A INDÚSTRIA GENÉTICA NÃO É FICÇÃO

Eu me apaixonei pelo estilo empolgante do escritor Michael Crichton falecido em 2008, quando li “Linha do Tempo”, que depois virou filme. Não fez tanto sucesso como “O Parque dos Dinossauros”, também baseado num romance de Crichton. Linha do Tempo o livro, é muito mais eletrizante do que o filme.

O que você faria se após seis meses de tratamento e finalmente curado de uma leucemia, descobrisse que suas células são vendidas ao preço de três milhões de dólares cada uma. E pior. Se a justiça decidisse que agora o médico é o dono delas. E não você.

Assim começa “Next”, romance de Crichton que chegou às livrarias em 2006 e continua atual, (Em PDF 578 páginas). A ficção de “Next” não chega a ser eletrizante. Talvez, o objetivo fosse mesmo alertar. As notas do autor no fim do livro nos dão a certeza que a ficção do romance, já é uma realidade dentro dos laboratórios de pesquisas.

Falando sobre o ataque em Nice na França, a revista Veja endossou o terrorismo como a praga do século XXI. Eu sempre digo que não temo aquilo que existe. Aquilo que está ali, e eu vejo. Meu temor é por aquilo que existe. Eu sei que está ali, mas não vejo. Neste ponto “Next” apesar de quase cômico, é assustador.

Crichton caçoa dos estudos incluindo no romance um depois desmentido pela ONU e OMS, afirmando que pessoas loiras desaparecerão do planeta em 200 anos. E nos mostra os perigos que correm as pesquisas e pesquisadores quando precisam de financiamentos externos. Incluindo as maiores universidades do mundo.

Os financiadores são grandes corporações do ramo da biotecnologia, que têm como objetivo lucro e poder. E nenhum interesse em curar doenças. No fim, os pesquisadores acabam como empregados, e suas pesquisas usadas com outros propósitos.

Estamos no limiar da “era dos genes”. Num futuro próximo as entrevistas de empregos perguntarão se você possui o gene para mandar, ou para ser mandado. Com base na resposta, e no que a vaga exige, o emprego será seu ou não.

Hoje, a moda são as operações plásticas. A ficção diz que um dia poderemos remover o gene da feiura, e implantar do gene da beleza. Para a alegria de Vinicius de Moraes.

Com exceção de mãe e filho fugindo de perseguidores atrás de suas células, os outros personagens principais são transgênicos. O orangotango que fala diversas línguas, inclusive palavrões, O papagaio francês Gerard. E Dave, um macaco menino. Ou, seria um menino macaco. Nessa confesso que as manipulações genéticas me pegaram.

A tecnologia da biogenética legal ou ilegal chegou para ficar. Resta saber pelo qual caminho ela nos levará. Torço para a realidade não ser pior do que a ficção.