Segunda visita à ocupação escolar
Ontem, 21 de abril de 2016, voltei ao IEPIC/Niterói-RJ, dessa vez com a Verônica (minha mulher e ex-aluna de lá) e o Rafael - grande amigo. Outrx estudante - de 16 anos e alunx do 2º ano do curso normal e integrante da comissão de comunicação - mostrou a escola e conversou com a gente. A ocupação completou duas semanas e tivemos a oportunidade de conhecer espaços do colégio que os próprios alunxs não conheciam até iniciar a mobilização. Ficamos surpresos com a quantidade de material em bom estado - computadores, máquinas copiadoras, impressoras etc. -, que estava inacessível ao alunado. Mais que sem acesso: eles explicaram que não sabiam sequer da existência do material e de certos locais, que estavam sempre fechados. Alguns desses espaços foram revelados com a visita de ex-alunxs à ocupação que, ao conversarem sobre suas lembranças no colégio, levaram os alunxs ocupantes a ingressarem nesses locais anteriormente interditados. Ex-alunxs, junto aos atuais, conversando e descobrindo novos espaços. E não são só espaços físicos. Na verdade, a ocupação é a descoberta desse espaço de cidadania e de política, na melhor e mais honrada acepção do termo.
Nessa segunda visita, o colégio estava ainda mais bonito. Limpo, mais aberto, cheio de jovens dialogando e se envolvendo em atividades. Outros visitantes e apoiadores também andavam pelo pátio. Li em alguns jornais que as ocupações estariam impedindo o funcionamento dos colégios. Não é verdade. Infelizmente, é esse governo que está vandalizando a educação, ao cortar gastos e deixar de pagar professores e funcionários. Os professores estão em greve e a ocupação é legítima. Vandalismo é o que faz a atual administração do estado do RJ. Se não acredita no que digo aqui, sugiro que visite as ocupações, pesquise sobre o que o governo vem fazendo e chegue a suas próprias conclusões.
O movimento é deles, dxs alunos, e extremamente democrático. Perguntei se elxs lutavam para escolher a diretoria e a resposta foi que não era só para escolher, mas participar das decisões: elxs querem mais que uma democracia representativa, eles querem assembleias e votação direta para as grandes decisões do colégio. Esse movimento, a pauta dessxs meninxs, ensina muito e serve de exemplo para o nosso sistema político e a necessidade de reformas. Mais uma vez, saí da escola cheio de esperança.