ÓDIO IDEOLÓGICO

Desde que o Brasil se transformou em república, as crises por aqui nunca foram exceções. Elas são regras permanentes. Temos crises de todos os tipos. Claro, as que se sobressaem são as políticas e as econômicas.

Nossa História confirma, como democracia nunca conseguimos passar uma década sem algum tipo se sobressalto. Foi uma crise política que desembocou no Estado Novo de Getúlio Vargas. Outra mergulhou a nação nos anos de chumbo da Ditadura Militar.

Com o fim da ditadura, tivemos um presidente que morreu antes de assumir. Outro que renunciou, quando o impeachment era iminente. A hiperinflação do governo Sarney. Os famosos planos econômicos que falharam. E um Itamar Franco que parecia ter mudado o rumo do Brasil. Não mudou.

Hoje, sabemos que a aparentemente calmaria nos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, foram na verdade os anos de gestação do gigantesco tsunami que varreria o governo da presidente Dilma Rousseff.

Esse tsunami está longe de ser compreendido pelos atores envolvidos. Nunca eles imaginaram que um dia teriam de se preocupar com a da lei. Atualmente a crise é institucional. Envolve todos os poderes. Com um fato novo perigoso. Dividiu a nação.

É a primeira crise das redes sociais. Um lugar alimentado pelo extremismo que arrebanha seguidores. O que poderia ser o despertar de cidadãos politizados, está descambando para a radicalização do ódio ideológico entre “coxinhas e pão com mortadela”. Vocábulos incorporados a nossa pobre e hipócrita democracia.

Vivemos dias de endeusamentos. Para qualquer lado que se olhe, enxergarmos uma multidão querendo colocar seus escolhidos num altar. Nem sempre por conta própria. São incitados a fazê-lo, por um sistema político corrompido, podre e falido. Ninguém parece preocupado com o futuro do Brasil. Os projetos são de poder e sobrevivência.

Fica cada vez mais evidente que desde a redemocratização, e com o surgimento dos governos de coalização, a moeda corrente sempre foi o dinheiro sujo. Todo o sistema parece ser financiado pela prática da corrupção. Um vírus convidativo e contagioso.

O perigo de tudo sair do controle cresce assustadoramente, quando o ódio começa ser alimentado. Uma espécie de maná diário. Quando alguém que deveria ser visto como um simples adversário político, se transforma em inimigo mortal. Que muitas vezes, pasmem, merece morrer.

Se o ódio das redes sociais me assusta, meu horror fica ainda maior quando percebo governo e oposição destilando e se alimentando do mesmo maná. O pior é que gostam.