que devemos ser também mais realistas e olhar para o céu mais vezes...
T.C.R
Outubro de 2005