NÓS E OS OUTROS
A antiga filosofia chinesa do Taoísmo diz que nada que seja separado do seu contexto pode ser entendido de verdade, porque o ser só existe na sua integridade relacional. Uma rosa separada do seu caule ainda é uma rosa? Uma tartaruga sem seu casco ainda é uma tartaruga? Uma faca que nada tenha para cortar ainda é uma faca? Uma casa onde ninguém habita ainda é uma casa? Uma pessoa sem um propósito a cumprir ainda é uma pessoa?
O que são o bem e o mal, o feio e o bonito, o exato e o falso, o ínfimo e o imenso? Apenas conceitos que obtemos, destacando certos atributos que colamos ás coisas e às pessoas. Quando algo é bom ou ruim? Quando nos atende, ou desatende, em algum aspecto. Quando uma coisa, ou pessoa, é bonita ou feia? Quando agrada, ou não agrada os nossos olhos. Mas se percorrermos toda a linha que vai de um a outro conceito, ou seja, toda a linha do horizonte que vai do bem ao mal, do feio ao bonito, do verdadeiro ao falso, veremos que essa dualidade é, na verdade, um círculo que começa e termina em qualquer ponto da linha que o demarca, e é impossível determinar onde começa um e o outro termina.
A Vênus de Milo é bela. Isso é consenso geral. Mas uma criança, ou alguém que a visse pela primeira vez, poderia dizer que é apenas a estátua de uma mulher mutilada. Se pensarmos nela como uma criatura de carne e osso, ela seria apenas uma mulher sem braços. Continuaria a nos dar uma impressão de beleza?
Toda vez que emitimos conceitos estamos “recortando” figuras no horizonte da nossa mente. Mas as figuras que recortamos não são o horizonte. São apenas imagens dos nossos próprios desejos que projetamos contra esse fundo.
Assim, o bem que pensamos estar fazendo aos outros é apenas o nosso conceito de bem. Por isso não nos parece boa a filosofia que diz que devemos fazer aos outros aquilo que gostaríamos que fosse feito conosco. Quem nos garante que o que é bom para nós o é também para os outros? Nós não somos os outros.
Destarte, não se adiante, fazendo ao próximo aquilo que gostaria que ele fizesse por você. Espere que ele diga o que quer. Ele sabe do que precisa, o que é bom para ele. Você não. Você só sabe o que você mesmo precisa.
No horizonte das nossas almas não existem pontos extremos. Nós é que os colocamos lá para evitar que nos percamos no infinito de nós mesmos.
A antiga filosofia chinesa do Taoísmo diz que nada que seja separado do seu contexto pode ser entendido de verdade, porque o ser só existe na sua integridade relacional. Uma rosa separada do seu caule ainda é uma rosa? Uma tartaruga sem seu casco ainda é uma tartaruga? Uma faca que nada tenha para cortar ainda é uma faca? Uma casa onde ninguém habita ainda é uma casa? Uma pessoa sem um propósito a cumprir ainda é uma pessoa?
O que são o bem e o mal, o feio e o bonito, o exato e o falso, o ínfimo e o imenso? Apenas conceitos que obtemos, destacando certos atributos que colamos ás coisas e às pessoas. Quando algo é bom ou ruim? Quando nos atende, ou desatende, em algum aspecto. Quando uma coisa, ou pessoa, é bonita ou feia? Quando agrada, ou não agrada os nossos olhos. Mas se percorrermos toda a linha que vai de um a outro conceito, ou seja, toda a linha do horizonte que vai do bem ao mal, do feio ao bonito, do verdadeiro ao falso, veremos que essa dualidade é, na verdade, um círculo que começa e termina em qualquer ponto da linha que o demarca, e é impossível determinar onde começa um e o outro termina.
A Vênus de Milo é bela. Isso é consenso geral. Mas uma criança, ou alguém que a visse pela primeira vez, poderia dizer que é apenas a estátua de uma mulher mutilada. Se pensarmos nela como uma criatura de carne e osso, ela seria apenas uma mulher sem braços. Continuaria a nos dar uma impressão de beleza?
Toda vez que emitimos conceitos estamos “recortando” figuras no horizonte da nossa mente. Mas as figuras que recortamos não são o horizonte. São apenas imagens dos nossos próprios desejos que projetamos contra esse fundo.
Assim, o bem que pensamos estar fazendo aos outros é apenas o nosso conceito de bem. Por isso não nos parece boa a filosofia que diz que devemos fazer aos outros aquilo que gostaríamos que fosse feito conosco. Quem nos garante que o que é bom para nós o é também para os outros? Nós não somos os outros.
Destarte, não se adiante, fazendo ao próximo aquilo que gostaria que ele fizesse por você. Espere que ele diga o que quer. Ele sabe do que precisa, o que é bom para ele. Você não. Você só sabe o que você mesmo precisa.
No horizonte das nossas almas não existem pontos extremos. Nós é que os colocamos lá para evitar que nos percamos no infinito de nós mesmos.