Vendedor: nato ou inato?
Muito se discute para saber se o ato de vender nasceu ou não com o ser humano. Nascer no meio de vendas (inato) pode levar uma pessoa a ser uma vendedora. Ela pode aprender a gostar desta maravilhosa profissão. Mas por que não pode nascer com ela este dom (nato)?
O dicionário pode definir melhor as palavras que compõem o título, mas será que podemos perceber quando uma pessoa tem este dom de vender ou que ela seja um vendedor nato?
Os teóricos dizem – melhor – escrevem que podemos criar um vendedor através de muito treinamento e técnicas; que o estudo vai aperfeiçoando até que ele possa ser considerado um profissional em vendas e eu não discordo. Eu posso aprender a tocar violão, mas será que poderei ser um grande músico ou não passarei de um musicista?
Estive conversando com um empreendedor digno de ser imagem a um livro sobre vendas. Ele carrega no sangue o tesão da venda. Vive a venda e cresce cada dia mais neste meio, criando oportunidades a muitos com os negócios que percebe e que oferece. Será que a teoria consegue definir isto? Ou será que podemos criar no ser humano este amor à venda como se percebe neste amigo que ganhei?
Já escrevi que sem a experiência do vendedor, a teoria do aprendiz não sobrevive e neste caso, a experiência se resume no amar a profissão, a primeira do mundo: a venda de bens e de serviço. Agora tenho mais certeza que o vendedor, que a profissão de vendedor é inata àqueles que colocam o coração sobre o talão de pedidos. Não confundir com empresários de sucesso que pisam em tudo e em todos para poderem conquistar mercados. Eles se acham vitoriosos ao passo que sempre vivem cercados de incompetentes e sanguessugas, os quais esperam o menor dos deslizes para tomarem o lugar, suas coisas e quem sabe suas próprias vidas.
Viver em vendas é dar o amparo e as condições de fazer uma grande negociação; é permitir que todos os atores participem do crescimento e da distribuição das riquezas; é definir que o valor pago é insuficiente ao que foi feito e consequentemente sempre proporcionar maiores espaços para poderem – os vendedores – ganharem como eles.
Isto, vender é sangue quente correndo nas veias; é o brilho nos olhos tal qual criança ao ganhar seu velocípede. É a certeza do primeiro prêmio sem ter jogado.
O vendedor nato demonstra desde cedo a sua inclinação às vendas. É fácil de ser notado no meio da multidão, mesmo sendo a agulha no palheiro. É percebido porque irradia uma felicidade no simples gesto de oferecer algo a um estranho. Basta pararmos e perceberemos vendedores inatos à espera de um convite para ingressar nas fileiras das empresas.
Infelizmente eles não têm experiência técnica e não são aceitos, quando bastaria um treinamento simples e eles seriam capa de revistas, ocupando os pódios das galerias dos grandes vendedores.
A Júlia, minha filha de 10 anos é uma vendedora nata. Fico observando-a oferecer seu artesanato aos passantes, em frente ao portão. Tem uma facilidade neste ato que fico inclinado a alimentar este fogo, torcendo virar uma paixão. Seus olhos brilham ao vender uma pulseira que seja, mesmo que ainda não saiba compor o custo do material e da sua mão de obra. Mas ela fica, horas a fio, sob o sol do final de semana, atenta aos transeuntes. Ainda não tem técnicas de abordagem, de apresentação, de negociação e de fechamento. Reluta em aceitar as dicas que tento ensinar, mas tem a paixão de vender. Gosta tanto que tenho de frear para não sair vendo tudo o que possui.
O tempo irá decidir se ela desenvolverá esta habilidade nata que trás em seu interior. Tentarei estar perto para ajudá-la e quem sabe, serei sucedido nesta arte maravilhosa que é a de vender.
Posso treinar quem se interessa por esta profissão, mas se não tiver o fogo, a paixão e o entusiasmo que este novo amigo e minha filha possuem certamente que não será um grande vendedor, um grande vencedor.
Oscar Schild, vendedor, gerente de vendas e escritor.
http://www.grandesvendedors.com.br