Carta de Um Canalha ao Povo Brasileiro e a Resposta do Editor do Ataque Aberto

Carta aberta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

17/03/2016 20:20

Creio nas instituições democráticas, na relação independente e harmônica entre os Poderes da República, conforme estabelecido na Constituição Federal.

Dos membros do Poder Judiciário espero, como todos os brasileiros, isenção e firmeza para distribuir a Justiça e garantir o cumprimento da lei e o respeito inarredável ao estado de direito.

Creio também nos critérios da impessoalidade, imparcialidade e equilíbrio que norteiam os magistrados incumbidos desta nobre missão.

Por acreditar nas instituições e nas pessoas que as encarnam, recorri ao Supremo Tribunal Federal sempre que necessário, especialmente nestas últimas semanas, para garantir direitos e prerrogativas que não me alcançam exclusivamente, mas a cada cidadão e a toda a sociedade.

Nos oito anos em que exerci a presidência da República, por decisão soberana do povo – fonte primeira e insubstituível do exercício do poder nas democracias – tive oportunidade de demonstrar apreço e respeito pelo Judiciário.

Não o fiz apenas por palavras, mas mantendo uma relação cotidiana de respeito, diálogo e cooperação; na prática, que é o critério mais justo da verdade.

Em meu governo, quando o Supremo Tribunal Federal considerou-se afrontado pela suspeita de que seu então presidente teria sido vítima de escuta telefônica, não me perdi em considerações sobre a origem ou a veracidade das evidências apresentadas.

Naquela ocasião, apresentei de pleno a resposta que me pareceu adequada para​ preservar a dignidade da Suprema Corte, e para que as suspeitas fossem livremente investigada se se chegasse, assim, à verdade dos fatos​.

Agi daquela forma não apenas ​porque teriam sido expostas a intimidade e as opiniões dos interlocutores.

Agi por respeito à instituição do Judiciário e porque me pareceu também a atitude adequada diante das res​ponsabilidades que me haviam sido confiadas pelo povo brasileiro.

Nas últimas semanas, como todos sabem, é a minha intimidade, de minha esposa e meus filhos, dos meus companheiros de trabalho que tem sido violentada por meio de vazamentos ilegais de informações que deveriam estar sob a guarda da Justiça.

Sob o manto de processos conhecidos primeiro pela imprensa e só depois pelos diretamente e legalmente interessados, foram praticado atos injustificáveis de violência contra minha pessoa e de minha família.

Nesta situação extrema, em que me foram subtraídos direitos fundamentais por agentes do estado, externei minha inconformidade em conversas pessoais, que jamais teriam ultrapassado os limites da confidencialidade, se não fossem expostas publicamente por uma decisão judicial que ofende a lei e o direito.

Não espero que ministros e ministras da Suprema Corte compartilhem minhas posições pessoais e políticas.

Mas não me conformo que, neste episódio, palavras extraídas ilegalmente de conversas pessoais, protegidas pelo Artigo 5o. da Constituição, tornem-se objeto de juízos derrogatórios ​sobre meu caráter.

Não me conformo que se palavras ditas em particular sejam tratadas como ofensa pública, antes de se proceder a um exame imparcial, isento e corajoso do levantamento ilegal do sigilo das informações.

Não me conformo que o juízo personalíssimo de valor​es se sobreponha ao direito.

Não tive acesso agrandes ​estudos formais, como sabem os brasileiros. Não sou doutor, letrado, jurisconsulto. Mas sei, como todo ser humano, distinguir o certo do errado; o justo do injusto.

Os tristes e vergonhosos episódios das últimas semanas não me farão descrer da instituição do Poder Judiciário. Nem me farão perder a esperança no discernimento, no equilíbrio e no senso de proporção de ministros e ministras da Suprema Corte.

Justiça, simplesmente justiça, é o que espero, para mim e para todos, na vigência plena do estado de direito democrático.

RESPOSTA DO EDITOR DO ATAQUE ABERTO

Suas palavras e seus atos revelam, durante toda sua jornada de vida pública, que o senhor jamais soube distinguir as verdadeiras atribuições de cada poder. Mais do que isso: o senhor e o seu Partido de Fanáticos sempre se relacionaram com o Poder (como um todo) de forma promíscua. Se a Lei lhes serve, deve ser obedecida; caso contrário, dane-se a Lei. Nas suas administrações, o senhor e seus asseclas, destruíram vidas, liquidaram carreiras, perseguiram funcionários e confundiram o patrimônio público com sua vida privada de tal forma que a Nação inteira encontra-se hoje em ruínas. Os senhores destruíram a Igreja, o Exército e a Universidade. Os senhores corromperam a Juventude, arrasaram tradições, liquidaram famílias...Não há, digo eu, palavras para descrever todos os males que o senhor e sua Organização Criminosa ligada ao Foro de SP produziram. O maior de todos eles foi o roubo da Esperança que um país que sempre confundiu "pobreza" com "honestidade" depositou na sua história de sofrimento pessoal. Foram a caridade e a boa fé de milhões de brasileiros pobres e humildes, identificados com ela, que lhe concederam o mais alto dos cargos da República - a mesma República que o senhor, mais tarde, destruiu.

Justiça será feita, presidente Lula, tanto para nós como para o senhor, com a sua prisão, com a derrubada de Dilma Rousseff e o fim do seu Partido. O que lhe aguarda é a solidão e, mais tarde, a lata de lixo da História do Brasil.

(Milton Pires)

cardiopires
Enviado por cardiopires em 18/03/2016
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