Sensibilização no Combate ao Abuso e Exploração Sexual infanto-juvenil

A vida nos direciona às missões diárias, cada um com o seu propósito. Junto de qualquer compromisso de trabalho está a vontade de transformar uma sociedade em uma sociedade mais justa e feliz. Pensando nas crianças e adolescentes de hoje, as mesmas serão os adultos de amanhã. E assim, planejamos nossas ações em prol delas. Falando em crianças, pensamos nas famílias dentro dos seus contextos de vida, nos perguntamos: como essas famílias lidam quando um filho ou filha é vítima de abuso sexual?

No cotidiano do meu trabalho, constata-se que a maioria das famílias não têm estrutura emocional para lidar com o sofrimento decorrente de um abuso sexual. Quem trabalha diretamente no acompanhamento às vítimas de abuso e exploração sexual sabe muito bem a que me refiro.É imprescindível realizar um trabalho especializado interdisciplinar que envolva assistência psicossocial e pedagógica às vítimas no mesmo espaço físico. Segundo a resolução conjunta , CIB/CEAS n 01 de agosto de 2015 , o atendimento clínico deve ser feito na rede de saúde, já o trabalho de reestruturação de vínculos é de competência do Creas e a investigação fica sob a responsabilidade dos órgãos judiciais. Se quem redigisse leis soubesse que o atendimento para minimizar os traumas decorrentes do abuso é fundamental e satisfatório quando há um acompanhamento interdisciplinar especializado nas três áreas de atendimento - psicologia ( clínica ), assistência social e pedagogia (preferencialmente psicopedagogia para lidar com dificuldades de aprendizagem, uma das consequências do abuso) num mesmo local, certamente não fragmentaria o atendimento às vítimas e seus familiares como preconiza a resolução vigente publicada.

Em se tratando de atendimento psicossocial e pedagógico, os usuários se sentem seguros quando o atendimento é realizado no mesmo local com abordagens específicas de cada área. Uma vez que os mesmos revelam satisfação através de seus relatos com relação ao atendimento interdisciplinar por não relatar novamente a violência sofrida, como também, de não dispor de recursos para andar pra lá e pra cá em busca de atendimentos específicos em outros setores da rede de atendimento, evitando assim a revitimização dos atendidos. Tais vivências faz-me acreditar cada vez mais que estamos no caminho certo.

Nas visitas domiciliares e escolares, convocações, nos passeios , nas confraternizações , nos atendimentos realizados, ouvir dos responsáveis das vítimas que a maior alegria do ano foi a de ver os filhos sorrindo, cantando, dançando... só nos faz acreditar que estamos atingindo o nosso objetivo: de tratamento adequado na superação dos traumas. Vale lembrar , que é indispensável um acompanhamento psicossocial e pedagógico desenvolvido por uma equipe interdisciplinar às vítimas , bem como desenvolver um trabalho de reestruturação de vínculos com os responsáveis para que os mesmos se fortaleçam junto aos seus filhos rumo à superação dos traumas oriundos do abuso. Em 2008, me envolvi na luta pela implantação de um projeto direcionado ao atendimento às vítimas de violência em Campos dos Goytacazes/RJ. Considerando os dados estatísticos em 2009, e o fim do antigo projeto Sentinela, foi implantado o Programa FortaleSER, um programa de vanguarda, pioneiro no Brasil. Desde 2009, contamos com uma rede de proteção na região junto aos conselhos tutelares , Creas , delegacias, investigação penal , juizado da infância e da juventude, vara de família e outros... Ao longo dos anos os laços se estreitam cada vez mais com outro aliado multiplicador: a população. Através de um trabalho de prevenção, realiza-se palestras nas escolas, creches e outras instituições, bem como desenvolve-se campanhas de sensibilização com abordagens de rua e adesivagem de informativos de disque- denúncia nos veículos e distribuição de panfletos aos condutores de veículos, pedestres, população em geral. Tais panfletos contêm informações sobre abuso e exploração sexual, suas características , sintomas e órgãos de denúncia. Desde o início das atividades desenvolvidas no acompanhamento das vítimas, nos renovamos através da conquista dos sorrisos perdidos, do abraço apertado daquela criança que há algum tempo atrás nem mesmo conseguia direcionar o seu olhar. Por elas e para elas nos fortalecemos com a missão de torná-las simplesmente FELIZES! Independente de determinações e resoluções, é preciso comungar a alegria de viver bem e FELIZ ! Gratidão!

Pelo fortalecimento de Vidas-Disque 100 ou 181

DENUNCIE - A VIDA PODE ESTAR POR UM FIO.

ValPeçanha
Enviado por ValPeçanha em 18/06/2016
Reeditado em 18/06/2016
Código do texto: T5671282
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