GOLPE? AONDE?

O Brasil passou as últimas semanas ouvido a mesma ladainha dos governistas. Com o impeachment, a presidente Dilma estava sofrendo um “golpe”. Foi assim com os militantes nas ruas. Com os deputados na Câmara. Depois com os senadores. E continuarão cantando até o fim do processo.

Eu diria que a ladainha foi na verdade um “golpe de mestre”. Mesmo que os governistas tivessem a mínima possibilidade de defender a presidente das pedaladas fiscais, eles estão cientes dos crimes que o Partido dos Trabalhadores cometeu como um todo.

Muitos nas entrelinhas admitem esses crimes. A própria presidente afastada fazia isso frequentemente quando dizia que: “Posso ter cometido erros”. Disse de novo na saída.

Nos próximos dias quando a roupa suja petista for lavada, Dilma será posta contra a parede, quem sabe até “exilada” pelo PT. A criatura. Isto porque no partido, ninguém tem coragem de emparedar o criador. De todos, Lula foi quem mais sujou a roupa.

Voltemos ao “golpe”. No seu primeiro ato como presidente afastada, coube a Dilma derrubar essa tese definitivamente. Um presidente que sofre um “golpe”, certamente não teria permissão para fazer um discurso de saída na porta do palácio.

Também não teria permissão para sair andando a passeio com sua comitiva. Acenando para os militantes. Abraçando alguns. Beijando outros. Tirando selfies. Repetindo o discurso, para desta vez, ser ovacionado pelos militantes.

Quem acabou de sofrer um “golpe” teria permissão para continuar morando no palácio do governo? Com direito ao mesmo salário que recebia anteriormente. E tantas outras regalias como seguranças, e avião a disposição. Pasmem! Ainda com a possibilidade de continuar conspirando contra o presidente interino que a substituiu. Uau!

Este sim, foi um golpe aplicado contra a sociedade. Que pagará mais essa despesa extra. As mordomias que passam desapercebidas para muitos. Isso sem contar que o ex-presidente da Câmara de Deputados Eduardo Cunha, ganhará os mesmos privilégios. “Golpe”? Aonde? Golpes assim são uma benção.

Esse exame de consciência deveria partir da presidente Dilma. Que tanto se vangloria de ter lutado. De ter sido presa e torturada pela ditadura. Os generais do golpe verdadeiro deixariam Dilma fazer um discurso na porta da prisão quando foi solta?

A nossa Constituição que permitiu o impeachment de Collor de Mello, é a mesma que permitirá o impeachment de Dilma. Ela possui defeitos, mas não foi rasgada, como dizem os petistas. Ou, diria a oposição, caso a situação fosse invertida. Acreditem! Eles também apelariam para o “golpe”. Todos esqueceram depressa demais o que foi 1964.