AS PIORES NOVELAS E AS SUAS REJEICOES
Artigo de:
Flávio Cavalcante
Flávio Cavalcante
O que leva o telespectador a não gostar da trama de uma novela? Até porque a maioria dos autores no país são veteranos e conhecem profundamente o gosto daquele que não larga a televisão por nada.
Existem novelas que realmente não funcionaram e o telespectador ainda lembra e comenta cada detalhe do fiasco. O impressionante é que o gosto é unânime. Não existe meio termo. O gosto do telespectador é igual ao gosto de uma criança. Quando se fala de novela eles opinam e fazem críticas como adequados profissionais do ramo.
A novela Bang-Bang de Carlos Lombardi por exemplo, foi a primeira citada e foi um dos maiores fiascos da rede Globo. Segundo alguns telespectadores essa novela nunca deveria ter ido ao ar. “O autor se equivocou. Quis levar para o lado dos quadrinhos de gibi e se perdeu totalmente quando tentou mostrar um lado cômico pondo no elenco homens travestidos de personagens femininos o que deixou dúvidas do que realmente a trama se propunha a passar”. Diz o entrevistado que foi mais além nas críticas. Uma emissora tão experiente como a globo e ainda hoje não consegue enxergar quando o folhetim vai agradar ou não.
Outro fiasco de audiência segundo os críticos e telespectadores foi a novela Chega Mais exibida pela rede Globo no ano de 1980; escrita por Carlos Eduardo Novaes e supervisionada por Walter Negrão, disseram que até a própria emissora rejeitou o folhetim como um patinho feio dentro do ninho. Eu particularmente tenho poucas lembranças desse folhetim. Mas, lembro-me perfeitamente da abertura e os meus pais se amarraram na novela. Até cantavam muito a música assim que a novela era exibida no horário das 19:00 hs. "EU CONHEÇO ESSA CARA..." na voz da grandiosa Rita Lee. Ainda ouço a canção que passa por minha mente como um filme. Parece que vejo ainda meus pais repetindo o bordão da abertura "CHEGA MAIS, CHEGA MAIS...".
Acontece muito nas emissoras. Produção de obras que não dão certo e as vezes saem de cena muito rápido; acho que para apagar da memória do telespectador o fiasco apresentado.
No meu ponto de vista hoje em dia com essa mudança brusca na teledramaturgia que notoriamente vem afetando até aquele que idealizou a obra, onde os analisadores de plantão se acham no direito de mexer na trama como bem querem e entendem num desrespeito sem escrúpulo e sem explicação, mudando completamente o conteúdo e a mensagem que autor quis passar. Com estas atitudes, ainda vamos ter muitas surpresas com passagens relâmpagos de folhetins que somem sem nem deixar vestígios e o que mais entristece é que esta mudança muitas vezes vem de cabeças insanas, tudo em prol de uma apelação desnecessária para se obter um ponto a mais no ibope; sendo assim, põe no lugar um conteúdo nada aprazível pelo telespectador e com isso o autor é crucificado pela grande massa exigente como se ele fosse o culpado o que na maioria dos casos ele é quem perde o domínio de sua obra e fica a ver navios.
Hoje em dia perdeu-se o respeito por aquele que em outrora era considerado a maior autoridade da emissora de televisão “O AUTOR” da obra. Nunca se podia imaginar que o tempo ia destruir essa autoridade, até porque já era visto que se um dia chegasse a esse ponto que chegou deixaria bem notório e claro que o ibope das produções estariam despencando bruscamente; mas, infelizmente os tempos na televisão deram uma guinada de cento e oitenta graus e o que era uma impossibilidade no passado virou banalidade na atualidade. Lamentavelmente.