UM FREIO NO MINISTRO

Eu não poderia afirmar que Henrique Meirelles é um bom economista. Que ele é um péssimo ministro da Fazenda, isto eu posso e afirmo. Entre estes dois extremos, porém, eu invejo uma de suas “virtudes”. A capacidade de hipnotizar seus pares, a mídia e muitos brasileiros.

Posso até citar o ministro como um bom exemplo do meu artigo da semana passada sobre lavagens cerebrais. Bastou menos de dois meses para que Meirelles promovesse uma. Com um viés perigoso. Ele se mostra também, um perito em guerra psicologia.

Não comungo com o petismo. A ideia do impeachment me alegra. Isto não me impede, entretanto, de usar o governo afastado para traçar um paralelo, chegando até a lavagem cerebral de agora.

Com Dilma no poder, qualquer espirro na economia transformava-se em temporal da noite para o dia. A mídia era inundada por reportagens. Artigos eram publicados em todos os jornais. Sem exceção, todos diziam que a economia estava no fundo do poço.

Henrique Meirelles assumiu e ainda não fez nada que pudesse mudar o Brasil de rota. O incrível é que as críticas desapareceram por encanto. Ele está fazendo, desfazendo, sem que ninguém apareça para contestá-lo. Uma espécie de Lula. Um ministro sem freio.

Um país que precisa produzir e crescer, não pode ficar refém das teorias econômicas ortodoxas dos livros. Só nessas eu acredito que Meirelles seja um especialista.

A proposta de teto para o limite de gastos seria uma boa ideia, se começasse pelo topo da pirâmide. Pelo dinheiro jogado nos lixões dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Eles terão teto? Ou, será que este não é o mesmo dinheiro das receitas que financia a saúde e a educação? Claro que é o nosso dinheiro!

Henrique Meirelles sabe que fez uma descoberta interessante. A guerra psicologia é eficaz nas mudanças das leis. A lavagem cerebral em curso agora é a da Previdência Social. Num país de corruptos, este rombo, se é que ele existe, com certeza tem outras explicações. E cadê coragem para dá-las.

Se as leis são fáceis de mudar pela vontade de um ministro, porque não se proibir os cargos comissionados. Um empreguismo abominável de amigos e aliados. Ou se alterar a lei do funcionalismo público. Permitindo a demissão dos improdutivos e ineficientes.

Não ouvi do ministro Meirelles, uma única medida que fará o Brasil crescer para os brasileiros. A intenção sempre é agradar os mercados financeiros. Ser um paraíso para os especuladores. Pousar de oásis para as agências de risco. E lá se vão três décadas perdidas. Engessados pela ortodoxia.