A corrupção a serviço de uma causa
A notícia de que Paulo Maluf estaria denunciando o governo ditatorial petista por práticas corruptas para tentar aliciar parlamentares contra o impeachment virou motivo de chacota e ironia no meio político esses dias. Afinal, durante décadas o próprio petismo se encarregou de associar a imagem do deputado paulista ao protótipo do político corrupto adepto das práticas mais perdulárias da tradição política fisiológica brasileira, que a militância petista supostamente virtuosa e honesta prometia combater uma vez que chegasse ao poder.
O petismo chegou ao poder e sabemos o que aconteceu com a corrupção, que deixou de ser apenas uma atividade criminosa praticada por políticos e agentes públicos sem escrúpulos para fins de enriquecimento ilícito: ela se tornou o mecanismo principal de implementação de uma agenda ideológica de caráter socialista, que rouba o dinheiro público para implantar um regime que em última instância pretende mesmo é roubar nossa liberdade e destruir a democracia. É disso que tratamos no artigo que se segue.
Nota: esse artigo foi publicado há cerca de duas semanas, mas por razões técnicas associadas à reestruturação do website do Crítica Nacional, ele não estava mais visível aos leitores, razão pela qual republicamos o texto, além de sua pertinência política no momento.
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Nenhuma corrente política na história recente do país denunciou tanto a corrupção em seus discursos e fez uma defesa tão enfática da ética na política como o PT, desde a sua origem. A bandeira do combate à corrupção e da ética na política foi tão bem trabalhada por anos a fio pelos petistas junto à opinião pública e junto aos formadores de opinião, que em dado momento o partido podia se arvorar de ser a única força política imaculada da história nacional, sendo portando a detentora do monopólio da ética e da virtude na vida pública. E foi com base nessa falsa imagem de partido da ética, que os petistas chegaram ao poder e, estando no poder, passaram a usar da corrupção generalizada e institucionalizada num grau sem precedentes na história do país, justamente para colocar o instrumento da corrupção, agora sob seu estrito controle, a serviço de sua agenda ideológica.
Portanto, uma agenda de luta político-partidária centrada exclusivamente na denúncia e no combate à corrupção não é capaz de por si só revelar as reais intenções de seus protagonistas, nem mesmo de assegurar a veracidade de suas supostas intenções de combater a própria corrupção, como a história do petismo bem mostrou. É fato que a corrupção, em maior ou menor grau, existe em qualquer sistema político inclusive no mundo democrático. Isso não significa obviamente que se deva ser leniente com práticas corruptas. Mas tão importante quanto denunciar a corrupção e advogar por mecanismos de governança e de eficiência administrativa que possam inibi-la, é entender com que propósito e finalidade a corrupção é praticada.
Na sua forma mais banal, a corrupção serve para enriquecimento pessoal de políticos, agentes públicos e mesmo de empresas que mantêm relações promíscuas com o poder. Nessas circunstâncias, a corrupção e as práticas corruptas em geral devem ser tratadas como caso de polícia e de justiça. É essa corrupção na sua forma mais tacanha, porém empreendida em larga escala, que tem dado a tônica da tradição patrimonialista e fisiológica da cultura politica brasileira desde a proclamação da república e todos os períodos que se seguiram. Mas a chegada do PT ao poder mudou a natureza da corrupção na vida pública.
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Sob a era petista, a corrupção deixou de ser um caso de polícia e de justiça apenas. Ela passou a ser o instrumento estratégico preferencial para um projeto de poder político permanente da esquerda marxista representada pelo petismo. A corrupção na era petista deixou de ser um vício na vida pública nacional para se tornar o método sistemático para se operar na vida política não para enriquecimento pessoal de seus agentes, mas para atingir um objetivo ideológico bem determinado: acabar com a democracia, extinguir as liberdades individuais, cercear a liberdade de imprensa e de expressão, impor a doutrinação ideológica bem como a ideologia de gênero nas escolas, submeter o que restou da cultura nacional a mero fantoche propagandístico-ideológico do governo, e dizimar de vez qualquer tradição de alta cultura que ainda restasse no país.
A corrupção na era petista serviu para o aparelhamento do estado, incluindo o judiciário, serviu para atentar contra o direito de propriedade, tem servido para possibilitar a abertura das fronteiras nacionais a países muçulmanos que são celeiros do terrorismo internacional, tem servido para sustentar e financiar e dar respaldo político e diplomático a ditaduras comunistas; a corrupção na era petista tem servido para disseminar a cultura do aborto. A corrupção na era petista tornou-se o instrumento principal a serviço de uma agenda ideológica de esquerda que visa implantar um projeto comunista de poder.
O enriquecimento pessoal de alguns dos atores graúdos envolvidos nos esquemas de corrupção da era petista é um efeito desejado porem secundário, pois o que importa é a agenda ideológica. Dessa forma, o grande desafio que os brasileiros de bem enfrentam hoje não é somente combater a corrupção, mas combater a sua finalidade, que é a de viabilizar um projeto de poder socialista autoritário e antidemocrático.
Não se trata pois da corrupção como caso de polícia apenas, e sim caso de política, de disputa de poder. Não se trata mais de combater corruptos na sua generalidade, o que é correto e necessário em períodos de normalidade democrática. Pois o que temos hoje não é a corrupção genérica isenta de finalidades e propósitos, mas sim a corrupção a serviço de uma agenda ideológica. E é essa agenda que tem que ser também igualmente combatida, e não apenas os meios corruptos usados para implementá-la.
(Words by Paulo Eneas)