O Aeroporto de Congonhas e a cidade de São Paulo

Romeu Prisco

O lamentável acidente ocorrido com o avião comercial da TAM, na última 3ª feira (17.07.2007), quando se encontrava na iminência de completar o pouso no Aeroporto de Congonhas, tem tudo a ver com a sábia e mal interpretada profecia de um ex-Prefeito paulistano, dito "biônico", no período de 1971/1973, o ilustre e saudoso Engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz: "São Paulo precisa parar de crescer".

Enganam-se aqueles que pensam e aqueles que dizem ser um erro "construir um aeroporto "dentro" de uma cidade grande como São Paulo". Quando o Aeroporto de Congonhas foi construído, São Paulo já era uma cidade grande, porém, a área a ele destinada se encontrava deserta e adequada às atividades da aviação civil e comercial.

Sem as atuais Avenidas 23 de Maio e Rubem Berta, o acesso ao Aeroporto de Congonhas era sinuoso e demorado, feito, principalmente, pela Avenida Ascendino Reis. Destarte, o Aeroporto de Congonhas pode padecer de todos os males, menos o de ter sido construído "dentro" da cidade.

Erraram os administradores de São Paulo, que permitiram a ocupação desordenada das cercanias daquele aeroporto. Erraram os cidadãos, numa proporção de 99%, sem qualquer exagero, que se dispuseram a morar em casas e apartamentos nas redondezas do Aeroporto de Congonhas. Nenhum desses moradores pode dizer que dormiu sem um aeroporto ao lado da sua residência e acordou surpreendido com tal obra. Erraram as gananciosas construtoras e incorporadoras, com a conivência do Poder Público, que possibilitaram a indigitada ocupação. Errou o Brasil em apostar boa parte de suas fichas só na cidade de São Paulo.

Agora o problema da cidade de São Paulo vai além, muito além, de simplesmente parar de crescer. Deveria, isto sim, ser parcialmente desconstruída. Infelizmente, não é o que aguarda a metrópole. Grande e poderosa incorporadora se prepara para construir outro monstrengo residencial, destinado a 15.000 moradores, numa larga área do bairro da Barra Funda, que bem se prestaria para um belo e diversificado espaço verde e de lazer.

Há quem não só esteja aplaudindo essa iniciativa, que em nada resolverá e nem aliviará o verdadeiro problema de escassez de moradias, mas, também deseja mais e mais, como a construção de um "marco histórico para a cidade de São Paulo" (sic), tipo "torres gêmeas", com altura superior a 100 (cem) andares !

Acredite se quiser: São Paulo já foi uma cidade bonita e mais humana.

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