DESCOBRIMENTO DOS ÍNDIOS

Na escola aprendemos que os índios foram os primeiros habitantes do Brasil. Basta isso para cair por terra falácias do descobrimento. Não teria sido invasão, posse indevida, ou qualquer outro termo que possa designar a imposição de uma cultura?

Na carta enviada ao Rei de Portugal, com as impressões que teve ao desembarcar naquela terra de “bons ares frescos e temperados”, Pero Vaz de Caminha, escrivão da esquadra de Cabral, afirmou haver ali muitos homens, pardos, de boa aparência, cabelos lisos, rapados por cima das orelhas, “mancebos de bons corpos”. Os futuros escravos, que trabalhariam para os colonizadores (isso não está na carta).

Logo no início da mensagem, o escrivão informa ao Rei que aqueles homens se encontravam desprovidos de vestes e não se mostravam constrangidos por causa disso. Também mereceu linhas escritas de Caminha, do que viu naquele “grande monte, muito alto e redondo”, o fato de que também o habitavam mulheres, que traziam “suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma”. Sobre isso mencionou Adão, dizendo que a inocência deste não seria tanta como a dos indígenas.

De forma equivocada o escritor português presumiu que viviam soltos, feito bichos, porque ainda não havia visto nada que parecesse com moradias. Só depois foi descoberto, num povoado, 9 ou 10 casas que abrigavam entre 30 e 40 pessoas cada uma, o que pressupõe que viviam de forma organizada.

Apesar de carregarem arcos e setas, os índios pareciam não intencionar agir com violência, uma vez que, ao sinal do comandante, quando se aproximavam da embarcação, no primeiro contato, puseram as ferramentas no chão.

Também registrou o escrivão a respeito do modo de vida dos nativos, aparentemente inocentes. Inclusive, na carta, sugere ao monarca que cuide da salvação dos indígenas, o que se daria por meio de conversão ao cristianismo. (Anúncio da ação dos Jesuítas, responsáveis por catequizar os índios, tempos depois, mas ninguém explicita que houve um “processo educativo” que objetivava levar o índio a aceitar sua situação de subserviência sem questionamentos).

E o que veio depois da carta, sabemos: a imposição da cultura portuguesa! Os inocentes que rejeitaram vinho e se assustaram com uma galinha trazida pelo homem branco, tiveram que se adequar ao que queriam os europeus (no que diz respeito ao modo de vida, religião, idioma, etc), que chegaram e tomaram conta da casa alheia, em total desrespeito, como se seus verdadeiros donos não existissem.

E o pior: houve e há quem acredite que eles foram salvos.

http://www.asser.edu.br/rioclaro/graduacao/pedagogia/docs_professor/Pero-Vaz-de-Caminha-A-Carta.pdf

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 18/04/2016
Código do texto: T5608924
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