VAIDADE
VAIDADE
Ele que sempre se mostrou soberbamente tão senhor de si, de repente assume a condição de pobre mortal e, desaba, em confidências para comigo.
- Não sei por que, mas não consigo fazer amigos, quero dizer, amigos de verdade, porque amigos no sentido lato da palavra eu os tenho desabafou. Mas esses ditos meus amigos são apenas bajuladores, hipócritas, e, não é desses amigos a que me refiro. Minha situação naquele momento é delicada, e por instantes fiquei sem saber o que falar que haveria eu dizer, pois também eu o achava um ser vazio, daqueles que só olham para o próprio umbigo. Sua maior preocupação era poder aparecer. Em tudo se metia tudo era o eu, o eu..
Considerava-se um ótimo poeta. E tanto se autopromoveu que em certos meios pseudoculturais, a tal pedestal foi colado. Enfim eis um poeta mais.
Se expressa bem tem o dom da palavra. Mas nem sempre aquele que bem fala, melhor escreve, com raríssimas exceções e, não são minhas essas palavras.
O superego: – talvez esteja aí o problema, atrevi-me a balbuciar.
Todos nós temos um superego, mas o problema é quando o superego se sobrepõe ao nosso ego, e por isso é que se chama superego, é óbvio, arrematei.
O superego é um diabinho munido de um afiado aguilhão, disfarçado sob seu manto escarlate, a cor da paixão, do desejo, do orgulho. É traiçoeiro. Faz-nos vislumbrar muitas vezes o paraíso, para nos empurrar para o abismo do nosso vazio existencial, o que nos torna idólatras de nós mesmos e de nossas desvirtudes..
Não sei se meu amigo, não se arrependeu de se ter desnudado daquela maneira. Reconheço que foi um ato corajoso e de humildade esta sua atitude. Humildade, antônimo e, antídoto para a vaidade, e isso já é um bom começo.
A humanidade doente procura remédios para as suas mazelas físicas e, felizmente graças aos avanços da medicina, hoje já temos remédios que proporcionam a cura para a maioria das doenças físicas, não tanto quanto precisamos é certo. Porém para os males chamados da alma, a coisa é ainda mais complexa, por quanto subjetiva. Por outro lado, quanta coisa ruim poderia ser evitada se nós trocássemos a áspera couraça da empáfia e vestíssemos as roupas singelas tecidas no tear da humildade, cujo tecelão chama-se bom censo!...
Eduardo de Almeida Farias
3-7-2007