Visitando uma escola estadual ocupada
Sábado, 16/04/2016. Hoje à tarde, por volta de 16h, visitei a ocupação do IEPIC - Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho, em Niterói/RJ. Nesse texto quero apenas expor minhas impressões sobre a visita à ocupação. Para saber mais e acompanhar o movimento, vale a pena acessar a comunidade “Ocupa IEPIC”, no Facebook, onde há vídeos, textos e fotos postados pelos alunos.
Fui sozinho até o colégio, que fica numa rua pouco movimentada de um bairro residencial próximo ao Centro da cidade. O portão estava fechado e havia vários cartazes colados na parede (foto abaixo). Bati e logo fui atendido: uma menina, que aparentava ter 16 ou 17 anos, perguntou quem eu era. Me apresentei e expliquei que tinha interesse em conhecer a ocupação. Sem mais perguntas, o portão foi aberto e pude ver um grupo de alunos que estava reunido na portaria. Um deles se aproximou, perguntando se eu já conhecia o espaço e informando que fazia parte da comissão de segurança da ocupação. Ele me levou até a cozinha, onde havia um grupo lanchando e conversando de forma descontraída. Assim que entrei, todos me cumprimentaram e ofereceram refrigerante e pão com presunto. Em seguida, fui apresentado a um aluno da comissão de comunicação que me levou para ver o espaço e explicar como funciona a ocupação. Um integrante da comissão da cozinha também nos acompanhou durante a volta que fizemos pela escola.
Os dois alunos - ambos com 17 anos e estudantes do segundo ano do curso normal do IEPIC - foram simpáticos, receptivos e bem articulados diante de todas as perguntas que fiz - e foram muitas! Expliquei a eles a minha intenção de escrever sobre a visita e perguntei se havia algum problema; eles responderam que eu poderia relatar tudo livremente, esclarecendo que tinham restrições apenas quanto à mídia corporativa e a eventuais oportunistas ligados a partidos ou organizações, que pudessem deturpar ou tentar se promover com a ocupação. Daí conversamos sobre a importância de construir narrativas que desmontem os discursos que criminalizam o movimento.
Caminhamos pelo pátio da escola. Visitamos a horta, que está sendo preparada para ser reativada depois de 18 anos de abandono (hoje de manhã eles tiveram aula de compostagem); a quadra onde eles dormiam; a sala do rádio; a quadra de esportes (onde alguns jogavam bola) e ainda o local onde foi realizada a reunião com a diretoria. Tudo está limpo e organizado. Eles explicaram que a escola estava suja e com mato alto em algumas partes, e que, em pouco mais de uma semana de ocupação, os alunos limparam e capinaram tudo. Também esclareceram que não têm livre acesso a todos os espaços do instituto, já que a biblioteca e a cantina, dentre outros locais, estão trancados.
No tocante ao modo de funcionamento e o processo de tomada de decisões da ocupação, eles disseram que se organizam em comissões e decidem tudo por meio de assembleias com a participação de todos. Também perguntei por que eles tinham decidido integrar do movimento e se a experiência de ocupação em São Paulo havia influenciado a mobilização. Eles explicaram que apoiam a luta dos professores e que desejam uma escola pública de qualidade e afirmaram que a experiência paulista influenciou principalmente a organização do movimento.
No que se refere às causas dos problemas relativos à educação, ambos falaram que o descaso não é só do estado, mas também de grande parte dos pais, que não se interessam, e em seguida explicaram que não há preocupação em formar pessoas que pensem, que tenham uma visão crítica, que a formação é vista somente como uma forma de arrumar emprego; e que esses pais se mostram desinteressados porque também não tiveram ensino de qualidade.
Estávamos na sala do rádio conversando, quando uma menina apareceu na porta e anunciou a próxima atividade: assistir ao filme “Escritores da liberdade”. Decidi que era uma boa hora para me despedir, até para não atrapalhar a participação dos rapazes que estavam comigo. Agradeci e desejei força à ocupação. Eles me convidaram a voltar e a trazer mais gente. Cruzei o portão cheio de orgulho daqueles meninos e meninas, feliz da vida por ter visto, num sábado à tarde, uma escola cheia de jovens lutando por educação de qualidade.
Todo mundo que eu conheço - de direita, de esquerda, apartidário... - diz que temos que melhorar a educação, que os professores não são valorizados etc. Pois bem: aí está um movimento que tem justamente essa finalidade. Por que não aproveitar a oportunidade para ver de perto, conhecer e apoiar a mobilização?
Fui sozinho até o colégio, que fica numa rua pouco movimentada de um bairro residencial próximo ao Centro da cidade. O portão estava fechado e havia vários cartazes colados na parede (foto abaixo). Bati e logo fui atendido: uma menina, que aparentava ter 16 ou 17 anos, perguntou quem eu era. Me apresentei e expliquei que tinha interesse em conhecer a ocupação. Sem mais perguntas, o portão foi aberto e pude ver um grupo de alunos que estava reunido na portaria. Um deles se aproximou, perguntando se eu já conhecia o espaço e informando que fazia parte da comissão de segurança da ocupação. Ele me levou até a cozinha, onde havia um grupo lanchando e conversando de forma descontraída. Assim que entrei, todos me cumprimentaram e ofereceram refrigerante e pão com presunto. Em seguida, fui apresentado a um aluno da comissão de comunicação que me levou para ver o espaço e explicar como funciona a ocupação. Um integrante da comissão da cozinha também nos acompanhou durante a volta que fizemos pela escola.
Os dois alunos - ambos com 17 anos e estudantes do segundo ano do curso normal do IEPIC - foram simpáticos, receptivos e bem articulados diante de todas as perguntas que fiz - e foram muitas! Expliquei a eles a minha intenção de escrever sobre a visita e perguntei se havia algum problema; eles responderam que eu poderia relatar tudo livremente, esclarecendo que tinham restrições apenas quanto à mídia corporativa e a eventuais oportunistas ligados a partidos ou organizações, que pudessem deturpar ou tentar se promover com a ocupação. Daí conversamos sobre a importância de construir narrativas que desmontem os discursos que criminalizam o movimento.
Caminhamos pelo pátio da escola. Visitamos a horta, que está sendo preparada para ser reativada depois de 18 anos de abandono (hoje de manhã eles tiveram aula de compostagem); a quadra onde eles dormiam; a sala do rádio; a quadra de esportes (onde alguns jogavam bola) e ainda o local onde foi realizada a reunião com a diretoria. Tudo está limpo e organizado. Eles explicaram que a escola estava suja e com mato alto em algumas partes, e que, em pouco mais de uma semana de ocupação, os alunos limparam e capinaram tudo. Também esclareceram que não têm livre acesso a todos os espaços do instituto, já que a biblioteca e a cantina, dentre outros locais, estão trancados.
No tocante ao modo de funcionamento e o processo de tomada de decisões da ocupação, eles disseram que se organizam em comissões e decidem tudo por meio de assembleias com a participação de todos. Também perguntei por que eles tinham decidido integrar do movimento e se a experiência de ocupação em São Paulo havia influenciado a mobilização. Eles explicaram que apoiam a luta dos professores e que desejam uma escola pública de qualidade e afirmaram que a experiência paulista influenciou principalmente a organização do movimento.
No que se refere às causas dos problemas relativos à educação, ambos falaram que o descaso não é só do estado, mas também de grande parte dos pais, que não se interessam, e em seguida explicaram que não há preocupação em formar pessoas que pensem, que tenham uma visão crítica, que a formação é vista somente como uma forma de arrumar emprego; e que esses pais se mostram desinteressados porque também não tiveram ensino de qualidade.
Estávamos na sala do rádio conversando, quando uma menina apareceu na porta e anunciou a próxima atividade: assistir ao filme “Escritores da liberdade”. Decidi que era uma boa hora para me despedir, até para não atrapalhar a participação dos rapazes que estavam comigo. Agradeci e desejei força à ocupação. Eles me convidaram a voltar e a trazer mais gente. Cruzei o portão cheio de orgulho daqueles meninos e meninas, feliz da vida por ter visto, num sábado à tarde, uma escola cheia de jovens lutando por educação de qualidade.
Todo mundo que eu conheço - de direita, de esquerda, apartidário... - diz que temos que melhorar a educação, que os professores não são valorizados etc. Pois bem: aí está um movimento que tem justamente essa finalidade. Por que não aproveitar a oportunidade para ver de perto, conhecer e apoiar a mobilização?