INDELÉVEL SAUDADE

INDELÉVEL SAUDADE

Por mais que queiramos apagar algumas das lembranças de um passado remoto ou recente, sentimo-nos como que pungidos a tê-las como referenciais de nossa existência. Algumas pessoas, tidas e havidas como “duronas”, insistem em permanecerem apáticas a um dos mais pessoais dos sentimentos humanos – a saudade, como se não senti-la fosse um indicativo de uma personalidade rija e sólida. As pessoas que assim pensam, buscam o fundo de suas entranhas para guardarem o que consideram ser o mais vulnerável de seus sentimentos – o orgulho.

O tempo, o grande mestre, está sempre a nos distanciar do passado, porém por mais distante que ele seja, não consegue deletar de nossas lembranças, nossos melhores momentos acontecidos, sejam eles frutos de uma boa convivência ou de ações que nos fizeram felizes.

O convívio com as pessoas que amamos, não importa o vínculo que com elas temos, nos conduz ao universo do querer bem e onde, o “bem-querer” pode até ser segredo, mas não deixa de ser sagrado em nossas lembranças.

As ações, nossas ou dos que nos cercam, quando boas, fraternas e cordiais, trazem-nos um encantamento que nos enleva e nos mantém cativos, nascendo daí, uma admiração que tende a se manter eterna enquanto vida temos.

Quando por contingências temporais afastamo-nos das pessoas que amamos, somos consolados pela esperança de revê-las e de poder novamente, gozar das delícias de uma boa convivência. Neste caso, a saudade machuca, mas não tanto, pois aportamos nossas melhores intenções no dia seguinte. Entretanto, se o afastamento for daquele tipo definitivo, sem viagem de volta, a saudade torna-se um suplício, sufocada apenas pela lembrança de inesquecíveis momentos de prazer, de alegria e de paz.

Tornam-se vãs todas as tentativas de apagarmos de nossas lembranças, as ações, as palavras e os gestos de pessoas que privam de nossa amizade e de nosso amor. Essas pessoas nos deram a vida (os pais ) ou chegam de mansinho sem fazer alarde. Cativam nossas almas, interferem em nossas vidas de maneira positiva, nos protegem, nos orientam, nos ensinam como viver melhor, nos advertem quando erramos, nos beijam e nos sorriem quando estamos carentes de afeto e, sem nenhum aviso prévio, a contra-gosto delas próprias, nos abandonam e vão embora para nunca mais voltarem. São pessoas que nunca esquecemos, nossos amores, nossos amigos.

Hoje (20/07), DIA DA AMIZADE, saudemos nossos amigos vivos. Reverenciemos os amigos mortos. Enquanto houver saudade.

Rui Azevedo - 20.07.2007

www.ruiazevedo.com

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 19/07/2007
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